sábado, 6 de novembro de 2010

serie deusas (155)


Susan Hayward.






Nu!!!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (249)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

249 - Reflexões de um Liquidificador (2010), de André Klotzel ****


Politicamente incorreto por natureza, o humor negro não é tão utilizado no cinema brasileiro como deveria. Daí que se deparar com esse Reflexões de um Liquidificador faz gáudio imediato na alma não só pelo uso inteligentíssimo do gênero, como também por trazer de volta às telas o cinema sempre talentoso do paulista André Klotzel. Como Suzana Amaral e seu A Hora da Estrela (1985), Klotzel também estreou em longas no mesmo ano e fazendo barulho com o igualmente inesquecível Marvada Carne. E como Amaral, ainda não realizou outro filme que nem, ainda que ambos desenvolveram trajetória de interesse sempre - dela: o terno Uma Vida em Segredo (2001) e o ótimo Hotel Atlântico (2009); dele: o bacana Capitalismo Selvagem (1993) e o assim assim Memórias Póstumas (2001). Com roteiro de José Antonio de Souza, Reflexões de um Liquidificador bota o cujo para narrar os estranhos acontecimentos na casa de uma família de classe média formada pelo casal de comerciantes Germano Haiut e Ana Lúcia Torre. Depois que eles têm que fechar a lanchonete em que trabalham, ele vira vigia e ela dona de casa que redescobre a arte de empalhar animais para fazer um troco ao quebrar a perna e ficar de molho. Certo dia ela escuta o velho liquidificador, que ficou de herança do antigo comércio, chamando por seu nome e, passado o susto, acabam se tornando confidentes. Até que o marido desaparece, ela dá queixa na polícia e o delegado Zecarlos Machado bota o controvertido investigador Aramis Trindade para cuidar do caso. Presença de destaque nos últimos filmes de Sérgio Bianchi, Ana Lúcia Torre tem aqui o papel de sua vida e não desperdiça esse grande momento em um fotograma sequer. Como Elvira ela está absolutamente genial trafegando na linha fina de uma trama que poderia cair facilmente no risível e no ridículo nas mãos de outra atriz sem tamanha verve e precisão. Klotzel é bam bam bam na escolha de elencos - o carteiro Marcos Cesa e a vizinha fogosa Fabiúla Nascimento são também provas disso - e aqui só errou talvez na escolha de Selton Mello para fazer o liquidificador. Como o ótimo ator tem voz inconfundível - e pode ter sido escolhido também por isso - talvez se fosse uma voz marcante, mas desconhecida, o inusitado personagem ganharia outro relevo - ainda que acreditemos piamente no liquidificador, nem sempre dá para esquecer que a voz que estamos ounvido é do ator. Mas isso é apenas um detalhe que incomada às vezes, ainda que não chegue a comprometer o resultado, Ao mostrar a absurda situação com tintas absolutamente realistas, possíveis e cotidianas, chave perfeita para que o melhor do humor negro se instale, Klotzel mostra que está em grande forma. Definitivamente é cineasta que não pode, e nem deve, ficar tanto tempo longe das telas.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (248)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

248 - Estrada para Ythaca (2010), de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes, Ricardo Pretti ***

