segunda-feira, 1 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (246)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

246 - Memória Cubana (2010), de Alice de Andrade **1/2

A maior parte da produção de documentários parte mesmo de depoimentos ou de material de arquivo, ou ainda dos dois juntos. Alguns conseguem fazer grande cinema, como Edifício Master (2002), de Eduardo Coutinho, no primeiro caso; Nós que aqui Estamos por vós Esperamos (1998), de Marcelo Masagão, no segundo; e Loki - Arnaldo Baptista (2009), de Paulo Henrique Fontenelli, no terceiro. Todos podem resultar em xabú, mas é naqueles que usam grande parte de material de arquivo - e acabou recentemente o Recine, festival sobre o tema - que a cilada pode ser ainda maior. Isso porque às vezes as imagens originais calham de ser tão impactantes que o entorno dificilmente dialogue em pé de igualdade ou mesmo em um patamar de interesse por ele mesmo. É mais ou menos o que acontece com esse Memória Cubana, de Alice de Andrade e Iván Nápoles. O filme coloca na tela os Noticieiros ICAIC - Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos - registros produzidos pelo governo desde a revolução cubana até os anos 1980. A nova Cuba entendeu, desde o ínicio, o poder do cinema como veículo indispensável para propagação e defesa de seu modo de ver o mundo. Daí foi montado uma equipe de bambas que, durante trinta anos, registrou momentos históricos importantes em vários países da África, Europa e América Latina - Brasil, inclusive - além da própria terra natal. Esses filmes acabaram ultrapassando seu objetivo central pelo talento dos envolvidos - Santiago Álvarez, Iván Nápoles, Marta Rojas e muitos outros - e hoje todo esse material foi tombado pela Unesco como Memória do Mundo. As imagens são tão acachapantes e de beleza e importância histórica tão absolutas, que quando o relato sai delas para os atuais depoimentos ou mesmo para as panorâmicas sobre a ilha de Fidel fica uma comparação por si só injusta, mas ainda assim indesviável - e a narração, parece que da própria Alice, também não ajuda muito, como também é o caso da montagem um pouco confusa da diretora e de Tainá Menezes. Alice de Andrade é filha do GRANDE Joaquim Pedro de Andrade e estreou em longas com o interessante Diabo a Quatro (2003). Aqui, tem na co-direção a presença luxuosa de Ivan Nápoles, fotógrafo do ICAIC, parceiro de muitos noticieiros de Santiago Álvarez que estão no filme. Memória Cubana é documentário de relevância, mesmo como divulgação e compartilhamento desse rico tesouro fílmico. Mas é sobretudo no objeto real em foco que está o grande cinema, e não fora dele.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários:

  1. gostei de "rico tesouro fílmico". vocabulário cada vez mais rico. daqui a pouco vc terá seus próprios termos, by adilson marcelino. rsrsr.. bjos!

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