sábado, 29 de janeiro de 2011

O filmaço transeunte e o lançamento de manifesto na mostra de tiradentes







Depois do bacanérrimo Os Monstros, dos Irmãos Pretti & Primos Parente, a 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes exibiu ontem o melhor filme dessa edição - quer dizer, até agora, pois ainda tem mais exibições hoje - :

- Transeunte, de Eryk Rocha.

Aliás, ontem foi uma noite especial para os longas, pois teve exibição também de outro bom momento da mostra: Riscado, de Gustavo Pizzi.


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Transeunte



Exibido no último Festival de Brasília - Prêmio (merecidíssimo) de Melhor Ator para Fernando Bezerra -, Transeunte é mesmo um filme especial dentro dessa recente produção do cinema brasileiro.

Muito se fala, em festivais e mostras, sobre um cinema-poesia, e aqui em Tiradentes já tivemos pelo menos dois belos exemplares: O Gerente, de Paulo Cézar Saraceni - filme de abertura da mostra- e agora esse novo trabalho de Eryk Rocha.

O filme foca seu olhar em Fernando Bezerra como um recém-aposentado, que nesse novo estado de coisas torna-se um observador atento do que lhe ocorre em volta, e, vez ou outra, protagoniza também seus momentos.

Com pinceladas de diálogo com o cinema de sua mãe, a cineasta Paula Gaetán - diretora dos belos O Diário de Sintra e Vida -, mas com assinatura toda própria - o uso do som é impressionante - Eryk Rocha fez de seu Transeunte um dos grandes momentos dessa 14ª Mostra de Tiradentes.

Em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez.


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Vigias


Produção de Pernambuco, o doc Vigias, de Marcelo Lordello, foi exibido ontem dentro da Mostra Aurora.

O filme acompanha uma noite de cada vigia, ouvindo suas impressões sobre a profissão, a rotina e o papel que ocupam.

Em tom quase minimalista e com ótima fotografia do craque Ivo Lopes, Vigias não é filme que agrade facilmente qualquer tipo de platéia durante o mostrado, mas que alça seu relato em muitos tons acima ao seu final.

Em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez.


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Riscado


A Cavídeo, de Cavi Borges, apresentou curta e longas aqui nessa 14ª edição, sendo esse Riscado o melhor momento da produtora aqui em Tiradentes.

Dirigido por Gustavo Pizzi, ele anunciou na abertura que sua protagonista, Karine Teles, não pode estar presente, pois ficou em casa cuidando dos gêmeos recém-nascidos - cineasta e atriz são casados.

Karine Teles é ótima surpresa, pois o filme está todo calcado em sua personagem e ela jamais deixa a peteca cair. Aliás, muito pelo contrário, ela é alma do filme, que conta a história de uma atriz que se vira para viver da sua arte e pagar suas contas.

Entre os ensaios de uma peça e animações contratadas de todo tipo - panfletagem a rigor, apresentação em aniversário e telegrama animado - ela busca seu lugar ao sol.

Em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez.


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Manifesto


Ontem teve ainda balanço da Mostra com a coordenadora Raquel Hallak, momento em que um grupo de cineastas e profissionais do cinema lançou um manifesto que discute novas possibilidades e políticas para a continuidade de produção do cinema brasileiro.

O manifesto Carta de Tiradentes foi lido pelos atores Irandhir Santos - ator homenageado da Mostra - e João Miguel, e será entregue para as autoridades federais.

Assinaram a Carta nomes como Sérgio Borges, Felipe Bragança, , Eryk Rocha, Eduardo Valente, Marília Rocha, Maurilio Martins, Ivana Bentes, André Novais, Gabriel Martins, Vania Catani e Paula Gaetán.


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Fotos:
- Cineasta Erik Rocha
Crédito: Leonardo Lara

- Manifesto Carta de Tiradentes - Raquel Hallak - coordenadora da Mostra de Tiradente - e os atores João Miguel e Irandhir Santos.
Crédito: Pedro Silveira

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Para o site Mulheres do Cinema, foi a vez de fazer entrevista com a atriz Gisele Werneck, e gravar depoimentos com os cineastas Geraldo Sarno e Cacá Diegues.

