terça-feira, 21 de junho de 2011

20 mil pessoas na 6a Cineop




























A 6a Cineop encerrou programação na noite de ontem contabilizando público geral, segundo a assessoria de imprensa da Mostra, de cerca de 20 mil pessoas - foram 77 filmes, entre curtas, médias e longas, mais debates, seminários, encontros, lançamentos de livros, oficinas, exposição e shows.

Ontem foi a vez de conferir médias e curtas, dentre eles O Doce Segredo de Bárbara, de Paulo Augusto Gomes, e também o Cine-Concerto.

Gostei muito do curta de Gomes, sobretudo pelo foco em uma das mais talentosas atrizes mineiras: a hoje radicada em São Paulo, Yara de Novaes.


O filme, na verdade, teve inicio há mais de 20 anos.

Na época foi interrompido, e só agora concluído pela parceria de Paulo Augusto Gomes e o casal Fábio Carvalho e Isabel Lacerda - ele como produtor e fotógrafo, e ela como montadora nas filmagens atuais.

A trupe encontrou resultado interessante ao fazer um metafilme, intercalando imagens da época e novas filmagens com uma Yara 20 e tantos anos depois inquirindo a escritora do livro em que o filme foi baseado e também o próprio cineasta.

Yara de Novaes é esplendorosa, e aqui é filmada em muito de suas potencialidades.

Ótimo retorno ao set de Paulo Augusto Gomes, diretor do inesquecível Idolatrada (1983), um dos pontos altos da cinematografia mineira.


E ótimas presenças de Fábio e Isabel, na fotografia e montagem desse O Doce Segredo de Bárbara.




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Já o Cine-Concerto valeu, sobretudo, pela oportunidade de assistir no telão filmes de cineastas pioneiras, até então apenas lidas por esse escriba: as francesas Alice Guy-Blaché e Germaine Dulac; e a alemã Lotte Reiniger.


Foto Cine-Concerto: Leo Lara



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Mias informações:
http://www.cineop.com.br/

segunda-feira, 20 de junho de 2011

longas, médias e curtas na 6ª Cineop






Ontem, penúltimo dia da 6ª Cineop, foi hora de abandonar os debates e centrar fogo na exibição de filmes.


Como não poderia deixar de ser, o grande destaque foi Rico Ri à Toa, de Roberto Farias, em cópia estalando de nova.


Na apresentação, o cineasta alertou à plateia para o tom ingênuo filme, que arrastou multidões em seu lançamento.


Citou Belo Horizonte, dizendo que ele estreou na capital mineira no Cine Brasil - um dos maiores cinemas do país, que depois de tempos fechados, está prestes a virar centro cultural - e fez público de 10 mil pessoas em um só final de semana(ou domingo).


Daí, convidou o público a se transportar para o clima dos anos 50, mais especificamente 1957.



Nem foi preciso, de cara Rico à Toa seduziu a platéia, que se divertiu, sobretudo, com Zé Trindade, o protagonista ao lado de Violeta Ferraz.



Aliás, pouco registrado pela literatura cinematográfica pelo tamanho gigante de seu talento, Trindade finalmente vai encontrar o foco merecido, pois o professor Afrânio Catani disse na mesa de debate de sábado, que está escrevendo livro, em parceria, sobre o grande comediante.


Rico Ri á Toa sobreviveu, e muito bem, ao tempo, e ainda hoje, mais de meio século depois, mantém o frescor.



Em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez.




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O filme exibido na sequência no Cine Vila Rica foi O Corte do Alfaiate, documentário dirigido por João Castelo Branco Machado, cineasta de curitiba.


O doc focaliza o ofício tradicional dando voz a alguns alfaiates de Curitiba, que falam sobre o universo deles: história, família, dificuldades da profissão.


O Corte do Alfaiate se detém sobre objeto interessante, mas o resultado do filme não fica à altura do mostrado.


Em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez.




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As exibições da noite no Cine Vila Rica - e esse escriba entrou na sala às 18h20 e saiu à meia-noite - se encerraram com Série 6 de curtas, reunindo filmes de Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás e Minas Gerais.


Sessão irregular, os melhores momentos foram Praça Walt Disney, de Renata Pinheiro - que já conhecia; Magnífica Desolação, documentário de Fernando Coimbra que impressiona pelas imagens; e Filme Pornografizme, de Leo Pyrata, que na palavras divertidas do querido amigo cineasta, associou Godard e Galante.




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Na programação de hoje, destaque para a exibição do curta O Doce Segredo de Bárbara, do cineasta e amigo Paulo Augusto Gomes, e a cerimônia de encerramento com o Cine-Concerto Le Rendez vous du sam´di soir - série 3 sobre as pioneiras do cinema francês.


Programação completa aqui:


domingo, 19 de junho de 2011

cinema carioca e cinema baiano na 6ª Cineop
















Mais um dia de conferir debate na programação da 6ª Cineop. E eles são muitos, o que é uma ótima oportunidade para aprofundar conhecimentos de temas que permeiam esta edição.

