sábado, 24 de julho de 2010

longas brasileiros em 2010 (168)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

168 - Quando as Mulheres Querem Provas (1975), de Cláudio MacDowell ***

Produção da Vydia, de Carlo Mossy e protagonizado pelo próprio, Quando as Mulheres Querem Provas é uma autêntica pornochanchada, como ficou conhecida as comédias eróticas das décadas de 1970 e 80. Costumam jogar toda a produção do cinema popular nessa vala comum, mas as coisas não são bem assim. Pornochanchada gira em torno do sexo, mas qual filme não gira em torno disso, pode-se perguntar? Mas nelas, o sexo é praticado sem maiores elucubrações, é a principal meta a ser atingida pelos seus personagens, há muita cena de cama, e fartura de mulheres nuas - pelo menos com os peitinhos de fora. E isso tudo é demérito? Claro que não, pois o gênero, quando bem feito, pode ser divertido e delicioso. Como é o caso desse Quando as Mulheres Querem Provas, que se não é das melhores pornochanchadas, pelo menos seduz a atenção e diverte. Dirigido pelo carioca Cláudio MacDowell, ator, roteirista, montador e cineasta - é co-roteirista do clássico Essa Gostosa Brincadeira a Dois (1974), de Victor di Mello - o filme foi rodado em Vitória, no Espírito Santo. Aliás, a cidade se revela pouco cinematográfica sob a lente da fotografia de José Rosa. Na trama Carlo Mossy é um carioca em férias em Vila Velha, onde se hospeda no hotel do amigo Sérgio Gutervall. Lá, conhece o casal em crise Stan Cooper e Rossana Ghessa, e fica fascinado pela psicanalista Yara Stein, casada com Hugo Bidet. Uma cena ambígua de possível homossexualidade envolvendo Mossy será vista e espalhada aos quatros cantos, o que coloca em xeque sua sexualidade e deperta o interesse em várias mulheres. Se o Grande Hotel de Vick Baum levado às telas pelo poderoso produtor de Hollywood Irvin Thalberg com os astros e estrelas mais famosos da época, como Greta Garbo, John Barrymore e Joan Crawford, apostava no tom existencialista, aqui o hotel em Vila Velha reúne uma fauna mais brasileira impossível e com todo mundo interesssado em sexo - além de Mossy, Gutervall, Cooper, Ghessa e Bidet, há também Rodolfo Arena, Henriqueta Brieba, Pedro de Lara, Shulamith Yaari, Tutu Guimarães, Dita Corte Real e Black John. Arena e Brieba fazem, mais uma vez, o casal que briga o tempo todo - e ninguém faz velho ranziza melhor que o GRANDE Rodolfo Arena. Pedro de Lara encarna o moralista de plantão, fazendo discursos, se sacudindo todo, e levando sempre o buquê de flores de praxe. Carlo Mossy está em personagem habitual, o bonitão que quer papar todas, e aparece no início já de pantalona cor-de-rosa e blusa agarradinha no corpo no melhor estilo carioca de ser da época. E ainda que a deusa Rossana Ghessa divida o estrelato com Mossy nos créditos, quem tem mais destaque entre as moças no elenco é e bela e boa atriz Yara Stein. As mulheres não marcam presença só na frente das câmeras não, Talita Vale assina o argumento e o roteiro, e Nazareth Ohana a montagem.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

sexta-feira, 23 de julho de 2010

longas brasileiros em 2010 (167)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

