sexta-feira, 26 de junho de 2009

ben


Michael Jackson.


1958 - 2009.

as panteras


As Panteras é um dos seriados mais amados de minha adolescência.

Época também de Mulher Biônica e O Incrível Hulk- outros que não perdia.

Daí que fiquei feliz em saber que as outras Panteras, Kate Jackson e Jaclyn Smith, permaneceram amigas de Farrah Fawcett até o fim da vida - e a visitavam quando doente.

As garotas do Charlie animaram as minhas tardes:

- Jill (Farrah), Sabrina (Jackson) e Kelly (Smith) - foto, e também a Kris de Cheryl Ladd - que substituiu a personagem de Farraw quando ela saiu da série.

Ótimas lembranças.

serie deusas (53)


Farrah Fawcett.


Nu!!!

longas brasileiros em 2009 (17)


Longas brasileiros assistidos ou revistos em 2009 no cinema, em DVD e na televisão.

112 - Romance da Empregada (1987), de Bruno Barreto *****

113 - Falsa Loura (2007 - foto), de Carlos Reichenbach *****

114 - Xica da Silva (1976), de Carlos Diegues *****

115 - A Ilha dos Prazeres Proibidos (1979), de Carlos Reichenbach *****

116 - O Segredo da Múmia (1982), de Ivan Cardoso *****

117 - Cidadão Boilesen (2009), de Chaim Litewski ****

118 - Juventude e Ternura (1968), de Aurélio Teixeira ***

119 - Adagio Sostenuto (2008), de Pompeu Aguiar ***

120 - Barrela (1990), de Marco Antonio Cury ***

121- Um Homem de Moral (2008), de Ricardo Dias **

122 - Garota Dourada (1984), de Antonio Calmon *

Cotações:
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

quarta-feira, 24 de junho de 2009

último dia na 4ª Cineop


Já estou em BH, mas não posso deixar de falar do último dia da 4ª Cineop ontem.

À tarde foi a vez das entrevistas e depoimentos:

- a cineasta Clarissa Campolina; a coordenadora Raquel Hallak; o curador Cléber Eduardo; e o cineasta Vébis Junior.

Depois foi correr para a pousada, tomar um banho rápido e ir para o Cine Vila Rica para acompanhar as exibições de encerramento.

O Cine Vila Rica exibiu, em pré-estréia, o documentário Notas Flanantes, média da cineasta mineira Clarissa Campolina.

O filme surgiu a partir de uma oficina que Clarrisa fez com o cineasta iraniano Abbas Kiarostami. Segundo a diretora, em determinado momento ele pediu que seus alunos descrevessem a cidade em que eles acordam todos os dias.

Clarissa teve uma dificuldade enorme em responder a pergunta. Ela, que nasceu em Brasília, mas mora em Belo Horizonte desde os dois anos de idade, buscou essa resposta nesse documentário - A entrevista de Clarissa estará em breve no site Mulheres do Cinema Brasileiro.

Clarissa Campolina é uma das sócias da Teia, produtora mineira de relevância, com trabalhos exibidos no Brasil e em outros países.

A cineasta adotou um procedimento. Ela dividiu o mapa de Belo Horizonte em quadrante, cada um deles com uma numeração distinta. Daí, saia de casa a cada dia para registrar somente o quadrante sorteado - alguns já conhecia, outros não.

Notas Flanantes persegue a estética que, de certa forma, aproxima os integrantes da Teia, como Helvécio Marins e Marília Rocha. Nos filmes da Teia, a aproximação com o objeto se dá a partir de uma aposta de linguagem, e por isso os filmes não são, para o público convencional, de digestão imediata.

É difícil o escoamento de filmes em formato média, pois se ao falar de exibição os curtas já são um tanto marginais no circuito - acabam tendo como vitrine apenas os Festivais ou o Canal Brasil e TVs educativas, o média é ainda mais marginal.

Campolina sabe disso, mas confessou que não conseguia tirar nada para virar um curta e nem acrescentar para virar um longa.

Notas Flanantes ficou com 45 minutos e, ainda que em alguns momentos não empolgue, sobretudo na utilização da narração - em minha avaliação um dos recursos mais difíceis e perigosos em qualquer filme, tem outros tantos momentos bem bacanas e de solução estética sedutora.