A Chanchada no contexto dos anos 50 reuniu os professores e pesuisadores Afrânio Catani, Maurício Reinaldo Gonçalves e Sheila Schvarzman, em mesa mediada pelo crítico Sérgio Alpendre.

Se as chanchadas foram motivo de escárnio para boa parte da crítica e de intelectuais em sua época, esse panorama mudou bastante nas últimas décadas.

Daí, há hoje, felizmente, a circulação de muitas informações sobre este período do cinema popular carioca e seus personagens.

Daí também que nem sempre uma mesa de discussão sobre o assunto proporciona um avanço nessa rota.

A mesa foi muito bem conduzida por Alpendre, mas os melhores momento foram o de certo "enfrentamento" entre plateia e mesa.

E a plateia era qualificadíssima, ainda que reduzida, com a presença de nomes como Antonio Leão, Máximo Barro, Inácio Araújo, Oscar Maron e vários jornalistas.

Coube a Luiz Henrique Severiano Ribeiro, superintende do grupo Severiano, e Máximo Barro, montador de vários filmes da Atlântida, esses momentos de embate.

Luiz Henrique fez várias intervenções, e numa delas reclamou do termo "precário" utilizado por compenentes da mesa ao se referir à Atlântida, que o estudio disponibilizava de equipamentos modernos.

Scheila rebateu dizendo que não é o que a literatura conta, citou o montador Mauro Alice - que ela biografou na Coleção Aplauso -, que testemunhou essa precariedade quando foi trabalhar na Atlântida.

Com a insistência de Severiano, disse que os arquivos têm que ser abertos - e ele respondeu que já estão, na Cinemateca -, e que novas leituras terão que ser feitas.


Maximo Barro, que quase virou mais um componente da mesa, pois suas falas foram muitas e longas, ressaltou que é preciso pensar na Atlântida em dois momentos: a do surgimento, quando fundada por José Carlos Burle e parceiros, e a de 1946 em diante, quando a Severiano se torna um dos proprietários.

Mas não foi só aí que Máximo pontuou, contou histórias sobre Burle, Moacyr Fenelon, Muniz Vianna, Watson Macedo e muitos outros personagens.

Maximo se estendeu muitas vezes, limitando um pouco a participação de outros componentes da plateia, mas o que dizia era tão interessante que parecia ser difícil para Alpendre interrompê-lo.


A mesa de ontem foi daqueles que não dependem exclusivamente de seus componentes, mas que encontra uma plateia pulsante e com o que falar.

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Como a década focalizada desta 6ª Cineop é a de 50, com atenção paras as chanchadas, isso não impediu a curadoria de programar um filme contemporâneo ao cinema carioca, só que feito na Bahia e com temática completamente diversa.

Estou falando de Redenção, do GRANDE cineasta baiano Roberto Pires.

Realizado em 1959, Redenção foi o primeiro longa de ficção do cinema baiano, que com seus 57 minutos é apresentado como média na programação, mas é um longa na medição da época, segundo Petrus Pires, filho do cineasta presente na exibição.

Redenção sempre foi filme que esse escriba sonhava em assistir, e a oportunidade ontem realmente foi única, que foi assisti-lo pela primeira vez e em telão.

Protagonizado por Geraldo Del Rey e Braga Neto, o filme coloca em cena o encontro entre um psicopata e dois amigos - um deles em liberdade condicional, e o outro namorado de Maria Caldas, vítima do malucão - em breve comentários sobre o filme aqui no Insensatez.

A história é bem contada, mas o que chama atenção mesmo é o domínio de cena do cineasta, e, sobretudo, suas inovações técnicas: Redenção foi filmado em cinemascope, em lente criada por Pires.

Roberto Pires tem filmografia impactante, com títulos como A Grande Feira, Tocaia no Asfalto e a Máscara da Traição.

É cineasta de ponta, ainda que pouco reverenciado em sua magnitude.

Petrus está a frente de projeto de restauração de toda a obra do pai, o que é grande notícia.


Redenção já foi restaurado -cópia que assistimos ontem - e segundo Petrus era filme dado como desaparecido, até descobrir uma única cópia em 16mm.

Foto: Petrus Pires - Filme Redenção

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Na programação deste domingo:


- Cortejo da Arte, que reúne várias modalidades artísticas em caminhada pelas ruas de Ouro Preto;
- lançamento de livros, dentre eles: o Dicionário de Fotógrafos e o Dicionários de Astros e Estrelas, do pesquisador, e amigo, Antonio Leão; e Cachoeira de Filmes - O Cinema Humberto Mauro, do pesquisador, e também grande amigo, Ataídes Braga.

- Além dos longas, exibição de várias sessões de curtas, dentre eles Filme Pornografizme, de Leo Pyrata.

Toda a programação está aqui: