sábado, 13 de fevereiro de 2010

longas brasileiros em 2010 (34)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

034 - Estranho Encontro (1957), de Walter Hugo Khouri *****

Um dos filmes mais conhecidos da primeira fase de Khouri, pois foi exibido várias vezes na TV - mesmo que há muito tempo não mostra a cara na telinha. Estranho Encontro é o segundo filme do diretor e ainda que seja na composição bem diverso de outros de seus trabalhos, pois está a serviço de uma direção mais clássica, já se percebe aí o estilo que ele desenvolverá posteriormente e que o fará nome-farol no cinema brasileiro. Mário Sérgio encontra Andrea Bayard perdida e desesperada na estrada e a leva para a casa de sua amante Lola Brah, onde a esconde dela e dos olhos curiosos do caseiro Sérgio Hingst, e ainda a protege de Luigi Picchi, de quem ela foge. Como já se disse a direção é clássica, mas além disso não ser sinônimo de deficiência, essa escolha estética em nada diminui o resultado, que é completamente envolvente. E muito do que é caro ao cineasta já está lá: a fotografia esmerada, a trilha sonora personalíssima, o urdimento de um clima de mistério existencial, a ótima direção de atores, e mulheres deslumbrantes. Bayard está bem como a frágil Júlia, mas quem rouba a cena mesmo é Lola Brah, essa atriz absolutamente imprescindível na história do cinema nacional. Lola dá uma dignidade ofendida à sua personagem e exala sensualidade altiva, ainda que consciente de seus limites. Já no elenco masculino, ainda que todos estejam bem, é Sérgio Hingst que também leva a melhor em uma composição de desafio impertinente. Estranho Encontro já foi porta de entrada para muita gente adentrar o cinema de Khouri, e com apenas uma casa de campo e cinco atores ele fez um filme que é um belo cartão de visitas de um mestre.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

longas brasileiros em 2010 (33)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

033 - Bonitinha, mas Ordinária ou Otto Lara Resende (1981), de Braz Chediak ****

Nelson Rodrigues, felizmente, sempre despertou interesse em nossos cineastas. Mas no inicinho da década de 1980 foi uma verdadeira coqueluche, pois invadiu as telas - e também a TV, e resultou em filmes nem sempre exaltados pela crítica, mas que provocam interesse renovado - e sobretudo para aqueles que conferiram aqueles lançamentos in loco e agora borboleteam na poltrona em gozo engolfado em diversão zéferiana. O cineasta Braz Chediak atacou de três filmes na época e, esperto, se cercou de elencos fabulosos, o que é crucial quando se trata do universo deciosamente crítico-divertido-chocante-pervertido do genial dramaturgo. E em Bonitinha, mas Ordinária, que já tinha originado outra bela produção em 63 dirigida por Billy Davis, não foi diferente. Chediak tem uma direção segura e entende do riscado - é um cineasta que precisa ser mais reverenciado. E ao reunir Lucélia Santos, gigante - a protagonista que é deflorada e para a qual é providenciado um marido para assegurar a honra da família; e mais José Wilker, Vera Fischer, Milton Moraes, Carlos Kroeber, Sonia Oiticica, Henriette Morineau, Monah Delacy, Miriam Pires e Rubem Correa, criou o sustentação ideal para que os diálogos precisos de Nelson soem aos nossos ouvidos como mel conspurcado de esperma e suores. É filme a que se assiste com órgãos genitais hesitantes em ficar duros e molhados, pois com medos ancestrais de serem decepados à lâmina de navalha.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

serie deusas (104)


Annie Girardot.





Nu!!!

serie grandes comediantes (20)


José Santa Cruz , o Jojoca.




Deuses do riso.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

longas brasileiros em 2010 (32)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

032 - A Negação do Brasil (2000), de Joel Zito Araújo ****

O cinema de tese, aquele modelo de produção em que os realizadores fazem um filme engessado para referendar o que acreditam ou querem dizer, quase sempre é uma cilada. Mas esse não é, de forma alguma, o caso de A Negação do Brasil, ainda que a intenção de Joel Zito Araújo esteja claríssima já no título do filme. E não é porque interessa também como cinema. O cineasta e pesquisador traça um painel da participação dos atores negros na história da telenovela brasileira, que, como se sabe, é janela de entretenimento e repassadora e construtora de valores simbólicos para a maior parte da população brasileira. Para quem já botou pelo menos um olho, e é difícil encontrar alguém que não, nessa avalanche que é a novela brasileira, assistir ao filme é reencontrar momentos memoráveis dentro do recorte apresentado. E aí estão cenas como o embate entre a explosão da mãe alemã Gertrude de Elisabeth Hartman na defesa do filho negro com os vizinhos em Meu Rico Português (1975), de Geraldo Vietri; ou ainda a inesquecível vilã Rosa de Léa Garcia em Escrava Isaura (1976/77), de Gilberto Braga. Aliás, ótima sacada do diretor em reunir Léa Garcia, Ruth de Souza, Cléa Simões e Maria Ceiça para reverem algumas cenas, como foi feliz também nos depoimentos de Zezé Motta, Walter Avancini e Herval Rossano, esses últimos se justificando, sem muita força de convencimento, o fato de Escrava Isaura e Gabriela não terem sido protagonizadas por atrizes de perfil afro-descendente. Em A Negação do Brasil, que também é livro, Joel Zito Araújo bota no meio da sala da classe média brasileira e dos que se auto-proclamam cabeças pensantes aqueles que, historicamente, essas mesmas classes adoram confinar em quartinhos sufocantes e abjetos, em uma reprodução perversa e and infinitum das casas grandes e senzalas.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie grandes cineastas (28)


Tata Amaral.




