segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Zingu! 52 no ar
A Zingu! 52 está no ar.
O dossiê do mês é sobre Ewerton de Castro (foto), ator fundamental na história do cinema brasileiro. Ewerton repassou sua trajetória em entrevista para Gabriel Carneiro, e tem críticas de 21 filmes, mais filmografia.
Já o especial do mês homenageia o ator, diretor e produtor John Herbert, falecido no ano passado. Tem texto introdutório, críticas de 10 filmes, mais filmografia.
Nas colunas, uma obra e seu tempo por Filipe Chamy; Marcelo Miranda respondendo o Que É Cinema Brasileiro?; Eros, do Khouri, como filme-farol de Ailton Monteiro; uma crônica deliciosa de Matheus Trunk para a musa Neide Ribeiro; e Monique Lafond no Inventário Grandes Musas da Boca.
Tá tudo aqui:
www.revistazingu.net
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
15a mostra de cinema de tiradentes
Embarco hoje à tarde e fico até o dia 29 em Tiradentes para a 15a Mostra.
O tema da Mostra é o Ator em Expansão e o grande homenageado é Selton Mello, que está comemorando 30 anos de carreira - na foto com Vãnia Catani, produtora de seus longas Feliz Natal e O Palhaço.
A 15a Mostra de Cinema de Tiradentes vai exibir, gratuitamente, 116 filmes - 31 longas, 1 média e 84 curtas. A programação apresenta ainda o 15o Seminário de Cinema Brasileiro, formado por 19 encontros da crítica, diretor e público, mais sete debates temáticos. Haverá também atividades como Mostra Aurora, Mostrinha de Cinema, oficinas, exposição, shows, lançamentos de livros e cortejo de arte. Todas as atrações acontecerão no Cine-Tenda, Cine-Praça e no Cine-Teatro.
Da programação de longas, alguns destaques são:
- Hoje, de Tata Amaral
- Augustas, de Francisco César Filho
- Na Carne e na Alma, de Alberto Salvá
- Girimundo, de Helvécio Marins e Clarissa Campolina
- Vou rifar meu Coração, de Ana Rieper
- As Hiper Mulheres, de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro
http://www.mulheresdocinemabrasileiro.com/
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 013
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 012
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
Segundo cobertura da imprensa na época, esse Dores & Amores causou certo mal estar no debate do Festival de Paulínia em 2010. A imprensa teria detestado o filme e o embate entre diretor e jornalistas não foi nada pacífico. Ricardo Pinto e Silva teria se defendido dizendo que quis fazer um filme de diálogo fácil com o público e cuja história – baseada no livro Dores, Amores e Assemelhados, de Claudia Tajes, e na peça Intervalo, de Dagomir Marquezi – mirou foco na superficialidade das relações amorosas atuais. Bom, assistindo, finalmente, ao filme, é quase impossível não ser tomado por um desconforto. Pois o problema aqui é que para falar de superficialidade nas relações, o filme não precisaria, ele próprio, apostar na mesma tal superficialidade. E o uso constante de grafismos, imagens descoladas e ritmo moderninho não ajuda absolutamente em nada para que Dores & Amores decole um pouco e saia do rame rame daquelas fitinhas juvenis bobinhas bobinhas. Há ainda, dentro da história, a encenação de uma novela em que os personagens se miram, mas que na verdade atravanca ainda mais o mostrado e a gente fica se perguntando o tempo todo: mas pra quê isso? A trama fala de uma quase balzaquiana (Kiara Sasso) que sonha encontrar o grande amor e acaba apostando todas as suas fichas em um cara (Márcio Kieling) que conhece no casamento do irmão. Ele por sua vez, não dá conta quando uma relação pode virar amor e aí aborta as possibilidades para ficar zanzando no universo da pegação. Há ainda outros personagens circundantes que transitam pela mesma praia, em que vale mais a troca de parceiros que qualquer outra coisa – Kayky Brito, Carlos Casagrande, Jorge Corrula. A utilização de um elenco não muito manjado ajuda a segurar as pontas um pouco, mas o destaque mesmo fica por conta de Kiara Sasso, a protagonista Julia, que está muito bem em sua personagem; além da beleza estonteante da atriz portuguesa Cláudia Vieira, uma doceira obcecada por Jonas, o personagem de Márcio Kieling. O filme anterior de Ricardo Pinto e Silva, Querido Estranho, já era um tanto problemático em seu resultado. Mas fica a anos-luz quando comparado a esse Dores & Amores.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 011