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Hoje é o último dia da 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes, e dentre a vasta programação, exibição de Ex-Isto, filme experimental de Cao Guimarães; No Olho da Rua, de Rogério Corrêa, e O Céu Sobre os Ombros, de Sérgio Borges.

Haverá também, na solenidade de encerramento, o anúncio dos vencedores do Prêmio Aurora e do Júri Popular.

Mais informações:
http://www.mostratiradentes.com.br/

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Os Monstros é destaque de ontem na mostra de tiradentes.


Uma quinta-feira de muitas atividades aqui na 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes.

Para o site Mulheres do Cinema Brasileiro, entrevista com a cineasta Cláudia Mesquita e depoimentos do músico David Tygel, do produtor e cineasta Cavi Borges, e dos cineastas Alain Fresnot e Cláudio MacDowell.

Em breve, esse material estará disponível lá no site.

Já na programação de filmes, foi a vez de conferir duas produções.

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Os Monstros

A primeira foi Os Monstros, de Guto Parente, Luiz Pretti, Ricardo Pretti e Pedro Diógenes - os Irmãos Pretti & Primos Parente.

Se em Estrada para Ythaca, os amigos se reuniam para saudar um deles que morrera, agora nesse Os Monstros a amizade está, novamente, no centro do foco.

Isso porque um deles, um músico nada ortodoxo, é abandonado pela esposa e procura teto e afeto na companhia dos amigos - dois deles técnicos de som, e um guitarrista que chegará depois.

Um dos melhores filmes dessa edição da Mostra, Os Monstros diverte com a história desses amigos e faz uso absolutamente sedutor da música em sua trilha sonora.

As cenas ao som de cover de Djavan no barzinho e do amasso embalado por Veneno, com Marina Lima, são deliciosas.

O mais engraçado, no entanto, foi o que aconteceu no entorno.

Exatamente atrás de mim se sentaram uma senhora, uma mulher daquelas de 40 do Roberto Carlos, e três crianças/adolescentes.

Logo logo a senhora e a mulher de quarenta começaram a falar bem ali no pé do meu ouvido. Pedimos dilêncio, e nada. Daí olhei para trás, encarei-as, e uma delas não se fez de rogada: "Algum problema?", me perguntou.

Daí já pensei com os meus botões: fudeu! Vou ter que passar o filme todo com essa gente tagarela, já que o cinema estava cheio e eu não estava com nenhuma vontade de me mudar de lugar.

Só que aconteceu o inacreditável: a raiva virou diversão.

Isso porque a senhora já foi logo dizendo:

- será que vai aparecer muito monstrinho feio?

(ou seja, elas acreditavam piamente que iam ver um filme de terror)

Foi impossível não rir. E a risada aumentou na hora que um dos Pretti - que também atua - apareceu de perfil com sua barba longa e ela emendou:

- Esse deve ser o lobisomem.

Daí a pouco os meninos disseram: "nós vamos embora, se o filme for bom vocês nos contam depois".

Mas, é claro, isso não foi possível, pois vendo a narrativa não convencional, elas logo desistiram de ver monstros e deixaram a sala do cinema em debandada.

Em breve, comentários sobre Os Monstros aqui no Insensatez.

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Santos Dumont - Pré-Cineasta?

Santos Dumont - Pré Cineasta?, de Carlos Adriano, foi um dos filmes exibidos ontem na Mostra Aurora - o outro foi Os Residentes, de Tiago Mata Machado.

O doc é sobre a descoberta de uns carretéis de fotografia para exibição no mutoscópio - um dos mecanismos pré-cinematografo -, com imagem rara e inédita de Santos Dumont.

Daí, passamos a conhecer não só essa ligação de Santos Dumont com o cinema, como também da importância do mutoscópio para a época - o aparelho era muito adquirido para consumo doméstico.

Há, desde o início desse Santos Dumont - Pré Cineasta?, imagens do cineasta e pesquisador Bernardo Vorobow, que a gente não sabe muito bem o porquê de estarem ali - a não ser para quem sabia da ligação entre realizador e personagem -, chave que será decifrada apenas ao final do filme.

Em breve, comentário sobre o filme aqui no Insensatez.

