sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

alice e aline



Elas têm nomes parecidos, suas tramas são situadas em São Paulo, e são duas das melhores atrações que a televisão exibiu em 2008:

- A série Alice, da HBO, e o especial Aline, da Globo.

Curiosamente, todas as duas atrações têm gente de cinema em posto-chave.

Alice é um projeto que reúne nomes como os cineastas Karim Ainouz, Sérgio Machado e Felipe Bragança.

Já Aline, foi dirigido pelo cineasta Maurício Farias.

Alice é centrado na personagem da atriz Andréia Horta, que brilha em um elenco espetacular - Regina Braga, Denise Weimberg, Walderez de Barros, Juliano Cazarré, Gabriele Lopes.

Já Aline é personificado com leveza por Maria Flor, que divide a cenas com seus dois amigos e namorados interpretados muito bem por Pedro Neschling e Bernardo Marinho - mais ótimas participações de Daniel Dantas e Malu Galli.

A melhor notícia é que Aline vai virar mesmo série nesse ano, e já há negociações para uma segunda temporada de Alice.

Êba!

série grandes atores (4)


Sergio Hingst.


É impressionante a disponibilidade que esse ator tinha para o cinema - era essencialmente cinematográfico e fez mais de 100 filmes.

E melhor, sempre de forma impecável.

Sergio Hingst trafegou por diferentes fases do cinema nacional e atuou em filmes de cineastas das mais diversas linhagens - Vera Cruz, Cinema Marginal e Pornochanchada; Walter Hugo Khouri, Rubem Biáfora, Ozualdo Candeias, Carlos Coimbra, Cláudio Cunha, e muitos outros.

Na foto, com a deusa Kate Hansen em A Noite das Fêmeas, de Fauzi Mansur.

chapar o melão


O fim de semana promete.
Desde criança gosto de carnaval, e a programação está perfeita.

Hoje tem o tradicional Baile dos Artistas, que acontece há cerca de 20 anos, mas como uma das organizadoras morreu, correu risco de não acontecer. Eu já vou há uns 10.

Amanhã tem a Banda Mole, também tradicionalíssima em BH. Ainda que esteja ficando menos interessante a cada ano e ter diminuído seu trajeto - é carnaval de rua, com trio elétrico - acho impossível não ir.

E para completar, ainda amanhã terá também mais um edição da Festa Ploc, dessa vez com Gretchen, Simmony, Paquitas e Blau Blau - não perco de jeito nenhum.

contratempo


Entrou em cartaz hoje Contratempo, estréia na direção em longas da atriz Malu Mader, que co-dirige com Mini Kert, da Conspiração Filmes.

Ainda que não haja maiores achados cinematográficos, a força em Contratempo está na concepção, em derivar-se do grupo, que é a orquestra - o filme é sobre jovens músicos do projeto social Villa-Lobinhos, no Rio de Janeiro -, para as histórias individuais.

Tá, essa escolha não deixa de ser óbvia, mas é aí que as diretoras se deram bem, porque as histórias dos garotos são sensacionais - e dentre eles têm os gêmeos, sendo que um deles é uma peça, é naturalmente engraçado; um outro que foi adotado por um francês, para depois ser abandonado novamente - é o que mais me impactou (ainda que ele, e nem o filme, jamais transformem isso em melodrama); e um ex-aluno do projeto em que o drama e o riso se equilibram.

Malu Mader contou na entrevista na última Mostra de Cinema de Tiradentes, em janeiro, que sempre quis dirigir um filme, e que Tony Belloto, seu marido, vivia lhe avisando "olha, você já chegou aos 30 anos", "olha, você já chegou aos 40".

Malu contou também que a vontade maior era dirigir ficção - fez isso em um curta de quatro minutos com Thiago Lacerda e Dayse Lucidi, mas quer mesmo é fazer um longa.