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
011 – Perdida em Sodoma (1982), de Nilton Nascimento
domingo, 15 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 010
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
010 – O Beijo da Mulher Piranha (1986), de J.A. Nunes
Depois de fazer história na Boca do Lixo e virar sinônimo de muito do que a Rua do Triunfo realizou de melhor – Amadas e Violentadas (1976), Excitação (1977) e A Mulher que Inventou o Amor (1980), Jean Garrett, como outros tantos, também foi parar no sexo explícito. Só que quando uma vez grande, fica um passado difícil de se extinguir feito bola de sabão. E aí, mesmo se valendo de um pseudônimo - J.A. Nunes -, e o novo formato de produção privilegiar mesmo é o entra e sai – aliás, título de um dos seus filmes desta fase - pode-se ver lá o talento incontrolável emergir. Como neste surpreendente O Beijo da Mulher Piranha, do tempo em que o explícito ainda era feito em 35 mm, e, dependendo do realizador, poderia resultar em algo a mais que pura sequência de trepadas. Um ano antes, Hector Babenco dirigiu o sucesso internacional e oscarizado O Beijo da Mulher Aranha, baseado em romance do argentino Manuel Puig. Este Beijo aqui pega carona no título fazendo deliciosa e sacana versão, mas não pensem que fica só nisso não. É como se ele utilizasse apenas o mote fantástico daquela devoradora de machos de lá, e embarcasse a valer naquele universo, mas por conta própria. Garrett constrói, em menos de uma hora e meia, um filme perturbador e de altíssima linhagem. Na trama, um escritor de histórias policiais sai do interior de São Paulo rumo à capital depois de receber pedido de ajuda de um amigo pelo telefone. Seu destino será a casa da enigmática esposa do sujeito, que tem o hábito de se excitar em uma banheira com uma piranha e depois trepar alucinadamente com os homens que cruzam seu caminho. Começa aí um labirinto para o personagem e para nós, que acompanhamos as situações sexuais desenfreadas que acontecem naquela estranha casa onde o horror parece estar submerso e entranhado no cotidiano. Muito bem realizado – as cenas de sexo de Carla Prado com o peixe na banheira são impressionantes -, O Beijo da Mulher Piranha, ainda que com as limitações do gênero, é filme de quem sempre foi grande.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 009
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
009 – De Pernas Pro Ar (2011), de Roberto Santucci
No ano passado, uma meia dúzia de filmes ultrapassou a marca de um milhão de espetadores e fez os esperançosos em uma indústria do cinema brasileiro vingar rir de orelha a orelha – sobretudo os produtores. Mas quando a gente olha mais de perto para alguns desses filmes que chegaram lá, a impressão que fica é a de uma indústria de péssima qualidade. Como é o caso deste De Pernas Pro Ar, de Roberto Santucci. Diretor com passagem interessante pelo cinema policial – Bellini e a Esfinge (2002), Alucinados (2008) -, Santucci caiu de boca na comédia fácil e a vontade de comer foi saciada. Tanto que já anunciaram um De Pernas Pro Ar 2. É filme produzido pela guerreira Mariza Leão, mas se fez tilintar os sinos da bilheteria é ponto baixo em sua cartela. No filme, Ingrid Guimarães é uma workaholic que não tem olhos para o marido nem para o filho, só mesmo para sua ascendente carreira no marketing. Isso faz o cônjuge caretíssimo Bruno Garcia abandonar o lar doce lar no melhor estilo mulherzinha ninguém me ama ninguém me quer. Só que por uma confusão, ela perde o emprego, aproxima-se da vizinha gostosona Maria Paula, e acaba virando sócia dela em um sexshop. E é na loja de cacetes de todos os tamanhos e cores e calcinhas comestíveis que ela vai colocar todo o seu talento de marqueteira e vai descobrir os prazeres do sexo. Tudo, claro, colocando ainda mais em risco a sua sagrada família. De Pernas pro Ar é mesmo um abacaxi. Roteiro caretíssimo que aposta na dobradinha sacanagem x família, em bula que parece escrita mais pelo igreja católica versão renovação carismática do que por qualquer discípulo de Carlos Zéfiro, é comédia que se acha muito mais engraçada do que realmente é – o que pode ser aplicado à sua protagonista. Há até um ou dois momentos que fazem rir, mas são tão previsíveis em fórmula, que logo depois nos envergonhamos de ter conjugado o verbo. Triste ver Cristina Pereira encarnando mais uma vez o estereótipo que o cinema atual lhe impingiu – saudades de Romance de Empregada (1987), de Bruno Barreto, para ficar em um só exemplo de outrora -, e do desperdício do talento da grande Denise Weinberg.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 008
Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2012 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
008 – A Noite dos Bacanais (1981), de Fauzi Mansur
Atualmente, as discussões sobre o projeto Genoma e a utilização das células-tronco marcam presença não apenas em publicações científicas, mas em qualquer noticiário do dia a dia e mesa de bar. Mas lá nos anos 1980, o quente mesmo era discutir sobre o Bebê de Proveta. Afinal, foi ali no finalzinho da década anterior que o primeiro veio ao mundo. Pois você acham que o tema intimidou a Boca do Lixo? Claro que não! Já em 1981, chegava às telas este A Noite dos Bacanais, de Fauzi Mansur. Ênio Gonçalves e Zaira Bueno forma um casal rico que depois de três anos de casamento já saiu da fase do mel para a do feijão com arroz. Insatisfeita com a vida sexual morna, ela propõe a ele que os dois passem a frequentar o swing, prática adotada na roda de seus amigos. Reticente e a contragosto, ele acaba sendo jogado no caldeirão. Já ela, esbalda-se cada vez mais em surubas quentíssimas, com direito à fantasias com mulheres, travestis e curras. Quando ele fala sobre o desejo de ter filhos, ela descarta a ideia, pois não quer ficar disforme e nem se sentir aprisionada. É aí então que ele resolve ter um filho de proveta, prática revolucionária da época, mas acaba se envolvendo também com a mulher que vai desenvolver o rebento, interpretada por Solange Couto. Se a Boca é conhecida por usar títulos apelativos, esse aqui está muito aquém do que se vê na tela. Afinal, não é apenas uma noite, mas noites e dias de bacanais cada vez mais apimentados, com a musa Zaira Bueno se expondo sem nenhum pudor. A Noite dos Bacanais é exemplo perfeito para distinguir o que era pornochanchada e o que não era na produção da Boca do Lixo. Fauzi Mansur até que visitou o gênero, como em O Inseto do Amor, mas restringir seu cinema ao rótulo é de uma tacanhice absurda. De ponta a ponta está sua elegância habitual na direção e na construção de climas, e sem lugar para uso gratuito de estereótipos e preconceitos tão caros ao gênero das pornochanchadas. Aqui, o prazer sexual das mulheres tem vez e elas não são apenas objetos dos homens, são donas de suas vontades. Ou seja, o oposto no gênero, já que a postura libertária vem delas e não deles. E Ênio Gonçalves encarna com brilho e talento esse personagem que permite, sem embates recriminatórios e possessivos, esse novo lugar para homens e mulheres - o que lhe reserva também um papel de modernidade anos-luz á frente dos machistas de plantão. No elenco, além das musas Fátima Maluf, Rosa Maria Pestana e Aryadne de Lima, há de se destacar a presença de Solange Couto, linda e magérrima, muito antes de sua farta e popular Dona Jura imortalizada em novela da televisão.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 007
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
007 – Curral de Mulheres (1982), de Osvaldo Oliveira