Ainda que não seja com a intensidade de produção que tem que ser - e que esperamos que seja um dia - nos últimos anos tem sido possível realizar filmes fora do eixo Rio-São Paulo que não ficam restritos apenas aos locais de origem. E muito disso deve ser creditado aos festivais de cinema que, mais que vitrines de exposição, problematizam essa produção, seja na imprensa que cobre os eventos e também em debates e premiações - o Canal Brasil é outro fator essencial. A produção cearense Estrada para Ythaca é um bom exemplo, pois saiu da Mostra de Cinema de Tiradentes desse ano com o prêmio da Mostra Aurora - seleção que acontece dentro do evento e que premia filmes de novos realizadores - e foi visto pela imprensa de várias partes do país que estiveram lá para a cobertura. Boa parte dessa produção fora do eixo aposta em estéticas de ruptura, em que a forma de contar interessa muito mais do que o contar - e que é, afinal, uma das especifidades do cinema. Como nesse Estrada para Ythaca, cujo enredo é praticamente substituído pelo espírito de camaradagem de seus protagonistas do que qualquer efeito mirabolante na trama. Aqui, é a estrada o mais importante, como no poema do grego Konstantínos Kaváfis, usado como epígrafe e sinopse "Mantenha sempre Ythaca em sua mente. Chegar lá é sua meta final, Mas não tenha pressa na viagem. Melhor que dure vários anos; E ancore na ilha quando você estiver velho, Com todas as riquezas que você tiver adquirido no caminho, sem esperar que Ythaca irá enriquecê-lo. Ythaca terá lhe dado a linda viagem. Sem ela você nunca teria partido, E ela não poderia dar-lhe mais... Tão sábio que serás, com todo conhecimento, Já terás entendido o que significa Ythaca". O filme foi dirigido a oito maõs pelos Irmãos Pretti & Primos Parente, que também protagonizam o filme - Luiz Pretti, Ricardo Pretti, Guto Parente e Pedro Diógenes. Depois da morte de um integrante da turma, quatro amigos bebem todas e saem de carro em direção à idílica Ythaca. Durante a trajetória chapam mais ainda, vivenciam o momento de dor pela perda e alegria pela camaradagem, enquanto os próprios caminhos do cinema se reafirmam em escolhas estéticas e éticas - em determinada sequência uma encruzilhada sinaliza dois caminhos: o cinema de aventura e o cinema de risco. Como muitas vezes acontece com filmes muito incessados, quando se consegue finalmente vê-los a alta expectativa pode acabar não se confirmando totalmente. Estrada para Ythaca tem momentos de grande beleza, sobretudo de linguagem, com imagens poderosas em que alguns planos e aúdios se agigantam na tela. E se não seduz de cabo a rabo, o interesse permanece na sua pouco mais de uma hora de projeção.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie grandes damas da tv (86)


Cleyde Blota.




Salve Salve!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (247)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

247 - Belair (2009), de Noa Bressane e Bruno Safadi ***

Belair, de Noa Bressane e Bruno Safadi, é mais um documentário que usa farto material de arquivo. Só que aqui os diretores optaram por uma ambiência em que o entorno circula - ou pelo menos busca de certa forma isso - na mesma chave desse material. Como se sabe, a Belair foi a produtora que reuniu em 1970 os cineastas Rogério Sganzerla e Julio Bressane, mais a musa Helena Ignez e toda uma trupe - com destaque especial para Maria Gladys - e que produziu sete filmes durante apenas quatro meses. De fevereiro a maio daquele ano vieram à tona A Família do Barulho (Bressane); Carnaval na Lama (Sganzerla), Barão Olavo, O Horrível (Bressane); Copacabana Mon Amour (Sganzerla); Cuidado Madame (Bressane); Sem Essa Aranha (Sganzerla); e a Miss e o Dinossauro, esse uma espécie de making off dos dois últimos - Carnaval desapareceu, de a Miss ficaram algumas imagens. Esse bloco compõe bela página do Cinema Marginal, movimento que agregou muitos outros nomes, como Andrea Tonacci, Carlos Reichenbach, Elyseu Visconti e Jairo Ferreira. A admiração e o reconhecimento de identidade entre Rogério e Julio foi recíproca - A Mulher de Todos (1969), do primeiro, e O Anjo Nasceu (1969), do segundo, foram exibidos no mesmo Festival de Brasília daquele ano - e Rogério foi procurar Julio no hotel de madrugada para conversa que renderia a parceria, a amizade e todo um projeto de cinema. Em O Anjo Nasceu ficamos frente à uma sequência perturbadora. Nela, a câmera fixa em uma estrada durante longos minutos sintetiza em muito o que foi o Cinema Marginal, que pelo registro de exasperação refletia em muito a falta de caminhos para o Brasil afundado nas trevas das ditadura militar. Esse Belair começa um pouco assim, mas em registro diverso, com um barco deslizando pelo mar sem pressa e atravessado pelo sol, compondo bela imagem em estética e em signo decifratório do que viria a seguir. As imagens dos filmes focalizados continuam modernas e impactantes, e ver Ignez, Gladys e Guará Rodrigues- trio infernal do movimento - mais Jorge Loredo, Luiz Gonzaga e Grande Otelo é deleite puro. Noa e Bruno - ele, diretor do interessante Meu Nome é Dindi (2007) - buscam o Julio, Helena e Maria atuais, que assistem trechos do filmes, contam histórias e fazem pequenas observações. Do lado de cá, acompanhamos essa bela viagem e, de quebra, vemos todo um Brasil desfilar pela tela. Ainda que como nas querelas de Aldir Blanc - "o Brasil não conhece o Brasil" - muitos ainda hoje não conheçam essa, entre muitas outras, faces do país.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (246)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