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O filme que marcou mesmo o encerramento foi a pré-estréia de Cidadão Boilesen, de Chaim Litewski., sobre o dinamarquês que veio para o Brasil, onde se tornou grande e poderoso empresário do Grupo Ultra.

Ainda que a linguagem pop e a montagem um tanto maniqueísta incomode, gostei muito do filme.

Desconhecia por completo a história do personagem, predidente da Ultragás, que durante a ditadura militar representou a ponte de financiamento e apoio político entre o empresariado, sobretudo paulista, e os militares.

Segundo o filme e depoimentos de ex-militantes e de integrantes da Forças Armadas, Boilesen chegava, inclusive, a assistir e participar das torturas aos presos políticos.

Desconhecia também que o filme Pra Frente Brasil, de Roberto Farias, faz link direto com essa história - ainda que não seja biografia do personagem.

Gostei muito de Cidadão Boilensen.

Mas tenho que confessar meu desapontamento com essa história.

É que, quando criança, tinha adoração pelo jingle dos botijões Ultragás, que dizia assim:

- Terça sim , terça não,
Ultragás aí no seu portão.

Adorava e chegava a ir para a porta para ver o caminhão de gás, e tinha uma certa antipatia pelo concorrente Liquigás, que vinha um tanto sujos, ao contrário dos botijões da Ultragás, que vinham sempre limpinhos e impecáveis.

Mal sabia eu que os caminhões eram usados para impedir a fuga de militantes.

E ao saber assistindo ao filme fiz a maior cara a la Maysa de "meu mundo caiu".

Vejam só.
Quanta alienação!

Ainda que a sala não estivesse muito cheia, pois foi sessão em plena terça-feira, como início depois das 22h - antes teve a cerimônia de encerramento, não vi a platéia muito seduzida pelo filme não, os aplausos foram tímidos.

Eu gostei muito.

Na abertura o diretor Chaim Litewski - que parecia estar um pouco chumbadinho, disse que o filme dele tinha o que dizer, que ele tinha assistido alguns filmes da Cineop e percebeu que todos eles tinham o que dizer.

Achei um tanto tola a apresentação dele, já que todo filme tem o que dizer para mim, por mais que seja algo descartável.

Mas ao final tive que concordar com ele, pois Cidadão Boilesen tinha muito o que dizer.

Além de me remeter para os meus tempos de colaboracionismo involuntário.

ADENDO
Vejam nos comentários, correção e alfinetada do montador e produtor de Cidadão Boilesen, Pedro Asberg


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Saiu o balanço da Cineop - 4ª Cineop Mostra de Cinema de Ouro Preto.

Segundo a organização, a mostra atraiu cerca de 20 mil pessoas, de 18 a 23 de junho.
Mais informações: http://www.cineop.com.br/

Eu fui uma delas
(estou aí nessa foto da sessão de encerramento, de Netum Lima).

Fim.


terça-feira, 23 de junho de 2009

musa na 4ª Cineop


Neide Ribeiro.
(foto Alexandre
C. Mota)


"Eu não abandonei o cinema, os caras é que não me chamam. Eu digo para eles, o Guilherme, por exemplo, com quem fiz As Taras de Todos Nós, é claro que não ia querer ser a Maitê Proença no A Dama do Cine Sangai, mas poderia ter um papel para mim ali sim".


"Eu fiz cinema brasileiro exclusivamente para ganhar dinheiro. Eu pensava em, no máximo, ser chacrete, mas era difícil, pois elas eram gostosonas e eu era magrela. Quando eu fiz algumas fotos e vi que tinha ganhado mais dinheiro do que ganhava em um mês inteiro como secretária. E aí pensei: é por aí que eu vou".


musa na 4ª Cineop


Zilda Mayo.
(foto Alexandre C. Mota)


"Não existe ex-atriz. Sou uma atriz que não está atuando no cinema".


"As atrizes dizem hoje que fazem, mas que é nu artístico.
Acho engraçado. Nu artístico... Nu é nu"


quarto dia na 4ª Cineop


Ontem à tarde na Cineop foi o momento para respirar os bastidores, observar o trança-trança do convidados, dar entrevista e conversar com alguns deles.