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Foto:
- entrega de placa para equipe de Os Monstros.
Crédito: Pedro Silveira
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Hoje, dentre os inúmeros seminários, haverá mesa que vai reunir os cineastas Carlos Diegues, Geraldo Sarno e José Joffily - com mediação do crítico Inácio Araújo - com título de Vozes da Experiência, em que eles vão falar sobre o cinema brasileiro contemporâneo.

Ainda durante à tarde, lançamento das publicações Revista Filme Cultura - Edição 53 - nessa edição, está publicada lista de filmes do coração de diversas personalidades do cinema brasileiro, e eu tive a honra de participar;

e do livro Cinema de Garagem, de Dellani Lima e Marcelo Ikeda - segundo eles, um inventário afetivo sobre o jovem cinema brasileiro do século XXI.

Já na tela do Cine-Tenda, à noite, os filmes Transeunte, uma ficção de Erik Rocha; o doc Vigias, de Marcelo Lordello; e a ficção Riscado, de Gustavo Pizzi - no Cine-Praça será exibido o doc Copa Vidigal, de Luciano Vidigal.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

noite de supremacia dos curtas na mostra de tiradentes


Aqui na Mostra de Tiradentes, sempre é mostrado um filme recente e outros em retrospectiva do homenageado.

Daí que de Paulo Cézar Saraceni foram exibidos tanto seu novíssimo O Gerente (2010), como o curta Arraial do Cabo (1959) e seu primeiro longa, Porto das Caixas. (1962).

Já de Irandhir Santos quase tudo é novo, pois tem apenas quatro anos de trajetória cinematográfica, ainda que nesse curto período já mostrou a que veio.

Ontem na retrospectiva foi a vez de conferir o recente Olhos Azuis (2009), de José Joffily, filme que passou batidíssimo em Belo Horizonte.

Gosto do cinema de Joffily, pois é fiel ao cinema de gênero - e filme policial é dos meus prediletos.

Olhos Azuis nos manipula o tempo inteiro, mas sua narrativa atrai sempre, nessa história de confronto entre os agentes da alfândega americana e os imigrantes - sobretudo latinos.

A força do elenco como um todo ressalta na tela: os brasileiros Irandhir, Cristina Lago, Branca Messina; os americanos David Rasche, Frank Grillo e Erica Gimpel; e a argentina Valeria Lorca.

Em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez.

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Sertão Progresso

Na Mostra Aurora, a exibição ontem foi de mais um doc, Sertão Progresso, de Cristian Cancino, com foco em tema de alta combustão: a transposição do Rio São Francisco.

Rodado em dez estados, Sertão Progresso escuta os dois lados, prós e contras, personificados de forma mais direta em dois personagens: o então Ministro da Integração Nacional (2007-2010) Geddel Vieira Lima, e o Frei Luiz Cappio.

Cinema não tem nenhuma obrigação de ser aula de história - e nem deve ser. Mas confesso que sai do filme sem saber muito mais do que já sabia, ainda que seja impossível negar que jamais seja desinteressante.

Em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez.

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Curtas
O maior destaque da noite foi mesmo a sessão de curtas da Série 3, da Mostra Foco.

Além da exibição do premiado curta Contagem - Melhor Direção no Festival de Brasília, dos amigos Gabriel Martins e Maurílio Martins, a seleção foi inspirada.

Aliás, assistir Contagem ontem foi quase uma primeira vez, pois a cópia em 35mm se impôs majestosa na tela do Cine-Tenda, aumentando ainda mais a qualidade desse curta da Filmes de Plástico - antes tinha visto apenas em digital.

A sessão contou ainda com A Peruca de Aquiles, de Paulo Tiefenthaler, um envolvente, tenso e bem-humorado encontro entre o mundo das drogas e o teatro;

o documentário Fogo.DOC, de Leandro Andrade, em que uma tragédia é visto com as cores de um Datena com humor - o menos inpirado na noite;

O Hóspede, de Anacã Agra e Ramon Porta Mota, filme em que um ET despenca em uma pousada na Paraíba chamada deliciosamente de Pousada Solaris, e enche de mistério sombrio a vida do proprietário do local;
a ficção paulista Naufrágos, de Gabriela Amaral Almeida e Matheus Rocha, em que a solidão na velhice e a saudade é vista por viés completamente inesperado;

e Praça Walt Disney, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, em que a aposta estética radiografa o espaço geográfico com inventividade.

Essa seleção foi mesmo especial - ainda que não esteja acompanhando as exibições de curtas, quem está encheu de elogios essa série de ontem. Portanto, acertei na mosca.


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Foto: entrega de placas para os diretores dos curtas
Crédito: Pedro Silveira
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Na programação de hoje tem mais Mostra Aurora, com a exibição de Os Residentes, de Tiago Mata Machado; na Mostra Vertentes será a vez de Os Monstros, de Guto Parente, Luiz Pretti, Ricardo Pretti e Pedro Diógenes, que faturaram o prêmio da Mostra Aurora do ano passado com Estrada para Ythaca; o doc Santos Dumont - Pré-Cineasta? - todos eles no Cine-Tenda.

Haverá ainda, no Cine-Praça, a exibição de O Último Romance de Balzac, do veterano Geraldo Sarno.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

o universo dos curtas e índios versus colonizador na mostra de tiradentes


É impossível falar em curtas no Brasil sem falar no nome de Zita Carvalhosa.

Uma dos sócios da Superfilmes, ninho do Cinema da Vila Madalena da São Paulo dos anos 1980, Zita esteve envolvida na produção de filmes importantes do período, como A Marvada Carne(1985), de André klotzel, e Anjos da Noite (1986), de Wilson Barros.

Depois disso, Zita esteve à frente da criação do Festival Internacional de Curtas de São Paulo, que desde o início dos anos 1990 até hoje se consolidou como o maior espaço para o formato na América Latina.

Zita Carvalhosa esteve qui na Mostra de Tiradentes para lançar o Guia Kinoforum Festivais de Cinema e Vídeo 2011, precioso mapeamento de festivais e mostras nacionais e internacionais.

Claro, fiz entrevista com ela para o site Mulheres do Cinema Brasileiro, que rendeu longa e ótima conversa, que será, em breve, publicada por lá.

Ainda ontem, colhi depoimentos do ator Paulo Tiefenthaler, do preparador de elenco Sérgio Penna, e dos cineastas Alain Fresnot e Geraldo Moraes.


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Foto:
Zita Carvalhosa lança Guia Kinoforum 2011
Crédito: Paulo Filho

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Mostra Aurora

No segundo dia do Aurora, foi a vez da exibição do doc Remissões do Rio Negro, de Erlan Souza e Fernanda Bizarria.

O documentário é sobre as missões salesianas do Alto do Rio Negro, no Amazonas, e coloca em cena um padre e índios que foram seus alunos quando crianças, agora décadas depois e em um "acerto de contas" entre colonizador e colonizados.

Remissões do Rio Negro está calcado em tema sempre importante e impactante, e ainda que nem sempre consiga estar à altura de seu objeto, tem momentos que seduzem e matêm nosso interesse no mostrado.

Em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez.


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Na programação de hoje, seminário com convidados de festivais internacionais, mais um filme da Mostra Aurora - o doc Sertão Progresso, de Cristian Cancino.

E tem, na mostra de curtas, a exibição de Contagem, Prêmio de Melhor Direção para os contagenses (Contagem-MG) Gabriel Martins e Maurílio Martins no último Festival de Brasília.

Mais informações:
http://www.mostratiradentes.com.br/

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Começou a mostra aurora em Tiradentes



Dia de colher muito material para o site Mulheres do Cinema Brasileiro.

Depois da entrevista com a atriz Ana Maria do Nascimento e Silva e do depoimento do cineasta e produtor Zelito Viana, foi a vez de montar guarda aqui nos corredores do Centro Cultural Yves Alves, onde fica o Cine-Teatro e a Sala de Imprensa.

Daí, entrevistas bacanas com a atriz Arieta Correa, com as cineastas Marina Meliande e Mariana Caltabiano.

E também depoimentos com o ator-homenajeado Irandhir Santos, com o cineasta Eric Laurence, e com o crítico Rodrigo Fonseca.

Todo esse material será pubicado lá no Mulheres.


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Enchente

À noite, foi apresentado o primeiro filme da Mostra Aurora, recorte dentro da Mostra de Tiradentes, em que são exibidos títulos que serão premiados pelo Júri da Crítica e Pelo Júri Jovem - esse último, formado por alunos de uma oficina de crítica ministrada pelo curador Cléber Eduardo.