246 - Memória Cubana (2010), de Alice de Andrade **1/2

A maior parte da produção de documentários parte mesmo de depoimentos ou de material de arquivo, ou ainda dos dois juntos. Alguns conseguem fazer grande cinema, como Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho, no primeiro caso; Nós que aqui Estamos por vós Esperamos (1998), de Marcelo Masagão, no segundo; e Loki - Arnaldo Baptista (2009), de Paulo Henrique Fontenelli, no terceiro. Todos podem resultar em xabú, mas é naqueles que usam grande parte de material de arquivo - e acabou recentemente o Recine, festival sobre o tema - que a cilada pode ser ainda maior. Isso porque às vezes as imagens originais calham de ser tão impactantes que o entorno dificilmente dialogue em pé de igualdade ou mesmo em um patamar de interesse por ele mesmo. É mais ou menos o que acontece com esse Memória Cubana, de Alice de Andrade e Iván Nápoles. O filme coloca na tela os Noticieiros ICAIC - Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos - registros produzidos pelo governo desde a revolução cubana até os anos 1980. A nova Cuba entendeu, desde o ínicio, o poder do cinema como veículo indispensável para propagação e defesa de seu modo de ver o mundo. Daí foi montado uma equipe de bambas que, durante trinta anos, registrou momentos históricos importantes em vários países da África, Europa e América Latina - Brasil, inclusive - além da própria terra natal. Esses filmes acabaram ultrapassando seu objetivo central pelo talento dos envolvidos - Santiago Álvarez, Iván Nápoles, Marta Rojas e muitos outros - e hoje todo esse material foi tombado pela Unesco como Memória do Mundo. As imagens são tão acachapantes e de beleza e importância histórica tão absolutas, que quando o relato sai delas para os atuais depoimentos ou mesmo para as panorâmicas sobre a ilha de Fidel fica uma comparação por si só injusta, mas ainda assim indesviável - e a narração, parece que da própria Alice, também não ajuda muito, como também é o caso da montagem um pouco confusa da diretora e de Tainá Menezes. Alice de Andrade é filha do GRANDE Joaquim Pedro de Andrade e estreou em longas com o interessante Diabo a Quatro (2003). Aqui, tem na co-direção a presença luxuosa de Ivan Nápoles, fotógrafo do ICAIC, parceiro de muitos noticieiros de Santiago Álvarez que estão no filme. Memória Cubana é documentário de relevância, mesmo como divulgação e compartilhamento desse rico tesouro fílmico. Mas é sobretudo no objeto real em foco que está o grande cinema, e não fora dele.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

domingo, 31 de outubro de 2010

longas brasileiros em 2010 (245)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

245 - Terra Teu, Terra Come (2010), de Rodrigo Siqueira ****

Rodrigo Siqueira é um cineasta mineiro há quase uma década radicado em São Paulo. E foi na paulista Videofilmes de Walter Salles e João Moreira Salles que encontrou abrigo para fazer esse seu "Terra Deu, Terra Come". Vencedor do último Festival É Tudo de Verdade, de Amir Labaki, no filme o diretor volta ao estado natal e mergulha naquele universo do sertão entranhado na obra de Guimarães Rosa, aqui não menos emaranhado pela cultura afro-brasileira. E é no encontro dessas tradicões mineiras e africanas, que Terra Deu, Terra Come faz mergulho de resgate e de respiro a partir de personagem gigante, o garimpeiro Pedro de Almeida. Morador do quilombo Quartel do Indaiá, distrito de Diamantina, em Minas Gerais, ele é também mestre de cerimônias de velórios e de cortejos fúnebres fincados nas raízes da cultura negra - e confessa mais de uma vez seu receio de que a tradição se perca. Daí, acompanhamos uma dessas cerimônias com a morte de outro morador do lugar, João Batista, longevo em seus possíveis 100 ou 120 anos e apreciador contumaz de cachaça. Pedro de Almeida, a esposa e outros habitantes participam desse ritual e nos permite conhecer tudo aquilo, ao mesmo tempo em que recontam a própria história do garimpeiro. Relatos sobre diamantes, tesouros enterrados e diabo querendo roubar o corpo dos mortos desfilam pela tela e nos desafia a seguir o fio da meada de universo aparentemente tão distante e ao mesmo tempo com ecos tão profundos e misteriosos em todos nós - somos muito daquilo, muito mais do que queremos ou possamos admitir ou saber. Ainda que às vezes se alongue desnecessariamente, o filme prende a atenção e ecoa mesmo muito tempo depois do visto. Terra Deu Terra Come é mais um título a explorar com inteligência os limites entre a realidade e a representação no documentário, além de contar com personagens absolutamente sedutores em sua rusticidade e poesia dual Roseana/africana do sertão.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie deusas (154)



Maria Falconetti.




Nu!!!