Tomara que consiga, pois a paixão é verdadeira - a cada momento em que se alongava sobre a nova carreira, seu rosto se iluminava.

Já disse aqui também que ela foi maravilhosa com a imprensa em Tiradentes, né? Foi profissionalíssima, atenciosa e sem ser arrogante ou subserviente. Vocês podem até dizer "mas é obrigação"; mas digo-lhes com 20 anos de jornalismo nas costas "quase nunca é assim".

Malu Mader está agora para mim ao lado de Glória Pires no grupo em que considero show de bola - tive a oportunidade de trabalhar com a Glória e também fiquei fascinado pela maravilha que ela é, além da ótima atriz que todos já conhecem.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

série grandes filmes



Paisagem na Neblina,
de Theo Angelopoulos.

De doer de tão bonito.

E a melhor definição foi da crítica Susana Child, na época do lançamento:
"Em Paisagem na Neblina,
o abraço tem o tempo de um abraço".

Voula, Orestes e Alexander.

Inesquecíveis!

a nível de


Já me perguntaram o porquê do nome Insensatez.
Pois aí vão algumas possibilidades:


1 - Desde que criei o blog, já sabia que ia misturar Tiririca com Romy Schneider, com Lacraia, com Bergman, com Isabelle Adjani, com Vanusa...
Sou MESMO caldo de tudo isso.

E daí já adivinhava que alguns iam dizer:
- Nossa, que mistureba, que lesado!
E eu que não vejo insensatez nenhuma nisso, racho os bicos.


2 - Mas ainda pensando numa possível insensatez.
Não sou contra o politicamente correto, acho que as pessoas têm mesmo que dizer abuso sexual de crianças e não prostituição infantil - afinal, crianças são abusadas, não têm tal poder de decisão.
Mas ainda assim, as pessoas estão caretas demais, sensatas demais, hipócritas demais, blasês demais.

Por isso, prefiro enfiar um tanto de Dionísio nesse falso banquete Apolíneo.


3 - Foi incontornável a derivação insetos de insensatez.
Para quem acha insensato, eu pergunto:

- nós todos dos blogs, polvos, passarins, kinos e etc não ficamos mesmos feitos insetos em volta dessa lâmpada fugidia que é a cultura? - esses outros mais no cinema, e aqui num verdadeiro caldeirão das massas.
Isso tudo não é por demais insensato?


4 - E de quebra, Insensatez (Tom e Vinícius) é minha música predileta de toda a MPB.
A tenho em várias versões em casa: com o Tom, Gal, Nara, Sting, Clara, Takai, Vaughan, Roberto, Nana, Emílio, Sinatra...

série deusas (5)


Nastassja Kinski.



Nu!!!

só as cachorras


Adoro o funk carioca.

E se já fiquei com inveja de algum personagem, foi o da Mariana Ximenez em O Clone, em que ela fazia todas aquelas danças e se eslbaldava nos bailes - ainda que fossem cenográficos.

E adoro os nomes:
- Tati Quebra Barraco
- Dayse Injeção
- Lacraia

Aliás, já assistiram Sou Feia, Mas Tõ na Moda?
Não?
É ótimo!

Tenho muita vontade de ir a um baile funk, mas desses do morro mesmo, e não em festa de bacana.

Eu tenho até uma certa ginga na cintura e no pé,
mas a vontade mesmo é a de saber dançar como as cachorras.

série grandes novelas (4)


Se perguntarem quais são as minhas 10 novelas prediletas, Estúpido Cupido estaria com certeza na lista.

Gostava de tudo nessa novela, que assisti quando tinha 13 para 14 anos.

Gostava do Mederiques (Ney Latorraca), da Maria Teresa (Françoise Fourton), da Madre Superiora (Ida Gomes), do Caniço (João Carlos Barroso), do Belchior (Luiz Armando Queiróz), da Irmã Angélica (Elizabeth Savalla), da Olga (Maria Della Costa), do Guima (Leonardo Villar), da Ciça (Sônia de Paula),

e, sobretudo,

gostava da Glorinha (Djenane Machado), da Daquinha (Vic Miltello), e da dupla de fofoqueiras impagáveis Danadinha (Celia Biar) e Papudinha (Kléber Macedo).