Patrimônio nacional.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

longas brasileiros em 2010 (31)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

031 - FilmeFobia (2007), de Kiko Goifman **1/2

Misto de documentário e ficção, em FilmeFobia Jean-Claude Bernardet é um diretor de um documentário que registra o instante derradeiro dos fóbicos diante de suas fobias. E aí vale tudo, desde as mais casuais como medo de ser enterrado e de agulhas até medo de botões e de palhaço. Ficou famosa a frase dita por Jean-Claude no filme:"a única imagem verdadeira é a de um fóbico diante de sua fobia". Só que ele mesmo, em entrevistas, elucidou dizendo que muitas palavras que estão na boca de seu personagem não condiz com o que ele pensa. Só que vendo o filme, não faz muita diferença se o que ele diz é fato ou não, pois a força não está nas digressões que pontuam toda a fita, mas na construção das imagens. Como se um cientista maluco tivesse se malocado em uma câmera de terror das produções da Hammer, as engenhocas que lançam os fóbicos no universo de seus pesadelos divertem e, ao mesmo tempo, dão sustentação para a atmosfera de estranhamento pela qual aqueles personagens purgam seus temores. E quando vemos o resultado das fotos tiradas durante o processo, instala-se uma competição imediata entre onde há mais beleza, se nelas ou se nelas em movimento - fotogragafia versus cinema. Se por um lado temos instantes fracos de construção como os dos botões e dos paus de borracha, por outro temos imagens arrebatadoras, como a de Débora Duboc na foto acima. Mas no todo, nem sempre o filme fascina e mantém o interesse.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie grandes damas da tv (44)


Lilian Lemmertz.




Salve Salve!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

longas brasileiros em 2010 (30)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

030 - Carnaval Atlântida (1952), de José Carlos Burle ****

Carnaval Atlântida é um clássico absoluto do cinema nacional. E o acerto já vemos logo de cara na placa que identifica o poderoso produtor de cinema que manda no pedaço: Cecílio B. de Milho. E é ele que quer fazer um filme sobre Helena de Tróia, mas tendo à sua volta Oscarito, Eliana, Grande Otelo, Colé, José Lewgoy, Cyll Farney, Wilson Grey e a cubana Maria Antonieta Pons já antevemos que tudo vai mesmo é acabar em chanchada. O roteiro do filme é ótimo, e se ele não funciona em todos os momentos - há muitos números musicais fracos e situações sem muita graça - quando acerta é para deixar centenas de filmes no chinelo. Quando? como na hilária cena entre Páris e Helena na pele de Lewgoy e Oscarito; ou no mambo esfuziante e esquizofrênico de Pons e outra vez Oscarito; ou ainda nos saracoteios de Otelo se virando com uma túnica grega. Carnaval Atlântida reúne mestres da chanchada - Burle, Carlos Manga (direção de números musicais), Victor Lima (co-argumento e co-roteiro), e ainda tem ótimos números como os de Blecaute, Maria Antonieta Pons e Nora Ney. Lição de antropofagia para regalo oswaldiano.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

serie deusas (103)


Debora Kerr.




Nu!!!

longas brasileiros em 2010 (29)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

029 - Viva Sapato! (2003), de Luiz Carlos Lacerda *1/2

Um sapato, daqueles que as mariconas - já que estamos em Cuba - adoram botar no pé para rumbar nos inferninhos, é o elo simbólico de ligação que une Brasil e a terra de Fidel nesse filme dirigido por Luiz Carlos Lacerda, o Bigode. Já que é no salto dele que está o dinheiro que uma cubana que vive no Rio de Janeiro enviou clandestinamente para sua sobrinha na Ilha para que possam abrir um restaurante. Mas tendo que vender o almoço para garantir o jantar e sem saber do conteúdo escondido, a moça vende o sapato e depois passa o filme todo procurando por seu paradeiro. Só que durante esse trajeto, o tortuoso caminho do sapato do título desperta interesse quase nenhum, e o que vem para a boca de cena são os casos de amor, paixão e sexo, trindade professada com gosto, seja por cubanos ou brasileiros. Bigode dirige longas desde a década de 70 e tem no curriculo o interessante O Princípio do Prazer (1979), e o afetuoso Leila Diniz (1987). Na época do lançamento de Viva Sapato! bateram muito no filme, nem sempre justamente. Só que é mesmo quase impossível não sentir um certo incômodo ao assistir a fita, algo como se Pedro Almodovar tivesse invadido, sem querer, as novelas de Gloria Magadan em remake de Glória Perez.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

longas brasileiros em 2010 (28)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

028 - Procuradas (2004), de José Frazão e Zeca Pires **

Procuradas é dirigido pelo veterano José Frazão (em co-direção com Zeca Pires), diretor do bacana J.S. Brown, O Último Herói (1980). Aqui, a trama policial é sobre o universo das garotas de programa, tema de um documentário. Em suas pesquisas, a diretora do doc acaba chegando ao desaparecimento de duas garotas e resolve, junto à irmã de uma delas, investigar o caso. As coisas não funcionam muito organicamente nessa produção rodada em Florianópolis. É como se o interesse maior estivesse em algo que escapa às quatro mãos dos diretores e a gente fica procurando o que é exatamente essa lacuna durante todo o filme. E isso que nos foge parece querer vir à tona em vários momentos, seja na aparição estonteante de Cláudia Liz ou na presença perturbadora de Larissa Bracher. Só que acaba sempre submergindo em desvios, como o caso frouxo de amor entre a documentarista (Rita Guedes) e um jornalista (Juan Alba), ou algumas performances falso-picantes-existenciais das meninas.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

serie grandes comediantes (19)


Walter D' Ávila.




Deuses do riso.