167- Golias Contra o Homem das Bolinhas (1969), de Victor Lima ****

Ok, Golias é gênio. Mas aqui, ainda que o título leve seu nome, quem rouba o filme mesmo é Otelo Zeloni, o tal homem das bolinhas. Nascido na Itália em 1921, mas radicado no Brasil no final da década de 40, Zeloni marcou com muito talento e muito humor os diferentes veículos onde atuou, rádio, teatro, televisão, cinema - como esquecer seu Dom Camilo e os Cabeludos, série exibida na Tupi em 1972, em que era o pároco em vila infestada de hippies e Terezinha Sodré como a endiabrada Katy Pé-de-Bode? Dirigido pelo mestre Victor Lima, um dos diretores mais subestimados desse país, o título sugere um filme de ficção científica, mas quando se bota o olho nessa adorável produção da década de 1960, percebemos que a trama, ainda que com entrecho policial, está mais para agridoce comédia de costumes - ver Zeloni raspando tampinha de coca-cola é viagem imediata a passado de infância de gerações. Em uma cena, a câmera fixa a placa anunciando gaiata que São Paulo se humaniza e convida a todos para conhecer essa nova cidade. Mas logo veremos que paraíso é algo muito distante do que Zeloni vai encontrar pela frente nessa história que também tem argumento e roteiro de Lima. Já nos créditos, quando Golias voa sobre a cidade em um emaranhado de balões e logo a seguir ficamos sabendo que é tudo fantasia sua, nem desconfiamos do que virá em seguida. De olho vidrado na roda gigante em que as deusas Íris Bruzzi e Darlene Glória se divertem, fica clara sua paixão platônica por Bruzzi, garota despachada e com mais culpa no cartório do que se possa imaginar, já que para ele todos os homens que a visitam são seus primos. Por uma série de circustâncias, um desses "primos" será Zeloni, pai de família pé rapado à turras com a esposa Zilda Cardoso e tendo que sustentar sogra, sogro e cunhado folgazão. O que poderia ser uma pulada de cerca e possível encontro de amor e prazer se revelará um pesadelo, daí ele correrá para lá e para cá, procurado pela polícia e perseguido por Golias, Darlene e Benjamin Cattan onde quer que vá, seja na rua, nas construções da cidade ou no zoológico. Golias Contra o Homem das Bolinhas é diversão inteligente e que aposta em ótimo elenco e comediantes de mão cheia, ainda que em registro não totalmente cômico - Golias, Otelo Zeloni, Zilda Cardoso, Geny Prado, Benjamin Cattan, Costinha; tem também Antonio Pitanga, belo em seus 30 anos. Interessante observar uma São Paulo como cenário e bem distante da atual, mas já em prenúncio do que viraria, com seus prédios altíssimos em construção e um trânsito já dando sinais do inferno que viria ser. Há ainda tom evocativo de saudade imediata de passado nem tão distante ao nos deparar com grandes cinemas anunciando seus filmes na fachada. Delicosa produção Herbert Richers.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie deusas (135)


Anne Bancroft.





Nu!!!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

longas brasileiros em 2010 (166)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

166 - Como Consolar Viúvas (1976), de J. Avelar (José Mojica Marins) +

Em seus quase 30 filmes, José Mojica Marins trafegou por várias searas - horror, aventura, faroeste, drama, comédia, e filme explícito. E se a genialidade está no horror, com o qual é mais associado, e tenha se saído bem em D´Gajão Mata Para Vingar (1971 - faroeste) e em A Virgem e o Machão (1974 - comédia), em Como Consolar Viúvas (1976) errou feio. Tudo aqui deu errado, nessa que é uma pornochanchada de quinta. Não há graça, não há libido, não há trapalhadas convicentes e nem o rocambole tradicional que marca o gênero em que há um certo charme de coisa mal feita. Aqui, a direção é protocolar e completamente sem tesão, ainda mais incompreensível por sabermos que o filme anterior é o inventivo Exorcismo Negro. Aliás, deve ter tudo a ver, pois o mal resultado na bilheteria de Exorcismo Negro deve ter levado Marins a dirigir esse Como Consolar Viúvas no automático. A produção é de Augusto de Cervantes e Georgina Duarte Rezende - essa última assina o péssimo argumento, o péssimo roteiro e a maquiagem (???). Na trama, Vic Barone é um playboy falido que deve até a alma e que tem como único aliado fiel o mordomo e faz-tudo Chaguinha. Ao ler notícia no jornal de que três irmãs ricas ficaram viúvas depois de um acidente e ficar sabendo que Chaguinha já trabalhou na casa em que elas vivem com o pai, resolve se passar pelos mortos e faturar uma grana de cada uma das amantes. Daí, invade à noite o quarto das mulheres que estão na seca e ardendo em brasa, e com isso não percebem as artimanhas do impostor - é aí que entra a maquiagem da dona. Nem com a presença das deusas Zélia Diniz, Vosmarline e Lourênia Machado, o filme decola. Na trama totalmente inconsistente, o personagem de Chaguinha então é completamente inverossímel - por que sua submissão total ao patrão se não há sequer desejo homoerótico? E como ele sempre tem uns trocados se seus salários estão atrasados há anos? O mesmo vale para Vic Barone - se ele não paga ninguém, ao ponto de querer devolver as viagens que fez (única boa tirada), como pode beber até a tampa nas boates e ter show de strip só para ele, já que todos os fregueses já tinham ido embora? Bom, para essa pergunta há resposta sim: é para mostrar mulher pelada, ainda que seja número também, como o resto do filme, sem nenhum tesão. E para as outras perguntas a resposta é a infinidade de furos desse filme que serve de munição generosa para os históricos detratores do cinema brasileiro. Ainda tem no elenco Renée Mauro, Walter Portella, Vic Militello e Helena Samara. Bola fora dirigida por José Mojica Marins com o pseudônimo de J. Avelar.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie grandes damas da tv (66)


Jacyra Silva.




Salve Salve!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

longas brasileiros em 2010 (165)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

165 - A Noite do Espantalho (1974), de Sérgio Ricardo ***

Filmes com propostas radicais podem ser muito interessantes. Como Quem É Beta? (1972/3), de Nelson Pereira dos Santos, como Bocage - O Triunfo do Amor (1997), de Djalma Limongi Batista. E como esse A Noite do Espantalho, do cineasta, compositor e cantor Sérgio Ricardo. Mas isso não quer dizer que sejam completamente inteligíveis, ainda que o fascinio permaneça. Aqui, Sérgio Ricardo usou Nova Jerusalém, Pernambuco, onde tradicionalmente se encena a Paixão de Cristo, como cenário natural para sua história. E há um acerto aí, pois a trama que se desenrola, na proposta estética apresentada, é muito mais encenada que interpretada. De um lado um coronel e seus jagunços e de outro um líder dos sertanejos, colonos, cantadores e benzedeiras. A terra é assolada pela seca, e como na literatura de cordel os males dessa gente são cantados e desfiados na voz de um espantalho. Há ainda uma bela mulher, desejo dos varões de um lado e de outro, que se confrontarão em duelo de sangue. Ainda que a seca, os desmandos dos coronéis e o flagelo de camponeses seja uma realidade mesmo nos dias de hoje, o registro adotado pelo cineasta é totalmente anti-realista. Jagunços em motocicletas aladas, dragão em pele de borracha, e a corte em trajes de circo são apenas alguns dos elementos utilizados para compor esse universo real filtrado por um olhar muito particular e alegórico. A ficha técnica luxuosa certamente contribuiu, e muito, para esse clima de estranhamento apurado - argumento de Sérgio Ricardo e Maurice Capovilla; roteiro de Ricardo, Nilson Barbosa e Jean-Claude Bernardet; cenografia e assistência de direção de Cláudio Portiolli; figurino de Kátia Mesel; fotografia de Dib Lutfi; montagem de Sylvio Renoldi. No elenco, Alceu Valença encarna o espantalho com propriedade e entoa belas canções assinadas por Sérgio Ricardo - tem ainda Geraldo Azevedo, o próprio Sérgio Ricardo, e outros - fator fundamental para o filme já que ele é todo conduzido pela música. E ainda tem Rejane Medeiros, uma das mais belas atrizes dos cinema brasileiro, que hipnotiza nosso olhar o tempo inteiro com sua figura trágica e densa. A Noite do Espantalho é filme particularíssimo no rico e diverso cinema brasileiro dos anos 1970.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

terça-feira, 20 de julho de 2010

longas brasileiros em 2010 (164)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

164 - Maria 38 (1959), de Watson Macedo ****

Seja nas comédias da Atlântida ou em suas produções independentes, o mestre Watson Macedo sempre reservou o lugar de estrela para sua sobrinha Eliana, umas das atrizes mais importantes do cinema brasileiro. Só que nesse Maria 38 ela é apresentada em persona bem diferente das mocinhas das chanchadas. Aqui ela é uma vigarista que apronta todas na Lapa, rouba carteiras, dá pernada a três por quarto, e leva o codinome porque dizem as más línguas que anda com um trezoitão escondido no vestido . Só não vive trancafiada na cadeia porque o guarda John Herbert, que baba de paixão pela moça e é seu protetor desde quando eram crianças, faz vista grossa para seus delitos. Herbert quer por quer que Eliana se endireite para que se casem, pois acredita no bom coração da moça. Já ela acha que pau que nasce torto não tem como se endireitar. Certo dia aceita um trabalho como babá na casa de Zilka Salaberry e Afonso Stuart, tios de Anabella, que é apaixonada pelo chofer Herval Rossano, e do garoto Marinho. Porém, se Herbert pensa que Maria se endireitou, ela, na verdade, está em mais um negócio escuso levada pelo escroque Augusto César Vanucci. Também diferente das chanchadas, em Maria 38 saem os salões das boates onde Reis e Rainhas do Rádio desfilam suas canções e marchinhas de sucesso para dar lugar a uma agitada gafieira - há ótimo número musical com Moreira da Silva, que com sua verve incomparável entoa Na Subida do Morro, dele e de Ribeiro da Cunha. Filme de perfeita carpintaria de Macedo, aqui chama atenção, antes de tudo, a belíssima e requintada fotografia de Amleto Daissé e a câmera de Afonso Viana. É por aí o primeiro impacto do filme, com uma Eliana andando pelas ruas como uma diva francesa - ainda que logo depois corra para cá e para lá no melhor estilo da velha malandragem carioca. Eliana e John Herbert têm química perfeita, e a escolha do garoto Marinho também resulta em acerto na escalação. Sem perder a ingenuidade que marcaram os filmes da Atlântida, mas com um passo além por fazer de mocinha uma mulher de moral mais que duvidosa, Maria 38 é bom título da Produções Watson Macedo e tem Oswaldo Massaini como produtor associado.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

segunda-feira, 19 de julho de 2010

longas brasileiros em 2010 (163)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

163 - A Capital dos Mortos (2008), de Tiago Belotti ***

O Secretário Nacional de Audiovisual Newton Cannito defendeu, na semana passada, no Festival de Paulinia, a necessidade do cinema brasileiro realizar filmes de gênero, como de terror e de caubói. Ora, o Secretário está muito mal informado, pois o Cinema de Bordas está aí para comprovar que esse cinema de gênero existe sim e cada vez mais pulsante. E mais, é exatamente por ser de gênero, que, paradoxalmente à fala do secretário, esse cinema continua nas bordas, pois dificilmente os burocratas que selecionam projetos para patrocínio sequer os olham com um mínimo de interesse. Um exemplo do cinema de horror que o Secretário clama, inclusive, está em seu próprio quintal. É Capital do Mortos, dirigido por Tiago Belotti, e com trama passada não apenas em Brasília, mas com a própria cidade como tema. Em 1883, em Turim, um padre prevê a construção de uma nova cidade, moderna e planejada. Mas prevê também que se em três gerações o homem não for absolvido de seus pecados essa mesma cidade será palco do ressuscitar dos mortos que, por fim, a dominará. Bom, saberemos que essa cidade é Brasília, e já antevemos, pela podridão que circula pela planície sem trégua, que a vinda dos mortos-vivos é mais que certa. No filme, acompanhamos a tentativa de sobrevivência de um grupo de amigos em meio à população dividida entre caça e caçador, já que os Zumbis têm fome inesgotável e aos bandos cerceiam qualquer tentativa de fuga. Esse ótimo argumento deu origem a um roteiro criativo assinado por Mikael Bissoni e Beloti. Filme de terror cresce, e muito, quando não está apenas interessado em promover sustos, mas também nos fazer torcer por seus personagens. E é o que acontece nesse A Capital do Mortos, mérito do roteiro, da direção e também dos atores. O filme começa bem, com duas garotas dando um balaço enquanto fazem turismo na cidade do poder, até que os primeiros zumbis aparecem e no melhor estilo homofóbico botam as meninas para correr. Ainda assim de início desconfiamos um tanto da veracidade da trama, pois na primeira parte do filme vemos o grupo de amigos se espantando com a novidade macabra, mas lá ao fundo, nas largas avenidas, o trânsito fluindo normal como se todos estivessem normalmente indo para as repartições para baterem o ponto. Mas é quando a história avança, a cidade dá cada vez mais lugar para os mortos-vivos e já estamos interessados naqueles personagens é que o filme pega mesmo no tranco e nos seduz por completo. A Capital dos Mortos poderia ter uma fotografia melhor, mas o elenco segura bem o filme, sobretudo Yan Klier, Pablo Peixoto, Gustavo Serrate e Laura Moreira.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie deusas (134)


Candice Bergen.





Nu!!!

domingo, 18 de julho de 2010

longas brasileiros em 2010 (162)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

162 - O Azarento - Um Homem de Sorte (1973), de João Bennio *

Obs.: não consegui imagem do filme

Ele nasceu no dia 13 de agosto, uma sexta-feira 13, às 13h, em um ano bissexto. Essa apocaliptica conjunção dos astros fez dele um pé-frio de marca maior. Aliás, um Azarento, como todo mundo o chama, isso quando não correm feito diabo da cruz com a simples presença do moço. Todos são categóricos: ele dá um tremendo azar! Certo dia se cansa, e apoiado pela mãe, resolve ir de mala e cuia para um cidade grande onde ninguém lhe conhece. Mal sabe ele que o desastre será ainda maior, pois colocará Goiânia de pernas para o ar com sua inocente presença. O Azarento - Um Homem de Sorte é uma produção rodada em Goiás, em Piracanjuba e em Goiânia, e prólogo no Rio de Janeiro. A direção é do cineasta e produtor João Bennio, que nasceu em Minas Gerais mas mudou-se para Goiânia e lá fundou a Bennio Produções Cinematográficas, em 1976. Esse Azarento chama a atenção de início, com cenas engraçadas envolvendo o protagonista - a mãe que jura a Deus e é quase atingida na cabeça, o enterro desastroso por causa de um ataque de marimbondos. Mas fica difícil levar a cabo a mesma piada interminantemente, pois é isso que acontece o filme inteiro, já que basta ele aparecer e tudo vira um quiproquó, o trânsito, o comércio, a delegacia, o corpo de bombeiros. Daí o que de início parece um boa idéia acaba se esgotando em menos de quinze minutos - em um filme de uma hora e quatorze - pois não há propriamente uma trama só mesmo essas situações de confusão. Paschoal Guida, o protagonista, fez carreira de quase uma dúzia de filmes e é também compositor e músico - a canção-tema do filme é de sua autoria. Nos créditos iniciais Sandra Barsotti (foto) está ao seu lado, mas na verdade a musa, aqui em um de seus primeiros filmes, só aparece mesmo quase ao final no tal prólogo rodado em solo carioca - é praticamente apenas uma única cena estendida, em que é assediada por pretendentes, cada um mais feio e mal-ajambrado que o outro, e que nos faz concordar inteiramente o porquê da moça não escolher nenhum deles. Ainda no elenco, participações especiais de Henriqueta Brieba e Rodolfo Arena como o casal feliz que briga em frente às câmeras em programa de TV apresentado pelo humorista Geraldo Alves agitando os óculos feito um Flávio Cavalcanti - o próprio Bennio também faz participação. Infelizmente, O Azarento - Um Homem de Sorte é filme que não se sustenta, ainda que tenha na direção de fotografia e na câmera a presença luxuosa do mestre Dib Lutfi.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie grandes damas da tv (65)


Annamaria Dias.




Salve Salve!