Cobrir mostra de cinema brasileiro, sobretudo as com o perfil das organizadas pela Universo produção - de Raquel Hallak, Quintino Vargas e Fernanda Hallak, que são a Cineop, Mostra BH e Mostra de Tiradentes, é garantia de cruzar e ter acesso à inúmeras pessoas do cinema brasileiro, e, melhor, de universos distintos.

Por isso, estar aqui em Ouro Preto é ouvir, entrevistar e cruzar com nomes que vão desde as musas da Boca do Lixo Zilda Mayo e Neide Ribeiro à pesquisadora Alice Gonzaga, da Cinédia. De Zezé Motta, esse furacão do cinema brasileiro, à presidente do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, Myrna Brandão.

Da poderosa produtora Lucy Barreto à diretora da Cinemateca Brasileira, Patricia de Filippi. Da produtora dos filmes de Helvécio Ratton, Simone Magalhães à musa eternamente moderna Helena Ignez. Da adida de cooperação e ação cultural da Embaixada da França no Brasil, Sylvie Debs à jovem cineasta mineira, Clarissa Campolina.

Isso, falando só das mulheres, porque o número de homens é grande - Roberto Farias, Carlão, Guilherme de Almeida Prado, Helvécio Ratton, Inácio Araújo, Luiz Carlos Barreto, Gustavo Dhal, Francisco César Filho, Ícaro Martins, Geraldo Veloso, Luiz Carlos Lacerda, Neville D´Almeida, Paulo Augusto Gomes, Vebis Junior, Helvécio Marins, etc etc etc.

Ou seja, uma ótima oportunidade para pesquisadores e amantes do cinema brasileiro.


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Ainda à tarde fui para os dois lados da entrevista.

Conversei com o GRANDE pesquisador Antônio Leão da Silva Neto, que fez uma avaliação sobre a presença da mulher no nosso cinema.

Antonio Leão esteve aqui lançando a segunda edição, atualizada e revisada, da bíblia do cinema brasileiro, que é seu Dicionário de Filmes Brasileiro - Longa Metragem - felizmente, sai com o meu debaixo dos braços, pois sem ele meu trabalho de pesquisa fica pela metade.

Antonio Leão tem trabalho incansável. Seus dicionários - tem ainda o de curtas, e a publicação Astros e Estrelas do Cinema Brasileiro são obras de referência para qualquer um que queira conhecer nosso cinema.

A fala de Leão é sempre inteligente e generosa, e em nossa conversa ele falou de Xica da Silva, das musas da Boca, da importância de várias mulheres, e concluiu, ampliando o leque:

- Mas quando se fala em mulher no cinema brasileiro é preciso falar sempre de Carmen Santos, que já considerei e continuo considerando a mulher mais importante do cinema brasileiro.

Como além de pesquisador, Leão é também colecionador de filmes em 16mm e tem um conhecimento amplo sobre filmes de diferentes bitolas, aproveitei que ele ampliou o leque e não perdi a oportunidade.

Perguntei sobre o mítico filme de Cacilda Becker, Luz dos Meus Olhos (1947), de José Carlos Brule, dado como perdido. Ele me contou que encontraram 70% do filme, e que Cacilda, além desse e de Floradas na Serra, de Luciano Salce, tem ainda mais uma experiência registrada pelo cinema, em filme inacabado.

Depois, registrei uma bela homenagem do ator e apresentador do programa Retalhão, do Canal Brasil, Zéu Brito. Zéu, que fez show aqui ontem, homenageou uma talentosa atriz contemporânea e em breve seu depoimento estará no site Mulheres do Cinema Brasileiro.

E por fim, foi a minha vez de falar sobre a importância da mulher no cinema brasileiro em ótima conversa para o programa Bazar Maravilha, apresentado por Tutti Maravilha, agitador cultural e apresentador amado da Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte.


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Se registro aqui esse farfalhar de gente é porque amar e pesquisar o cinema brasileiro não é só ver filmes, conversar sobre eles e pesquisar sobre eles. É, pelo menos para mim, conversar e, se possível, estar cara a cara com essa fauna absolutamente impressionante que povoa e constrói a nossa identidade fílmica.

O querido Matheus Trunk, pesquisador de ponta e redator da Zingu, sabe muito o que estou falando, pois suas postagens no obrigatório blog Violão Sardinha e Pão, não me deixam mentir.

Outra pesquisadora que não abre mão desses expediente é Andrea Ormond, que com seu aclamado blog Estranho Encontro, nos possibilita ir a fundo no significado do cinema nacional.


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À noite foi a vez de assistir no belo Cine Vila Rica - não consigo deixar de chamar atenção para isso, pois é raro termos um cinema de rua ainda em funcionamento, com seus 500 lugares majestosos, a uma sensacional sessão de curtas experimentais.

A sessão foi às 22h e daí outra curiosidade agradável foi observar os espectadores saindo de uma sessão, em tela grande, do clássico Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto.

A série 6 de curtas exibiu o o experimental Danças, de Fernando Watanabe - na foto de Netun Lima, ele recebe uma placa comemorativa de participação; as ficções Superbarroco, de Renata Pinheiro, e Muro, de Tião.

Foi muito feliz a seleção de curtas dessa série - a cargo de Rafael Ciccarini e Tatiana Monassa.

Danças é de São Paulo, Superbarroco e Muro são de Permambuco.

Assistir a três filmes de tanto vigor, sendo um de um pólo tradicional da produção cinematográfica como São Paulo, e os outros dois de um pólo cada vez mais arrebatador como Pernambuco, enche o peito de felicidade.

Os três curtas apostam sobretudo na estética, estão mais interessados na linguagem que na fábula. Só que ao contrário de muitos que ao apostarem nesse formato acabam exibindo egotrips sem interesse algum, os filmes de Watanabe, Pinheiro e Tião são deslumbrantes, perturbadores inteligente.

Puro cinema.

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Ollhares essenciais, lições de política e de vida das Musas da Boca para o site Mulheres do CInema Brasileiro, e que responde aos comentários do Noel:

"Não existe ex-atriz. Sou uma atriz que não está atuando no cinema".
Zilda Mayo.

"Eu não abandonei o cinema, os caras é que não me chamam. Eu digo para eles, o Guilherme, por exemplo, com quem fiz As Taras de Todos Nós, é claro que não ia querer ser a Maitê Proença no A Dama do Cine Sangai, mas poderia ter um papel para mim ali sim".
Neide Ribeiro

segunda-feira, 22 de junho de 2009

terceiro dia na 4ª Cineop


Mais algumas ótimas atrações nesse domingo, terceiro dia na 4ª Cineop.

Foi realizado o segundo debate que mais queria assistir - ontem destaquei o primeiro, que dessa vez reuniu a atriz Neide Ribeiro, os cineastas Carlos Reichenbach e Guilherme de Almeida Prado e o crítico Inácio Araújo, com mediação do pesquisador e cineasta Luis Alberto Rocha Melo.

O debate Estratégias da Boca do Lixo já começou em grande estilo com a fala de Neide Ribeiro, musa amada da Boca, e que foi a primeira a falar dentre os convidados, com a declaração que fez cinema naquela época única e exclusivamente para ganhar dinheiro.

Em tom franco e divertido, Neide contou que queria mudar sua condição social, e daí trocou o trabalho de secretária pelo de modelo fotográfico e de telemoça do programa Silvio Santos. Que pensava no máximo em ser chacrete, e que não tinha a mínima idéia que seria atriz de cinema com tantos filmes no curriculo.

Que só pensava no dinheiro e daí usava a exposição do seu corpinho nos filmes. A platéia veio abaixo em risadas quando Inácio Araújo parabenizou a fala de Neide e disse que ele não tinha ido para a Boca por dinheiro, no que Guilherme de Almeida Prado emendou: "pelo corpinho é que não foi, não é?"

Neide disse que sua meta era sair do andar de cima do beliche da pensão vagabunda em que morava para comprar um apartamento nos Jardins, em São Paulo.

Disse que era jogo duro na cobrança dos cachês e que acabou conseguindo realmente comprar o sonhado apartamento. E de cobertura, acrescentou divertida.

Eu, claro, fiz uma entrevista com a deusa - em breve será publicada no meu site Mulheres do Cinema Brasileiro -, em que ela fala sobre esse começo, sobre os filmes, e sobre os diretores com os quais trabalhou.

Os ocupantes da mesa apresentaram suas considerações sobre o período da Boca do Lixo, mas a temperatura esquentou mesmo foi nas discussões sobre os sucessos do modelo atual da Globo Filmes, que Guilherme chama de Globochanchadas - mas sem deboche, e com respeito, como fez questão de frisar.

Guilherme saudou o sucesso das comédias de hoje, e disse que elas podem aquecer a indústria e fazer a cama para que o cinema brasileiro possa ter continuidade em suas outras formas de fazer cinema.

Inácio Araújo concordou em certa medida, dizendo que elas não podem ser ignoradas, mas Carlos Reichenbach se inflamou e chamou tudo aquilo de porcaria e que não vê serventia em nada disso para a história do cinema brasileiro.

Guilherme teve falas bonitas. Chamou a atenção também da crítica ao dizer que ela não está olhando para essa produção atual de forma equilibrada, mas com ranço de preconceito. E lamentou:

- vejo a crítica atual mais com farol de popa - ou seja, falando mais do passado, que de farol de proa.

E fez uma avaliação linda sobre a produção da Boca:

- Fizemos alguns filmes bons, muitos ruins, mas poucos medíocres.


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À noite, no Cine Vila Rica, uma das atrações foi o cine-concerto (foto Alexandre C. Mota) Le Rendez-Vouz du Sam´Di Soir, em que músicos da associação Double Cadence se apresentaram ao vivo acompanhando as exibições de três curtas franceses clássicos:

- La Petit Marchande D´Allumettes (1928) e Sur un Air de Charleston (1926) - ambos de Jean Renoir;
- e Entr´Acte (1924), de Rene Clair.

O concerto foi idealizado para a 4ª Cineop, já que a mostra faz parte do Ano da França no Brasil.
O público adorou e ovacionou a apresentação, e foi bacana mesmo - ainda que já estejamos habituados com que esse tipo de espetáculo, sobretudo nas experimentais apresentações de O Grivo, só que com acompanhamento experimental. O fato de ter sido no belo Cine Vila Rica deu, é claro, um charme todo especial.

Agora, o encanto arrebatador mesmo vem dos filmes, que permanecem deslumbrantes e modernos, mais de 80 anos depois.

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Ainda à noite no Cine Vila Rica, as exibições de dois filmes sobre o universo da Boca do Lixo:

- O média O Galante Rei da Boca, de Luis Rocha Melo e Alessandro Gamo;
- e o curta Minami em Close-Up - A Boca em Revista, de Thiago Mendonça.

Muito feliz a idéia da exibição em conjunto.

O média deMelo e Gamo é sobre o mítico Antonio Polo Galante, o GRANDE produtor da Boca, e o curta de Mendonça é sobre o editor da Revista Cinema em Close-Up, Minami Keizi, preciosa bíblia do cinema dos anos 70 - sou um dos felizardos que tem a coleção da revista, só que acho que incompleta.

Foi bonito ver a Boca na tela, já que os filmes são bons caminhos para quem não conhece ou quer descobrir novos viés para esse pólo fabuloso de produção.

E foi bonito ver também a Boca na platéia, já que a exibição contou com a presença de nomes da de lá como Carlão e Guilherme de Almeida Prado entre o público.

domingo, 21 de junho de 2009

segundo dia na 4ª Cineop


Programação intensa ontem na 4ª Cineop, com debates e exibição de filmes.

O debate Mulheres do anos 70: O poder do corpo e sobre o corpo, mediado pelo crítico e curador da Mostra, Cléber Eduardo, reuniu na mesa o cineasta Carlos Diegues, a homenageada Zezé Motta, a produtora Lucy Barreto e a atriz Zilda Mayo.

Zilda Mayo, uma das mais amadas musas da Boca do Lixo, roubou a cena com seu testemunho sobre o modelo de produção na Boca e como era ser uma atriz da Rua do Triunfo.

Engraçada, Zilda divertiu a platéia com seus relatos espontâneos e de honesta veracidade. Para os mais atentos era possível ver ali, nitidamente, uma fala política das mais transparentes e pertinentes.

Como quando a atriz disse que muitos atores-atrizes que ficaram famosos depois em outras mídias, como a TV, nunca falam sobre os filmes que fizeram no período, e que retiram as pornochanchadas do currículo. E que ela faz questão de colocar os 42 em que atuou.

E aí emendou:

- Ouço minhas atrizes falando em nu artístico. E eu escuto isso e acho graça. Nu artístico... Nu é nu, e pronto.

Zezé Motta, nessa hora, fez aparte divertido, e disse que realmente nunca fala sobre as duas únicas pornochanchadas que fez, e citou que ficou reticente em aceitar fazer Um Varão Entre as Mulheres, de Victor di Mello, que leu o roteiro e achou que aquilo não prestava, que devolveu e disse que não faria.

Mas aí falaram para ela sobre a grana, ela viu que era boa, estava precisando na época, e disse "me dá o roteiro de volta".

E aí fez o filme. E emendou divertida, que Zilda tinha razão, pois ela mesmo nunca citava esse trabalho ao falar de sua carreira.

Cléber Eduardo colocou uma observação interessante, e que estava no mote do debate, sobre a alta carga de sexualidade nos filmes da década de 70 e o poder do corpo daquelas mulheres. E avaliou Xica da Silva, de Carlos Diegues, dizendo que aquela persoagem usou do poder do corpo para infiltrar no corpo do poder.

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Tive a opotunidade de entrevistar Zilda Mayo depois do debate em exclusiva e constatar que, além de musa do Boca e de ser naturalmente divertida, tem também uma fala política interessante, daquele tipo de política da prática cotidiana - em breve a entrevista será publicada no site Mulheres do Cinema Brasileiro, inseto-mor aí ao lado.

Para o Mulheres, conversei também com o cineasta Neville D´Almeida, diretor de A Dama do Lotação - um dos filmes da Mostra, que fez bela homenagem a uma grande atriz do cinema brasileiro - também será publicada em breve.

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Se o debate foi à tarde, à noite foi a vez de assistir dois filmes:

- Um Homem de Moral, de Ricardo Dias;
- e A Ilha dos Prazeres Proibidos de Carlos Reichenbach - foto sessão de exibição de Netun Lima.

Um Homem de Moral é sobre Paulo Vanzolini, o cientista dos laboratórios de pesquisa e compositor de grandes sucessos da música brasileira, como Ronda e Volta por Cima.

O filme levou um bom tempo para me conquistar, pois só me seduziu na segunda metade. Gosto do tema e dos intérpretes selecionados para entoar as músicas do compositor, quase todos de artistas de fora da mídia - exceção para Chico Buarque, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Miucha.

E gostei de alguns momentos inspirados, como a participação da cantora Virgínia Rosa - excelente cantora conhecida na roda dos iniciados, mas ainda desconhecida para o grande público.

E também da sequência com anônimos cantando versos da música Volta por Cima, de onde Ricardo Dias tirou o título do seu filme.

Sem querer ser piegas ou mesmo nacionalista, vendo aqueles rostos anônimos me deu, internamente, uma alegria enorme de ser brasileiro.

Me reconheci por inteiro naqueles rostos.

Depois foi a vez de rever - terceira ou quarta vez - A Ilha dos Prazeres Proibidos, de Carlos Reichenbach.

O filme foi apresentado por Carlão, ladeado por Zilda Mayo e Neide Ribeiro, duas das estrelas de seu belo filme - que maravilha se Meyre Vieira também estivesse presente.

Neide Ribeiro também divertiu contando o que ela e Carlão tinham comentado nos bastidores.

Neide disse que é um tanto surda de um ouvido e, com isso, acontecia regularmente de ela continuar atuando, mesmo depois do diretor gritar "corta".

Carlão, sempre articulado e encantador, contou que Galante deu os recusos para ele fazer o filme, mas disse:

- Você pode até fazer aqueles filmes que ninguém entende, mas coloca mulher pelada.

Como se sabe, muitas vezes um filme cresce ou despenca quando o revisitamos. Como já vi A Ilha dos Prazeres Proibidos mais de duas vezes só posso dizer que o filme só faz crescer em minha mente e em meu coração.

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A noite terminou com show de Zezé Motta no Cine-Bar do Centro de Convenções.

Foi o mesmo belo show que ela fez recentemente em Belo Horizonte, acompanhada nos teclados por Ricardo McCord - parceiro habitual de Angela Ro Ro.

Como em BH, a mesma impressão:

- Parece que havia uma banda. A voz de Zezé é tão poderosa, Ricardo é tão bom, e o repertório é tão inspirado que não precisava de mais nada.

Como já tinha visto o show e o Cine-Bar estava lotado, fiquei mais escutando que assistindo, além da boa conversa com amigos queridos.