
Reconhecer o cinema popular, sobretudo o dos anos 70, não quer dizer fazer oposição ao Cinema Novo como vejo muito por aí.
Muitos dos melhores filmes do cinema brasileiro que já assisti são do Cinema Novo - Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Terra em Transe, de Glauber Rocha, A Grande Cidade, de Carlos Diegues, O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade, A Falecida, de Leon Hirszman, A Casa Assassinada, de Paulo Cesar Saraceni, e tantos outros.
Glauber Rocha é realmente um gênio do cinema político, como Nelson Pereira dos Santos é gênio do cinema social, e Paulo César Saraceni é gênio do cinema existencial.
E Walter Hugo Khouri é gênio do cinema existencial, como Cláudio Cunha e Jean Garret são gênios do cinema popular.
É claro que essas definições são reducionistas frente ao rico e causaloso cinema de cada um deles, mas aqui vai só mesmo para situá-los de alguma forma, ainda que superficialmente.
Mas quando clamo pelo cinema popular, é porque está mais que na hora da crítica, pesquisadores e grande público também conhecerem e darem o valor justo para grandes cineastas que ficam na sombra - e mesmo outros que não trafegam pelo cinema popular, mas são tão ignorados quanto.
Walter Hugo Khouri é o maior cineasta para mim, mas isso é predileção pessoal. No caso dele, vejo que se encaminha uma compreensão de sua obra, ainda que aqui e acolá leio desavisados dizendo que ele é diretor de pornochanchada.
Não vai aqui nada contra pornochanchada, pois quem me conhece e acompanha meus escritos sabe que sou profundo apreciador do gênero - só acho que, como a querida Andrea Ormond em seu obrigatório blog Estranho Encontro já
escreveu, botam tudo, a produção da Boca do Lixo e muitos filmes cariocas dos anos 70, no balaio da pornochanchada, esvaziando os filmes e a própria pornochanchada.
Meu apelo é para que se dê o valor justo para o cinema genial de muitos que continuam marginalizados.
É preciso conhecer, reconhecer e falar do cinema de
Claudio Cunha
Jean Garret
Antonio Calmon
Carlos Hugo Christensen
David Neves
Haroldo Marinho Barbosa
Aurélio Teixeira
Reginaldo Faria
e tantos, tantos outros.
Por aqui, em solo brasileiro, todo dia deveria ser dia de índio,
"mas agora ele só tem o o dia 19 de abril".