Direção: Agenor Alves
Como já foi dito aqui no Insensatez, o baiano radicado em
São Paulo Agenor Alves fez história no cinema brasileiro. Afinal é, até hoje, o
cineasta negro que mais dirigiu longas: sete. São eles: Tráfico de fêmeas (1978), Noite
de orgia (1980), A volta de Jerônimo
no sertão dos homens sem lei (1981), As
prisioneiras da ilha do diabo (1981), A
cafetina de meninas virgens – O kapanga (1982, codireção de Guilermo Vera),
Lídia e seu primeiro amante (1982), Eu matei o Rei da Boca (1987). Alves trafegou
pelo cinema de aventura, pelo faroeste, pelo policial, e pelo erótico.
Em As prisioneiras da ilha do diabo, um grupo de quatro manequins
é arrastado pelos magnatas babões da plateia de um desfile para um passeio de iate no
Guarujá. Elas, claro, topam, e algumas já vão entrando no barco e se desfazendo
logo das roupas. O que o grupo nem imagina é que, ao mesmo tempo, um bando de
foragidos da prisão circula pelo pedaço, e ao correrem da polícia invadem o
barco, faz todos de reféns e leva todo mundo para a tal Ilha do Diabo. É lá que
um dos bandidões vai se apaixonar perdidamente por uma das sequestradas,
mudando o destino de todos eles. Há nos filmes de Agenor Alves – pelo menos o
visto até aqui – um genuíno interesse pelo cinema de gênero. Nesse As
prisioneiras ele, inclusive, se escalou como o protagonista, o tal bandidão de
alma romântica. Os problemas de seu cinema são os roteiros manjados – também
assinados por ele -, e a direção claudicante. E como é Boca do Lixo, dá-lhe
moçoilas peladas, na maioria das vezes gratuitamente e em cenas esdrúxulas para
situá-las no contexto da história. Há
ainda algumas soluções inacreditáveis, como aqui. Exemplo? Os ex-presidiários,
escrotos até mandar parar, passaram tempos trancafiados, daí o natural não
seria eles traçarem logo aquelas meninas seminuas ali disponíveis? Seria, né?
Só que eles antes conversam, comem, tiram um cochilo, e só depois parecem se
lembrar da secura sexual.Outra coisa: Alves parece ter fixação
em trilha sonora, pois não há cena em que um instrumental não pontue o mostrado, em
efeito paradoxalmente contrário, pois xaropetizante, à narrativa. Depois de
assistir ao faroeste A volta de Jerônimo e essa aventura mezzo policial mezzo erótica,
ainda faltam cinco filmes a conferir e daí ver, realmente, o que foi o cinema
de Agenor Alves dentro da Boca do Lixo.
Obs.: esse cartaz, para o lançamento em vídeo, não condiz com cena do filme, mas foi a única imagem que encontrei para ilustrar a postagem.
Obs.: esse cartaz, para o lançamento em vídeo, não condiz com cena do filme, mas foi a única imagem que encontrei para ilustrar a postagem.