Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
156 - Exorcismo Negro (1974), de José Mojica Marins ****
Em Exorcismo Negro já somos capturados para a atmosfera do filme desde os créditos iniciais com José Mojica Marins deslizando de barco por um rio cercado por vegetação asfixiante e envolto em brumas. É a perfeita junção entre a persona singularissíma do ator e diretor e a fotografia exuberante do mestre Antonio Meliande. Interessante encontro entre criador e criatura, no filme Mojica é ele mesmo, um cineasta cansado de dividir os méritos com sua criatura e por isso brada em alto e bom som em uma coletiva que Zé do Caixão não existe, é uma invenção sua. A queima de um fusível, seguido pela observação de um repórter dizendo que a declaração desagradou ao personagem, é apenas o início de uma série de acontecimentos estranhos e que chegarão ao auge quando Mojica se refugia na casa de campo de uma família de amigos. Sua estadia é para descansar e preparar o novo trabalho, mas seu espírito não encontrará a quietude prometida pelo lugar. Lá ocorrerá uma série de possíveis possessões e que estão fundamentadas em um segredo familiar terrível selado em magia negra. Exorcismo Negro se constrói inicialmente em clima de pesadelo muito mais sugerido que explicitado. E ainda que não cause medo de imediato, apresenta algumas cenas inquietantes como o ataque de Alcione Mazzeo à irmã Ariane Arantes, e a visita de Geórgia Gomide à casa da feiticeira Wanda Kosmo, encravada no meio de mato ameçador. Mas é quando Mojica e Zé do Caixão se encontram em ritual macabro, que o vermelho-sangue mostrado em cenas durante a trama invade a tela e uma missa negra vira palco de torturas, mutilamentos, canibalismo e ranger de dentes. Mojica assiste atônito seu personagem, Zé do Caixão, barbarizando em maldade e sadismo, e essa sequência nos faz relembrar que o mal independe de nós como agentes, que ele sempre esteve em nosso meio e habitando seara própria, bastando apenas o virar de uma chave para que nossos piores pesadelos se tranformem na mais crível realidade. O filme conta no elenco com duas atrizes que parecem ter nascido para os filmes de Mojica com suas personas trágicas e impactantes: as veteranas Geórgia Gomide e Wanda Kosmos. Conta também com ótima atuação mirim da garota Marisol Marins presente em muitas cenas fortes, e a gente fica do lado de cá pensando se aquilo tudo não agitou seus sonhos de criança. Tem ainda o GRANDE Adriano Stuart, que escreveu o roteiro e os diálogos com Mojica, foi assistente de direção, e atua como o noivo prometido. Ariane Arantes, Walter Stuart, Joffre Soares e Marcelo Picchi completam o ótimo elenco.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
156 - Exorcismo Negro (1974), de José Mojica Marins ****
Em Exorcismo Negro já somos capturados para a atmosfera do filme desde os créditos iniciais com José Mojica Marins deslizando de barco por um rio cercado por vegetação asfixiante e envolto em brumas. É a perfeita junção entre a persona singularissíma do ator e diretor e a fotografia exuberante do mestre Antonio Meliande. Interessante encontro entre criador e criatura, no filme Mojica é ele mesmo, um cineasta cansado de dividir os méritos com sua criatura e por isso brada em alto e bom som em uma coletiva que Zé do Caixão não existe, é uma invenção sua. A queima de um fusível, seguido pela observação de um repórter dizendo que a declaração desagradou ao personagem, é apenas o início de uma série de acontecimentos estranhos e que chegarão ao auge quando Mojica se refugia na casa de campo de uma família de amigos. Sua estadia é para descansar e preparar o novo trabalho, mas seu espírito não encontrará a quietude prometida pelo lugar. Lá ocorrerá uma série de possíveis possessões e que estão fundamentadas em um segredo familiar terrível selado em magia negra. Exorcismo Negro se constrói inicialmente em clima de pesadelo muito mais sugerido que explicitado. E ainda que não cause medo de imediato, apresenta algumas cenas inquietantes como o ataque de Alcione Mazzeo à irmã Ariane Arantes, e a visita de Geórgia Gomide à casa da feiticeira Wanda Kosmo, encravada no meio de mato ameçador. Mas é quando Mojica e Zé do Caixão se encontram em ritual macabro, que o vermelho-sangue mostrado em cenas durante a trama invade a tela e uma missa negra vira palco de torturas, mutilamentos, canibalismo e ranger de dentes. Mojica assiste atônito seu personagem, Zé do Caixão, barbarizando em maldade e sadismo, e essa sequência nos faz relembrar que o mal independe de nós como agentes, que ele sempre esteve em nosso meio e habitando seara própria, bastando apenas o virar de uma chave para que nossos piores pesadelos se tranformem na mais crível realidade. O filme conta no elenco com duas atrizes que parecem ter nascido para os filmes de Mojica com suas personas trágicas e impactantes: as veteranas Geórgia Gomide e Wanda Kosmos. Conta também com ótima atuação mirim da garota Marisol Marins presente em muitas cenas fortes, e a gente fica do lado de cá pensando se aquilo tudo não agitou seus sonhos de criança. Tem ainda o GRANDE Adriano Stuart, que escreveu o roteiro e os diálogos com Mojica, foi assistente de direção, e atua como o noivo prometido. Ariane Arantes, Walter Stuart, Joffre Soares e Marcelo Picchi completam o ótimo elenco.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
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