terça-feira, 15 de dezembro de 2009

olhos de farol


Reconhecer o cinema popular, sobretudo o dos anos 70, não quer dizer fazer oposição ao Cinema Novo como vejo muito por aí.

Muitos dos melhores filmes do cinema brasileiro que já assisti são do Cinema Novo - Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, Terra em Transe, de Glauber Rocha, A Grande Cidade, de Carlos Diegues, O Padre e a Moça, de Joaquim Pedro de Andrade, A Falecida, de Leon Hirszman, A Casa Assassinada, de Paulo Cesar Saraceni, e tantos outros.

Glauber Rocha é realmente um gênio do cinema político, como Nelson Pereira dos Santos é gênio do cinema social, e Paulo César Saraceni é gênio do cinema existencial.

E Walter Hugo Khouri é gênio do cinema existencial, como Cláudio Cunha e Jean Garret são gênios do cinema popular.

É claro que essas definições são reducionistas frente ao rico e causaloso cinema de cada um deles, mas aqui vai só mesmo para situá-los de alguma forma, ainda que superficialmente.

Mas quando clamo pelo cinema popular, é porque está mais que na hora da crítica, pesquisadores e grande público também conhecerem e darem o valor justo para grandes cineastas que ficam na sombra - e mesmo outros que não trafegam pelo cinema popular, mas são tão ignorados quanto.

Walter Hugo Khouri é o maior cineasta para mim, mas isso é predileção pessoal. No caso dele, vejo que se encaminha uma compreensão de sua obra, ainda que aqui e acolá leio desavisados dizendo que ele é diretor de pornochanchada.

Não vai aqui nada contra pornochanchada, pois quem me conhece e acompanha meus escritos sabe que sou profundo apreciador do gênero - só acho que, como a querida Andrea Ormond em seu obrigatório blog Estranho Encontro já escreveu, botam tudo, a produção da Boca do Lixo e muitos filmes cariocas dos anos 70, no balaio da pornochanchada, esvaziando os filmes e a própria pornochanchada.

Meu apelo é para que se dê o valor justo para o cinema genial de muitos que continuam marginalizados.

É preciso conhecer, reconhecer e falar do cinema de

Claudio Cunha
Jean Garret
Antonio Calmon
Carlos Hugo Christensen
David Neves
Haroldo Marinho Barbosa
Aurélio Teixeira
Reginaldo Faria

e tantos, tantos outros.

Por aqui, em solo brasileiro, todo dia deveria ser dia de índio,
"mas agora ele só tem o o dia 19 de abril".

4 comentários:

  1. Prezado Adilson,

    O Cine Brasil TV está exibindo - em sessões diárias - filmes de alguns dos cineastas citados por você neste post. Nos últimos dias revi vários filmes do Christensen, como "Anjos e Demônios", "Enigma Para Demônios", "Crônica da Cidade Amada", "A Mulher do Desejo" e "A Intrusa". Domingo foi exibido "Baixo Gávea" e na sexta-feira será exibido "Vida de Artista", do Haroldo Marinho Barbosa. Outro ótimo cineasta contemplado pelo canal é o Alberto Salvá - em curtas e longas. A programação está disponível no site do canal, ainda que os horários nem sempre sejam respeitados.

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  2. Muito bem lembrado o nome de Alberto Salvá, por quem tem a maior admiração, Márcio.
    Sou louco para assistir o Cine Brasil TV, mas não pega na minha operadora de TV a cabo, que é a Net. Aqui em BH ele está na Way.
    Pena, pois adoraria ver/rever esses filmes - adoraria ver Vida de Artista, que não conheço, e tenho grande curiosidade de assistir Ovelha Negra, do Haroldo - tenho xodó por Baixo Gávea.
    Aproveitei e visitei seu blog, e mais uma vez gostei muito. Vou passar lá com calma.
    Abs

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  3. Pek,

    Você só me desperta a curiosidade com os filmes que cita. Realmente, estes diretores precisam ser reconhecidos. Seus filmes em DVD? Parece que nenhuma distribuidora se interessa. Como não costumo assistir tv, fico sem a oportunidade de ver estes e outros bons filmes nacionais.

    Bjs.

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  4. Noel,
    Existe uma infinidade de filmes e cineastas que precisam ser conhecidos. Mas duvido que chegarão ao DVD - na época do VHS era mais fácil.
    Bjs

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