Já não se faz nem novela nem personagens como esses.
Acho até que nem o autor, Mário Prata, consegue mais.

E a trilha sonora?
"era um biquini de bolinha amarelinho"...

Must!

madeleine


A Som Livre está fazendo 40 anos - ou seja, nasceu em 1969, época de linha dura da ditadura, como da própria emissora que a criou e que bebeu fartamente das benesses do tenebroso poderio.

Como se sabe, a Som Livrre é a gravadora, dentre outras coisas, das trilhas sonoras das novelas da Globo.
E como já disse por aqui que era noveleiro, é incrível como certos símbolos marcam a memória afetiva da gente.

Quando olho, por exemplo, esse selo verde e azul que vinha impresso no centro dos velhos vinis, minha mente faz que nem na canção do Lupicínio e vai lá pra detrás do mundo.

É a minha Madeleine.

E aí me lembro de medos da infância - mas também de muita farra jogando bente altas; de inquietações sexuais da pré-adolescência; de amores platônicos, proibidos e secretos pela vizinhaça; de pegações atrás da cortina; e etc etc etc

Tatit


Tem uma turma de artistas paulistas que é mesmo da pesada, como Luiz Tatit, Dante Ozzetti, Ná Ozzetti, José Miguel Wisnik, Mônica Salmaso.

Tanto as composições como a forma de cantar são muito particulares.

E tem coisas bacanérrimas, como esses versos de Luiz Tatit na música Companheira, na voz de Zélia Duncan, que ouvi hoje de manhã na rádio:

"de repente a vida ganhou sentido
companheira assim nunca tinha tido
o que fica sempre é uma coisa estranha
é companheira que não acompanha"

Não é genial?

Vejam a letra toda. Um primor!

A Companheira
Composição: Luiz Tatit

eu ia saindo, ela estava ali
no portão da frente
ia até o bar, ela quis ir junto
"tudo bem", eu disse
ela ficou super contente
falava bastante,o que não faltava era assunto
sempre ao meu lado,
não se afastava um segundo
uma companheira que ia a fundo

onde eu ia, ela ia
onde olhava, ela estava
quando eu ria, ela ria
não falhava

no dia seguinte ela estava ali
no portão da frente
ia trabalhar, ela quis ir junto
avisei que lá o pessoal era muito exigente
ela nem se abalou
"o que eu não souber eu pergunto"
e lançou na hora mais um argumento profundo
que iria comigo até o fim do mundo

me esperava no portão
me encontrava, dava a mão
me chateava, sim ou não?
não

de repente a vida ganhou sentido
companheira assim nunca tinha tido
o que fica sempre é uma coisa estranha
é companheira que não acompanha

isso pra mim é felicidade
achar alguém assim na cidade
como uma letra pra melodia
fica do lado, faz companhia

pensava nisso quando ela ali
no portão da frente
me viu pensando, quis pensar junto
"pensar é um ato tão particular do indivíduo"
e ela, na hora "particular, é? duvido"
e como de fato eu não tinha lá muita certeza
entrei na dela, senti firmeza

eu pensava até um ponto
ela entrava sem confronto
eu fazia o contraponto
e pronto

pensar assim virou uma arte
uma canção feita em parceria
primeira parte, segunda parte
volta o refrão e acabou a teoria

pensamos muito por toda a tarde
eu começava, ela prosseguia
chegamos mesmo, modesta à parte
a uma pequena filosofia

foi nessa noite que bem ali
no portão da frente
eu fiquei triste, ela ficou junto
e a melancolia foi tomando conta da gente
desintegrados, éramos nada em conjunto
quem nos olhava só via dois vagabundos
andando assim meio moribundos

eu tombava numa esquina
ela caía por cima
um coitado e uma dama
dois na lama

mas durou pouco, foi só uma noite
e felizmente
eu sarei logo, ela sarou junto
e a euforia bateu em cheio na gente
sentíamos ter toda felicidade do mundo
olhava a cidade e achava a coisa mais linda
e ela achava mais linda ainda

eu fazia uma poesia
ela lia, declamava
qualquer coisa que eu escrevia
ela amava

isso também durou só um dia
chegou a noite acabou a alegria
voltou a fria realidade
aquela coisa bem na metade

mas nunca a metade foi tão inteira
uma medida que se supera
metade ela era companheira
outra metade, era eu que era

nunca a metade foi tão inteira
uma medida que se supera
metade ela era companheira
outra metade, era eu que era

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

baccara


Ainda que tenha um site do qual me orgulho muito- o Mulheres do Cinema Brasileiro, minha paixão maior na internet está nos blogs. Leio diariamente vários.

Mas a grande e maravilhosa surpresa foi encontrar ontem à noite essas moças aí acima no Chip Harzard do Alpendre.

Alpendre diz:
"- gosto da tristeza que passa por tudo que foi feito nos anos 1970. Quase tudo, que seja. Vejam qualquer clipe da Disco, tirando Village People, claro. Existe tanta tristeza por trás daqueles olhares brilhantes, tanta frustração escondida sob o ritmo sacolejante... é muito encantador, de verdade. Vejam o clipe de "Yes Sir I Can Boogie", da dupla de mulheres Baccara, para entender":
http://www.youtube.com/watch?v=KGuFn0RPgaE

Que descoberta!
Dancei muito essa música listada pelo blog na época Disco.
E olhando pelos olhos do Alpendre, consegui ver a tristeza que ele vê.

Clássico absoluto!

karim


Como somos pós-tropicalistas, vira e mexe ouço esnobes dizendo que adoram Caetano e Calcanhoto cantando músicas bregas ou mesmo que amam a Gretchem, Paquitas e o Biafra, mas só na Festa Ploc.

Bocejo para essa gente.

É por isso que admiro tanto Karim Ainouz.
Ele, parece-me, realmente vê beleza na arte desses cantores populares. Como vê nas músicas da Diana, e daí não foi só uma escolha tropicalista selecioná-la para o O Céu de Suely.

Como já o vi também no Canal Brasil dizendo que adora as pornochanchadas.

Percebo que esse universo faz parte dele, não é apenas um olhar de fora.

O mesmo acontece comigo.
Que na adolescência ficava anotando todos os domingos a parada da extinta Rádio Atalaia AM, de BH, que ia lá da 60ª posição até chegar ao primeiro colocado.

E nesse trajeto vinha de tudo: Beatles, Carmen Costa, Simon & Garfunkel, Genival Lacerda, Bee Gees, Roberto Carlos, Barbra Streisand e B.J. Thomas.

Sou feito disso tudo.
E acho que o Karim também.

série prólogos, aberturas e sequências favoritas (4)


Amo O Céu de Suely, de Karim Ainouz.
E desde a abertura.

Nela, vemos um casal desfocado filmado em câmera de vídeo e em imagem granulada.

Mas se a imagem é bonita, arrebatamento maior vem com a música inesperada. Nada mais, nada menos que Tudo que eu tenho, com Diana, cantora de grande repercussão popular na década de 70 e rotulada pelos esnobes de brega.

"tudo que eu tenho meu bem é você
sem teu carinho eu não sei viver
volte logo, meu amor".

Maravilhosa escolha desse que é meu predileto entre os diretores de longas revelados na Retomada, ao lado de Beto Brant, Tata Amaral e Eliane Caffé.

Essa abertura de "O Céu de Suely" é acachapante.

E nos prepara para a beleza de filme que veríamos e para o furacão chamado Hermila Guedes.

Inesquecível!

vera


Tenho o maior respeito por Luiz Mott e o Grupo Gay da Bahia, como de outras organizações similares.

Mas se tenho uma bronca com o Mott é a perseguição ferrenha que ele fez à Vera Verão de Jorge Lafond e sua "quase mulher", acusando-a de prestar um desserviço à causa gay e reforçar estereótipos.

Entendo a posição dele, mas nunca concordei.
Vera Verão era uma artista.

E ainda que ele via só reforço de estereótipo nela, eu via muito mais, via alegria, via deboche, via sacanagem, via liberdade.

Sempre gostei, mesmo porque acredito piamente que só podemos ser o que somos porque muitas veras verões, como também os militantes (claro!), foram para a rua se servirem de bucha de canhão.

Cada um luta da sua forma, do seu jeito e do seu tamanho.

união civil


Em coletiva de lançamento do 5º cruzeiro de Emoções em Alto Mar, Roberto Carlos disse ser a favor da união civil entre gays.

Eu que sou fã de carterinha do Rei, me enchi de orgulho.

E como já disse Caetano Veloso:
- "É bom saber quem a gente chama de rei".

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

série deusas (4)


Silvana Mangano.


Nu!!!

saga


E a saga de ir ao cinema continua.

Ontem, na sessão de Verônica, estava todo feliz porque o cinema estava bem vazio - apesar de achar péssimo para o cinema nacional - e os poucos caboclos e caboclas estavam espalhados pela sala, com seus baldes de pipocas e celurares fosforescentes.

Mas eis que chega um negão bonito, senta na minha frente, e tira da bolsa um desses aparelhos tecnológicos que nem sei o nome - pois ainda sou do tempo do telex - e não é que fica assistindo show da Amy Winehouse em plena sala de cinema???

Vi todos os traillers com o som irritante do aparelho - não da Amy, que adoro - porque apesar do fone, o som escapava dos ouvidos do dito. E mesmo quando começaram os créditos, que saõ bem legais, a Amy ainda estava gritando e aquela luz do visor estatelando.

Bufei, pensei, com tremenda preguiça, em me mudar de lugar, mas ele por fim desligou o aparelho e guardou na bolsa.

Mas é claro que uma pequena irritação já tinha se infiltrado em mim e só foi findando à medida em que corria com André Beltrão e seu rebento.

cinema de gênero


Adoro cinema de gênero.

No americano, por exemplo, tenho preferência pelo thriller.

No Brasil, cineastas como Roberto Farias, Antônio Calmon e Jece Valadão são feras no cinema policial - e gosto também daqueles que ainda hoje se dedicam a esse tipo de filme, como José Jofily.

Daí que Verônica, de Maurício Farias, é muito mais que bem-vindo, pois filmes policias, de terror e de aventura não marcam ponto em nossas telas como deveriam.

E ver Andréa Beltrão correndo de bandido e de polícia com o filho involuntário a tiracolo já ganha minha atenção pela aposta.

Mas me respondam:
- Por que os cineasta acham que têm que explicar o que já está mais que claro e aí lançam mão de horripilantes narraticas em off?

Pois é, em Verônica Maurício Farias faz isso e quase destrói em mim a boa impressão que vinha tendo do filme, desde os créditos de abertura espertos e deliciosos.

as vitrines


Nunca fui muito chegado à coletâneas, pois sempre gostei do lado B dos discos.

Mas se há uma que não sai do meu sonzinho pouco potente é aquela de cinco volumes do Chico Buarque com nomes mais que óbvios, mas que me agrada - o trovador, o político, o cronista etc.

Inda mais que tem a música mais linda e que mais adoro desse petardo que é esse compositor.

Estou falando de As Vitrines.

Êta música linda, sô!

E adorava assistir a novela Sétimo Sentido da Janete Clair só para ver aquelas caras e bocas de Regina Duarte em dose dupla como Luana Camará e Priscila Capricce na abertura inpiradíssima.

rubros de adélia rita ana patricia


Tive a oportunidade de fazer a assessoria de imprensa do lançamento do espetáculo Rubros: Vestido - Bandeira - Baton, da Cia Bárbara, no ano passado.

Digo mesmo oportunidade porque adoro esse espetáculo escrito inspiradamente pela Adélia Nicoletti, dirigido com brilho pela Rita Clemente e interpretado com garra pelas ótimas atrizes Ana Régis e Patrícia Reis.

Rubros; Rainha (s) - Duas Atrizes em Busca de um Coração, da Cibele Forjaz; e o projeto Leitura Clara, que a Cia Clara - da qual faço parte- fez no ano passado com grupos de pesquisas diversas em BH foram o must de 2008 para mim no teatro.

E o melhor, Rubros está de volta ao cartaz na mastodôntica - para o bem e para o mal - Campanha de Popularização do Teatro e da Dança, em BH.
Quem não viu Rubros deveria correr para ver.

Em tempo: a indicação é puramente artística. Não estou trabalhando nessa temporada.

como era gostoso o nosso cinema


Pornochanchada é um gênero que eu adoro no cinema brasileiro - não à tôa o Canal Brasil batizou o programa que as exibe de Como Era Gostoso o nosso Cinema.

Só que é uma das fases do cinema nacional em que as pessoas mais confudem lé com cré - Andrea Ormond escreveu no obrigatório Estranho Encontro um artigo rico sobre o assunto.

Mas quer ver mais?

Vivo lendo declarações de gentes diversas, como atores, cineastas e mesmos críticos enaltecendo o quanto as pornochachadas eras ingênuas.

Bom, eram sim, mas as da década de 70 - e como muita gente confunde, a produção típica da época tinha comédias de costumes, cinema popular e pornochanchadas de fato no balaio.

Já as da década de 80, bom, aí já era outra coisa, né?
O japonês O Império dos Sentidos e o brasileiro Coisas Eróticas já tinham estremecido o panorama e levado uma multidão ainda maior para as salas. E na rabeira, muitas produções foram abandonando a ingenuidade e apimentando a cena cada vez mais.

E não vai aí nenhum demérito nisso, muito pelo contrário.
É mais que salutar ver David Cardoso e Carlo Mossy sem pudores nesses filmes, que um Reynaldo Gianechini da vida cheio de dedos para mostrar o bilau em filme atual passado inteiramente em motel (pode?).

E estou citando aqui os homens, porque os closes frontais da mulheres há muito já eram fartos.

Mas é bom clarear as coisas e não achar que havia ingenuidade em tudo.

Ontem mesmo no Canal Brasil, David Cardoso sacolejava seu instrumento e só não fazia mesmo penetração explícita no delicioso Tentação na Cama, de 1984, dirigido por Ody Fraga.

E que viva Eros!

série grandes atores (3)


Benjamin Cattan.


Veterano dos palcos, das telas e da telinha, Benjamin Cattan é um ator extraordinário e dono de um estilo todo próprio de interpretação.

No cinema, trabalhou com diretores de linhas diversas, como Luciano Salce, Fernando de Barros, Victor Lima, Jean Garret, Geraldo Vietri e João Batista de Andrade.

E é sobretudo nos filmes do mestre Carlos Reichenbach que brilha em temperatura intensa. Para quem quiser conferir do que essa dobradinha é capaz basta assistir ao iluminado O Império do Desejo (foto, com Benjamin Cattan com a toalha na mão), em que ele endoida deliciosamente em meio aos personagens libertários de Roberto Miranda e Márcia Fraga.

Coisa de gênio.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

série deusas (3)


Romy Schneider.