Muito já se falou sobre o expediente usado pela Boca do Lixo com os títulos apelativos para suas produções, e que, na maior parte das vezes, nada tinha a ver com seus conteúdos. Bom, esse não é, definitivamente, o caso deste Curral de Mulheres, dirigido por Osvaldo Oliveira. Afinal, há mesmo o tal curral e mulheres tem às pencas: Sandra Graffi, Lígia de Paula, Elys Cardoso, Márcia Fraga, Shirley Benny, Kátia Spencer e Vanessa Alves são algumas delas - só para ficar nas musas mais destacadas da Boca. O tal curral fica em uma fazenda perdida no meio do mato, para onde os traficantes de mulheres interpretados por Maurício do Valle e Elizabeth Hartmann atraem moças com promessas de grana fácil, mas sem revelar o real destino reservado para elas - serem vendidas por muita grana. Se a contragosto a maioria acata sua sina, o mesmo não acontece, sobretudo, com a personagem de Sandra Graffi, que fará de tudo para se libertar. Curral de Mulheres é o tipo de pornochanchada em que toda a ação da trama está desenvolvida para justificar a nudez de suas atrizes e seus roças simulados com um bando de marmanjos tarados. Elizabeth Hartmann, sempre grande atriz de elegância habitual e forte presença, até tenta dar alguma dignidade para sua Helena, mas é mesmo uma batalha inglória com o que tem à disposição no roteiro mal ajambrado de Oliveira e Alfredo Palácios. Roteiro que, aliás, se divide em quase dois filmes, pois lá pelas tantas o inferno das meninas passa a ser não mais os traficantes e sim os perigos da selva e dos garimpos. Oliveira e Palácios colocam ainda em cena um pastor gay dono de garimpo, uma bichinha tralalá, cenas de sexo sem mais nem pra quê com personagens circundantes, e por aí afora. Enfim, um enxerto tão indigesto como o sentimento de paz expresso por Graffi em cena de gran finale, que poderia ter função irônica – já que aquele casal formado pode ser mais um nos moldes dos traficantes -, mas cujo resultado só faz incômodo pela má carpintaria.
domingo, 8 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 006
Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2012 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
Daniel Filho é hoje braço poderoso da Globo no cinema, para muitos sinônimo da Globo Filmes. Já durante as décadas de 1970 e 80, foi o todo poderoso da TV Globo, responsável pela área da teledramaturgia formada por novelas, minisséries, especiais, séries, seriados e também por alguns programas musicais. Este O Casal é dessa fase primeira, época em que na TV dirigia o megassucesso Pecado Capital (1975), de Janete Clair. Se hoje, Daniel Filho é acusado, nem sempre justamente, de imprimir uma estética televisiva no cinema via Globo filmes, o mesmo jamais poderia ser dito sobre O Casal. Há cinema ali. A história é uma adaptação, assinada por Oduvaldo Vianna Filho e Daniel, da peça do primeiro, Enquanto a Cegonha não vem. José Wilker e Sônia Braga formam um casal que vivencia as dores e delícias da espera de um filho. Ele é um professor de história às portas do teste de mestrado que tem que mudar sua rotina com a chegada do filho, a fim de faturar mais grana para dar conta do recado. E, mais que isso, como ele próprio diz, ter que virar “hominho”. Já ela é uma romântica, que ainda que perceba que as coisas não estão fáceis, não abre mão de alguns desejos burgueses. Daniel Filho dirige bem essa terna história, que é cara dos textos sobre a classe média escritos por Vianninha. Não é um grande filme, mas tem força principalmente na carga emocional impressa pelos seus atores. Quando Jack Nicholson resolve parar de ligar o piloto automático, deixar de lançar mão de suas caretas e atuar de verdade como nos bons tempos, ele mostra do que é capaz – como fez, por exemplo, em Melhor é Impossível (1997), de James L. Brooks. O mesmo acontece com José Wilker, que tem o primeiro como ídolo. Há muito, Wilker parece usar o mesmo piloto automático e o mesmo repertório de caretas. Mas quando quer ser o grande ator que é não sobra para ninguém, como fez em O Maior Amor do Mundo (2006), de Carlos Diegues. O Casal é da fase em que sua maestria era constante, tanto na TV – Gabriela (1975), de Walter George Durst, quanto no cinema – Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto. E ele arrasa como o inseguro Giacometti. Já sobre Sônia Braga virou um clichê descrevê-la como uma força da natureza. Mas é quase mesmo impossível não nos vir essa associação vendo-a em cena, esbanjando carisma e emoção à flor da pele. Há que se destacar também o elenco coadjuvante, sobretudo as presenças de Antonio Pedro e Betty Faria - linda -, na época casada com Daniel.