Foi exibido no Cine-Tenda o doc Enchente, de Julio Pecly e Paulo Silva.

Produzido pela Cavídeo, de Cavi Borges, o filme retrata a enchente de 1996 que assolou o Rio de Janeiro, em que 80 pessoas morreram e centenas ficaram desabrigadas na comunidade da Cidade de Deus.

O foco de Enchente é essa tragédia de 96, mas ainda assim há lá o registro de outras históricas que assolaram a capital carioca, prova inconteste de que o surgimento delas sempre foi cumprimento de ritual de morte anunciada.

Como não poderia deixar de ser, está lá também, registrado em texto, a recente que assolou a região Serrana. Mas as imagens são mesma as da década de 90.

Enchente poderia ser mais um filme vocacionado para a TV, se não fosse o grande diferencial - um achado - de usar imagens de registro de um próprio morador da Cidade de Deus, que na época tinha acabado de comprar a filmadora há poucos meses e estreou o equipamento filmando aquele momento trágico.

Isso faz diálogo direto com os próprios diretores, já que eles também foram vítimas do mesmo acontecimento na época.

Ainda que utilize imagens de jornalismo, o filme cresce exatamente por causa desse registro in loco, de um morador que vê seus vizinhos e suas casas sendo destruídas, mas que mantém a câmera ligada em meio a dor.


Em breve, comentários sobre Enchente aqui no Insensatez

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Foto: Equipe de Enchente
Crédito: Pedro Silveira

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Hoje, dentre tantas outras atrações, tem lançamento do Guia dos Festivais 2011, da Associação Cultural Kinoforum, e mais filme na Mostra Aurora, com a exibição do doc Remições do Rio Negro, de Erlan Souza e Fernada Bizarria.

Mais informações:
http://www.mostratiradentes.com.br/

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

maratona na mostra de tiradentes




Ontem foi dia da bunda ficar quadrada na 14ª Mostra de Cinema de Tiradentes, pois foi uma maratona de quatro filmes.


Brasil Animado


O primeiro foi às 11h da manhã na Mostrinha de Cinema, que encheu a sala do Cine Tenda de crianças, pais e tantos outros, com a exibição de Brasil Animado, de Mariana Caltabiano.

Primeira animação brasileira em 3D, o filme coloca dois personagens, Stress e Relax, viajando pelo Brasil, já que o primeiro quer encontrar o Grande Jequitibá Rosa, para faturar com a árvore.

Esse é o mote para que, na tela, város pontos turísticos de estados brasileiros sejam mostrados em imagens reais, já que o filme mistura cenas animadas com essas locações - Foz do Iguaçu, Ouro Preto, Elevador Lacerda, Praça do Três Poderes, Floresta Amazônica. Daí, fala-se das cidades, costumes, culinária e seus cartões postais.

Infelizmente, a exibição não foi em 3D - parece-me que os óculos não chegaram -, o que causou um pequeno burburinho de decepção nas crianças. Mas logo elas ficaram atentas ao mostrado e vibraram quando a terra natal, Tiradentes, apareceu na tela.

Brasil Animado está mais para filme educativo do que de uma animação que entretenha seu público. Talvez com a exibição em 3D esse aspecto seja mais diluído e o entretenimento ganhe mais força.

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Mas foi à noite que a maratona foi para valer no Cine Tenda, com três exibições seguidas: A Alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande; Malu de Bicicleta, de Flávio Tambellini; e VIPs, de Toniko Melo.


A Alegria


Segundo tomo da trilogia Coração de Fogo, Bagança e Meliande voltam à Mostra de Tiradentes depois da consagração de A Fuga da Mulher Gorila, Prêmio Aurora de 2009.

Dessa vez, o filme mostrado foi A Alegria, que é apresentado pelos realizadores como um conto de fadas sobre a juventude e a coragem.

Protagonizado pela adolescente Tainá Medina, A Alegria é filme desconcertante pelo misto de beleza e de um sentimento de dor que não sabemos de imediato onde se aloja.

E mais, A Alegria é filme de fruição um tanto difícil - anos-luz das tais guloseimas que Julio Bressane pontificou-, mas jamais deixa de seduzir e, na mesma medida, inquietar.