Nu!!!

cícero


Antes do jornalismo, me graduei também em Letras. E minha opção pelo curso se deu pelo tanto que gostava - e ainda gosto, mas faço menos que deveria - de ler romances.

E aí valia tudo. Meu gosto literário se fez por descoberta empírica. Visitava a biblioteca da escola do bairro e devorava um livro atrás do outro.

Teve uma época que fiquei desempregado e daí lia um livro inteiro por dia, começava de manhã e terminava à noite - e minha mãe dizia-me pra parar com aquilo, que ia ficar louco (será que minhas dores de cabeça constantes vêm daí?).

Adorava ler, de uma vezada só e na mesma bacia, Machado de Assis, Sidney Sheldon, Harold Robbins, José de Alencar, Herman Hesse, Orígenes Lessa, Graciliano Ramos e títulos como Amor nos Penhascos e daquelas séries que as pessoas já achavam vagabundas na época, como Sabrina, Julia e Bianca.

Mas se o amor pela literatura era forte, ficava à vontade com a prosa, mas com a poesia nem tanto. Amava Cecília Meirelles - que amo até hoje - mas não tinha tanto intimidade com Drummond e Pessoa, por exemplo - aliás, não tenho até hoje, ainda que os ache bárbaros.

Na poesia sempre me identificava com quem falava de coisas mais comezinhas, como Cecília e Manuel Bandeira - outra paixão.

Quase diariamente, em hora de almoço, passo na porta da Livraria Ouvidor, aqui em BH. Há algum tempo, eles colocam uma estante de livros em promoção na calçada. E foi lá que vi um livro de um poeta que me ilumina. Ele, curiosamente em oposição a minha preferência poética, está muito distante das coisas comezinhas, e é tido, além de poeta, como um intelectual de ponta.

Seu nome: Antonio Cícero.

Uma vez, fui a uma das edições do Projeto Sempre um Papo para ver o lançamento de um dos livros de Antonio Cicero. Fui, porque amava as letras de suas músicas para a irmã, desde a época em que se chamava só Marina, sem o Lima.

Como foi pouca gente, calhou de eu sentar à mesa com ele e mais outras pessoas, estava um amigo meu também, para tomarmos algumas taças de vinho - e não copo de vinho, como quer Danusa Leão.

E fiquei maravilhado com a gentileza e a doçura de Cícero.

Ao final, ele não só fez a dedicatória em meu exemplar, como escreveu seu contato diretamente nele. Está lá comigo, na minha estante.

Vez ou outra releio os poemas, como o belo Guardar, e a memória dessa noite luminosa volta em cheio.

Bela noite de ternura.

flash memories



O ano era 1978. A ditadura corria solta no país, mas eu, com 15 anos, só queria saber de discoteca.

Como era pobre de marré-dé-ci, sequer consegui assistir Os Embalos de Sábado à noite no cinema no ano anterior, mas sabia tudo sobre ele.

Aliás, eu era um boyzinho tão pobrezinho, que calçava kichute - enquanto os boys da época usavam tênis de marca, como all star - mas não abria mão da calça caída e do cinto ordinário com a aba solta.

Já Grease, nos Tempos da Brilhantina, que colocava o astro da vez John Travolta ao lado de Olívia Newton-John, fui ver no telão.

Adorei Grease, e gosto do filme até hoje.

Recordo também que fiquei impressionado com a atriz que fazia Rizzo, a personagem que mais gostava do filme - sem sequer imaginar o quão grande essa atriz se tornaria nos anos seguintes, a magnífica Stockard Channing.


E o disco então! Grease, Nos Tempos da Brilhantina é ainda hoje trilha sonora das prediletas.

série grandes novelas (3)


Foi uma pena a Manchete ter fechado as portas. Nessa atual crise de ibope de novelas, ela com certeza daria trabalho para as concorrentes. Sim, porque a Manchete era ótima em novelas. E Kananga do Japão foi um de seus pontos altos.

Na verdade, Kananga do Japão foi um acontecimento.

Era protagonizada por Christiane Torloni e Raul Gazzola, e tinha no elenco presenças luminosas de Tônia Carrero, Elaine Cristina e Zezé Motta - ouvir Zezé no salão de dança cantando músicas de Sinhô e Ismael Silva, e assistir os bailados de Torloni, Gazolla e Elaine era delicioso.

Exibida entre 1989 e 90 e escrita pelo ótimo novelista Wilson Aguiar Filho, Kananga do Japão teve direção espetacular da cineasta Tizuka Yamazaki.

Um grande momento da teledramaturgia.

roberta


Eu, que sou da corrente que acha que o Brasil é mesmo o país das cantoras, até que demorei para descobrir Roberta Sá. Só a descobri no segundo e belo disco - que belo estranho dia pra se ter alegria.

E só agora a vi no palco, nesse final de semana, em show em BH.

Roberta Sá não tem presença arrebatadora no palco, é até tímida. E o figurino não estava nada bem. Mas canta muitíssimo bem, é simpática, e tem ótimo repertório.

Gostei muito do show e, dentre tantas cantoras que surgem a todo momento e sem parar, Roberta Sá é mesmo um nome que chegou para ficar.

muito prazer, eu sou zezé


Há muito tempo, segunda metade da década de 80 e primeira metade da de 90, fui algumas vezes a camarins de artitas. Isso muito antes de sequer imaginar que faria assessoria de imprensa para muito dos maiores nomes da música, cinema e teatro do país e que fugiria feito o diabo da cruz de contatos mais próximos, como ter que almoçar com eles, por exemplo.

Uma das visitas que fiz a um camarim foi o de Zezé Motta, que fez belo show em BH, no final dos anos 80 ou virada dos 90, e de quem sempre gostei - tanto da atriz quanto da cantora. Aliás, seu primeiro disco, Muito Prazer, é um dos álbuns mais bonitos que conheço. São lindas suas interpretações de Magrelinha, Trocando em Miúdos, Dores de Amores, Rita Baiana, e tantas outras.

Pois bem, chegando ao camarim, junto a um amigo, enquanto ele falava com ela eu não conseguia dizer uma só palavra. Ela percebeu o meu nervosismo e a falta de jeito e ficou de mão dada comigo o tempo inteiro. Meu amigo falou e falou e falou, e eu lá, mudo, de mão dada com ela.

Relembrei esse episódio nesse final de semana ao ouvir mais uma vez esse extraordinário disco que todo mundo deveria ter na estante.

E tantos anos depois, Zezé Motta continua despertando meu interesse.

o rei está nu


Tive a oportunidade de assistir Aqueles Dois, do Luna Lunera, na semana de estréia e adorei de cara. O Quiproquó, programa sobre teatro dos queridos Luciana e Ivan, me entrevistou há algum tempo pedindo um destaque das artes cênicas em BH e não tive dúvida em falar do Aqueles Dois e da trajetória do Luna.

Nesse final de semana assisti a centésima apresentação do espetáculo e adorei de novo.

É muito bonita a passagem em que os atores tiram a roupa e, mais pra frente, dedicam o espetáculo a alguém. Na estréia dedicaram aos diretores com os quais haviam trabalhado na carreira - Kaluh Araújo, Rita Clemente, Cida Falabella e Tuca Pinheiro - esse último do próximo espetáculo que fariam (Cortiços - o único trabalho do Luna que não me agradou).

Nessa 100ª apresentação, Rômulo Braga, belíssimo ator - nos dois sentidos - pediu espaço para dedicar o espetáculo a duas pessoas que estavam na platéia assistindo a peça pela primeira vez: seu pai e seu filho.

Achei bonito ele se expor assim e reforçar a exposição ao falar do pai e do filho - um garoto - estando nu.

Belo gesto de um artista de verdade.