sábado, 7 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 005
Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2012 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
005 – As Panteras Negras do Sexo (1983), de Ubiratan Gonçalves
Em tempo: como assinalou o amigo Sergio Andrade nos comentários, tinha faltado registrar a presença do então jogador Serginho Chulapa no texto. No filme, ele também faz um jogador, que é irmão da moça assassinada. É o protagonista, mais pela fama que pela importância de seu personagem en cena, já que o que vale ali é conjunto.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 004
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
004 – Bacanais na Ilha das Ninfetas (1982), de Osvaldo Oliveira
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 003
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 – 72 filmes)
003 – Sonhos de Menina Moça (1988), de Tereza Trautman
Uma olhada rápida no elenco deste Sonhos de Menina Moça faz a gente logo pensar que seja um filme de Walter Hugo Khouri – ainda que fosse improvável que o mestre usasse um título assim. É porque o desfile de deusas na tela é impressionante. Vejam só: Tonia Carrero, Louise Cardoso, Marieta Severo, Selma Egrei, Monique Lafond, Xuxa Lopes, Zezé Motta, Íris Bruzzi, Norma Blumm, Gabriela Alves, Flávia Monteiro, Angela Figueiredo, Dóris Giesse. Mas não, é filme da cineasta paulista radicada no Rio de Janeiro desde os anos 1970, Tereza Trautman. Aliás, foi em terras cariocas que a cineasta dirigiu um marco feminino dos anos 70: Os Homens que Eu Tive – idealizado para Leila Diniz, mas protagonizado por Darlene Glória depois da trágica morte de Leila. Não só pela temática, que falava dos anseios da mulher moderna, mas por também ser longa pioneiro de uma diretora naquele momento, já que até os anos 60 apenas seis mulheres tinham chegado a conduzir um filme no formato. Portanto, Tereza Trautman tem mesmo o que dizer, e, melhor, sabe como fazê-lo ao se debruçar sobre esse universo - é ela que também assina o argumento e o roteiro. Aqui, ela mira sua lente para uma família chefiada pela matriarca belamente interpretada por Tonia, que se reúne para uma grande despedida, já que aquele será o último dia de permanência de todos na mansão, que fora vendida. Abre-se palco então para o despertar de memórias, rancores, frustações, amores mal resolvidos, traição, drogas e casamentos assim assim. Algumas palavras, verbos e dizeres se tornaram verdadeiros clichês esvaziados pelo uso constante e sem peias, como "comunidade", "instigar" e “no tempo da delicadeza”. Mas ainda que seja armadilha anunciada, é impossível não pensar nesse tempo delicado que a cineasta construiu para soltar suas feras na arena. Todos os sentimentos, fortes ou leves, estão lá, mas há uma ternura impregnada em sua lente que nos faz olhar para aquilo tudo como se estivéssemos mesmo folheando álbuns de retratos ou assistindo filmes Super-8 caseiros, como os personagens fazem. Só que jamais sem exalar mofo ou tempo estagnado. Os personagens de Trautman pulsam, e ainda que seus desejos e temores sejam, afinal, em grande parte, sentimentos burgueses, nunca deixa de ser interessante olhar para aquela paleta de cores que ela desenhou e descortina à nossa frente.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 002
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(2m 2011 – 72 filmes)
002 – Passaporte para o Inferno (1976), de J. Marreco
Não é só o cinema americano que gosta de filmes de perseguição. Em sua história, vez ou outra, o cinema brasileiro também dá as caras nesse subgênero. Exemplos: os bacanas Arara Vermelha (1957), de Tom Payne, e Fêmeas em Fuga (1984), de Michele Massimo Tarantini. Só que em Passaporte para o Inferno, o cineasta J. Marreco se equivocou terrivelmente. O problema maior está no roteiro, também assinado por ele. Vejam só: quatro bandidos perigosos escapolem da prisão, e o presídio, ao invés de acionar a polícia, chama um caçador de fugitivos para capturar os tais. Em meio a isso, uma patricinha briga com o pai dominador, termina com o noivo babão e parte em teco teco para integrar equipe de faculdade no melhor estilo Projeto Rondon – um convite tentador à aventura para quem foi estudante nos anos 1970 e 80. Só que lá pelas tantas o avião pifa, o piloto, que tem que fazer pouso forçado, morre, e resta ela, que fica ferida. Agora imaginem onde ela caiu? Claro, justamente no caminho dos bandidões. Pronto, está aí a trama do filme. Bom, mesmo com esse rame rame, daria para fazer algo bacana se o roteiro de Marreco não enfrentasse a história com bocejos sem fim. O caçador poderia ser o cão, pois é personificado por Jonas Melo, um ator que tem perfil para ser um temido capitão do mato. Só que o que ele faz o filme inteiro é seguir a trilha dos moços sem erro, como se eles, feito Joãozinho e Maria, deixassem bagos de milho sinalizando o caminho; chegar aos locais sempre depois do bando; e ficar ligando para a central que o contratou para dar notícia de tudo o que acontece. Ou seja, ação quase zero. Já os bandidões – Cazarré, Gilberto Sávio, Darcy Silva e Walter Prado - personificam os clichês de sempre, ainda que Marreco queira lhes dar uma certa identidade: o líder é chamado de Profeta, pois vive com a bíblia debaixo do braço, bastando ouvir o nome santo de Deus em vão para disparar sua garrucha; um é o estuprador sacana; outro faz cara de bom moço e, quando baleado, tornar-se estorvo para o bando; e o último um aloprado que ri o tempo todo de tudo e de todos. Um detalhe perturbador: eles nunca parecem sentir fome ou sede, pois são capazes de jogar as latas de leite fora sem sequer conferir se tem líquido lá dentro; chegam a um rio depois de longa caminhada, mas não se atiram na água para beber ou se refrescar. Já a mocinha é a musa da Boca, Fernanda de Jesus, que sem mais pra quê é capaz até de chorar com a morte deles. Enfim, tudo muito frouxo nesse filme do cineasta que vinha do comenatado A Carne (1975) e logo depois faria o bacana Emmanuelle Tropical (1977), respectivamente com as deusas Selma Egrei e Monique Lafond.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2012 - 001
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
(em 2011 - 72 filmes)
Suzana Flag foi o pseudônimo que Nelson Rodrigues usou para escrever folhetins para mulheres nos jornais diários dos anos 1940 e 50. Mas não esperem apenas amores melodramáticos vencendo barreiras aparentemente intransponíveis para garantia do final feliz. Claro que eles estiveram lá, pois amores assim e finais felizes idem sempre foram a base de todo folhetim que se presta – e estão aí até hoje nossas telenovelas para continuidade ao legado. Só que nos romances de Flag, nos entornos das histórias, também estavam garantidos lugares para obsessões, matriarcas egoístas, disputas familiares, sentimentos extremados. Meu Destino É Pecar é dos grandes sucessos da pena de Flag, por duas vezes adaptados para o audiovisual: virou filme e virou minissérie. A minissérie foi ao ar em 1984 na TV Globo, adaptado com brilho por Euclydes Marinho. Lucélia Santos foi a protagonista Leninha, em elenco estelar em que se destacavam ainda Tarcísio Meira, Marcos Paulo e Esther Góes. Aliás, a década de 80 foi de ouro para a dobradinha Lucélia/Nelson, pois a atriz esteve em mais três filmes baseados na obra do escritor: Engraçadinha (1981), de Haroldo Marinho Barbosa, Bonitinha, mas Ordinária (1981) e Álbum de Família (1981), ambos de Braz Chediak – e nos quatro trabalhos sempre com talento gigante. Só que antes, muito antes, Meu Destino É Pecar chegou aos cinemas em produção da Maristela, em 1952. Dirigido por Manoel Pellufo, o filme é protagonizado por Antoniette Morineau – uma das estrelas do estúdio paulista -, mais Rubens de Queiróz como Paulo, Alexandre Carlos como Maurício, e Zilah Maria como Lídia. É curiosa essa adaptação, que dilui bastante os entreveros do folhetim, mas consegue impregnar uma certa ambiência doentia em sua história. Pena que tenha contado com atores fracos para dar vida a personagens tão marcantes, salvando apenas a musa Morineau, que não faz feio com sua Lena. Já Zilah Maria perde a chance de emplacar sua Lídia – a personagem mais interessante da história -, compondo de forma exteriorizada a mulher obcecada pela cunhada Guida, que havia sido morta estraçalhada pelos cães da casa. Faz sentir saudades de Esther Góes, que arrasou na minissérie impregnando ambiguidade sexual em sua doente obsessão.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
longas brasileiros em 2011
Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2011 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
001 - O Gerente, de Paulo César Saraceni
002 - Elza, de Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldin
003 - VIPs, de Toniko Melo
004 - Malu de Bicicleta, de Fávio Tambellini
005 - A Alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande
006 - Brasil Animado, de Mariana Caltabiano
007 - Enchente, de Julio Pecly e Paulo Silva
008 - Remissões do Rio Negro, de Erlan Souza e Fernanda Bizarria
009 - Sertão Progresso, de Cristian Cancino
010 - Olhos Azuis, de José Joffily
011 - Santos Dumont - Pré-Cineasta?, de Carlos Adriano
012 - Os Monstros, de Guto Parente, Luiz Pretti, Ricado Pretti e Pedro Diógenes
013 - Riscado, de Gustavo Pizzi
014 - Vigias, de Marcelo Lordello
015 - Transeunte, de Eryk Rocha
016 - Eu e meu Guarda-chuva, de Toni Vanzolini
017 - O Céu Sobre os Ombros
018 - Ex-Isto, de Cao Guimarães
019 - Flordelis - Basta uma palavra para mudar, de Marco Antonio Ferraz e Anderson Corrêa
020 - A Família do Barulho - Julio Bressane
021 - Finis Hominis, de José Mojica Marins
022 - O Grande Palhaço, de William Cobbett
023 - O Enterro da Cafetina, de Alberto Pierealisi
024 - A Filha de Madame Betina, de Jece Valadão
025 - Angela, de Tom Payne
026 - Uma Aventura aos 40, de Silveira Sampaio
027 - Caingangue - A Pontaria do Diabo, de Carlos Hugo Christensen
028 - Casinha Pequenina, de Glauco Mirko Laurelli
029 - Meus Homens, Meus Amores, de José Miziara
030 - A Herança dos Devassos, de Alfredo Sternheim e César Cabral
031 - Corpos Quentes, De Alfredo Sternheim
032 - Orgasmo Louco, de Alfredo Sternheim
033 - Sexo Doido, de Alfredo Sternheim
034 - Sexo, Sua Única Arma, de Geraldo Vietri
035 - Adultério por Amor, de Geraldo Vietri
036 - Ninguém Segura Essas Mulheres, de Anselmo Duarte, Jece Valadão e José Miziara
037 - Tchau, Amor, de Jean Garret
038 - O Paõ que o Diabo amassou, de Maria Basaglia
039 - Coisas Eróticas, de Raffaeli Rossi
040 - Viagem ao Céu da Boca, de Roberto Mauro
041 - O Menino e o Vento, de Carlos Hugo Christensen
042 - Sete Dias de Agonia, de Denoy de Oliveira
043 - Em Família, de Paulo Porto
044 - Quando as Mulheres Querem Provas, de Claudio MacDowell
045 - Xica da Silva, de Carlos Diegues
046 - Rico Ri à Toa, de Roberto Farias
047 - O Corte do Alfaiate, de João Castelo Branco Machado
048 - Redenção, de Roberto Pires
049 - Malditos Cartunistas, de Daniel Garcia e Daniel Paiva
050 - O Homem do Sputnik, de Carlos Manga
051 - Forever, de Walter Hugo Khouri
052 - Paixão Perdidia, de Water Hugo Khouri
053 - Um Certo Capitão Rodrigo, de Anselmo Duarte
054 - Cordélia, Cordélia..., de Rodolfo Nanni
055 - Patriamada, de Tizuka Yamasaki
056 - Fora das Grades, de Astolfo Araujo
057 - Seu Florindo e Suas Duas Mulheres, de Mozael Silveira
058 - Matou a Família e Foi ao Cinema, de Julio Bressane
059 - Mágoa de Boiadeiro, de Jeremias Moreira Filho
060 - O Máu Caráter, de Jece Valadão
061 - Estou com Aids, de David Cardoso
062 - Cinema de Lágrimas, de Nelson Pereira dos Santos
063 - O Palhaço, de Selton Mello
064 - País do Desejo, de Paulo Caldas
065 - Meu País, de André Ristum
066 - Os Residentes, de Tiago Mata Machado
067 - Sagrada Família, de Sylvio Lanna
068 - As Armas, de Astolfo Araujo
069 - O Quarto, de Rubem Biáfora
070 - Cada um dá o que tem, de Adriano Stuart, John Herbert e Sílvio de Abreu
071 - Rádio Pirata, de Lael Rodrigues
072 - A Noite das Fêmeas, de Fauzi Mansur