É objeto de debate imperdível hoje à tarde, com a presença de Bragança, Meliande e equipe, em mesa mediada pelo craque Rodrigo Fonseca, de O Globo.


Malu de Bicicleta


Já Malu de Bicicleta, de Flávio Tambellini, mostra Marcelo Serrado e Fernanda de Freitas vivendo as delícias e dores de amores.

Premiado no último Festival de Paulínea - Melhor Ator, Atriz e Direção -, o filme é uma comédia romântica com um tom menos fru fru que às vezes rondam o gênero atualmente, mas ainda assim não corresponde às expectativas.

Quer dizer, desse escriba, pois além dos prêmios em Paulínea, o público de Tiradentes parece também ter curtido a história em que obsessão e ciúme faz o barco das promessas de amor desgovernar.


VIPs


O último filme da noite foi VIPs, de Toniko Melo, protagonizado por Wagner Moura.

Adaptado de livro de Mariana Caltabiano, a diretora de Brasil Animado, o filme tem produção da O2 e roteiro de Bráulio Mantovani, A.C e Thiago Dottori .

Em cena, um homem que engana a todos com seu talento para se passar por outras pessoas, fruto de se complexo de identidade, marcado pela ausência do pai.

VIPs é filme bacanérrimo e cheio de gás, com alta possibilidade de diálogo com o público, mas sem deixar se seduzir pelo rame rame que muitos se utilizam na busca desse fim.

O elenco é sensacional, com Gisele Fróes e Arieta Correa ótimas em suas personagens, e Wagner Moura mostrando mais uma vez porque é um dos maiores atores de sua geração.


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Todos os filmes terão comentários publicados em breve no Insensatez.


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Fotos:
- Cine-Tenda - fila para assistir sessão de A Alegria
- Equipe de Alegria recebe placa

Crédito: Leonardo Lara

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Hoje o dia promete, com, dentre tantas atrações, os debates de A Alegria e VIPs, mais a primeira exibição da Mostra Aurora - mostra que seleciona primeiros e segundos longas de cineastas -, com o documentário Enchente, de Julio Pecly e Paulo Silva.


Mais informações:

domingo, 23 de janeiro de 2011

A arte de elza soares na 14ª mostra de tiradentes


Lembram-se do bordão de Luiza Erundina, quando Prefeita de São Paulo "Sou mulher, nordestina e governadora de uma das maiores cidades do mundo".

Pois então, muita gente também vê quase um bordão em Elza Soares, quando ela fala sobre sua vida "sou negra, favelada etc".

Como ela já contou em muitas entrevistas sua trágica, atribulada e vitoriosa trajetória, às vezes o relato pode nos soar repetitivo - ainda que, particularmente, ache que tenha mesmo que contar sempre a admirável história de sua vida, pois há sempre quem não saiba.

É essa cilada que o documentário Elza, de Izabel Jaguaribe e Ernesto Baldan, evita ao focar seu relato, sobretudo, na música de Elza.

E aí, realmente a mulata assanhada enche a tela.

No caso da exibição de ontem, em belíssima exibição no Cine Praça com platéia lotada.

Tá lá o começo de tudo, o famoso episódio do programa de Ary Barroso e a esfrega do Planeta Fome.

Mas logo logo, o que se vê é a trajetória musical dessa deusa negra que encheu de suingue e técnica particularíssima o cenário brasileiro.

E aí toma encontros na tela com Paulinho da Viola, Caetano Veloso, João Aquino, Jorge Ben Jor, e o melhor de todos: Elza e Maria Bethânia.

Em longa e divertida sequência, a carioca e a baiana cantam e brincam ao som de músicas que saem das gargantas poderosas: Samba da Benção e Samba da Minha Terra.

É um encontro maravilhoso! E histórico.

Tem ainda depoimentos de José Miguel Visnik, Martinália, Elton Medeiros e outros.

O filme Elza foca a cantora Elza plena em sua música.

E está aí o seu grande acerto.


Foto Cine Praça: Alexandre C. Mota.


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Hoje tem muitas atrações, com exibições dos esperados A Alegria, de Felipe Bragança e Marina Meliande, Malu de Bicicleta, de Flávio Tambellini, e VIPs, de Toniko Melo.

Mais informações: