terça-feira, 23 de junho de 2009

quarto dia na 4ª Cineop


Ontem à tarde na Cineop foi o momento para respirar os bastidores, observar o trança-trança do convidados, dar entrevista e conversar com alguns deles.

Cobrir mostra de cinema brasileiro, sobretudo as com o perfil das organizadas pela Universo produção - de Raquel Hallak, Quintino Vargas e Fernanda Hallak, que são a Cineop, Mostra BH e Mostra de Tiradentes, é garantia de cruzar e ter acesso à inúmeras pessoas do cinema brasileiro, e, melhor, de universos distintos.

Por isso, estar aqui em Ouro Preto é ouvir, entrevistar e cruzar com nomes que vão desde as musas da Boca do Lixo Zilda Mayo e Neide Ribeiro à pesquisadora Alice Gonzaga, da Cinédia. De Zezé Motta, esse furacão do cinema brasileiro, à presidente do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, Myrna Brandão.

Da poderosa produtora Lucy Barreto à diretora da Cinemateca Brasileira, Patricia de Filippi. Da produtora dos filmes de Helvécio Ratton, Simone Magalhães à musa eternamente moderna Helena Ignez. Da adida de cooperação e ação cultural da Embaixada da França no Brasil, Sylvie Debs à jovem cineasta mineira, Clarissa Campolina.

Isso, falando só das mulheres, porque o número de homens é grande - Roberto Farias, Carlão, Guilherme de Almeida Prado, Helvécio Ratton, Inácio Araújo, Luiz Carlos Barreto, Gustavo Dhal, Francisco César Filho, Ícaro Martins, Geraldo Veloso, Luiz Carlos Lacerda, Neville D´Almeida, Paulo Augusto Gomes, Vebis Junior, Helvécio Marins, etc etc etc.

Ou seja, uma ótima oportunidade para pesquisadores e amantes do cinema brasileiro.


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Ainda à tarde fui para os dois lados da entrevista.

Conversei com o GRANDE pesquisador Antônio Leão da Silva Neto, que fez uma avaliação sobre a presença da mulher no nosso cinema.

Antonio Leão esteve aqui lançando a segunda edição, atualizada e revisada, da bíblia do cinema brasileiro, que é seu Dicionário de Filmes Brasileiro - Longa Metragem - felizmente, sai com o meu debaixo dos braços, pois sem ele meu trabalho de pesquisa fica pela metade.

Antonio Leão tem trabalho incansável. Seus dicionários - tem ainda o de curtas, e a publicação Astros e Estrelas do Cinema Brasileiro são obras de referência para qualquer um que queira conhecer nosso cinema.

A fala de Leão é sempre inteligente e generosa, e em nossa conversa ele falou de Xica da Silva, das musas da Boca, da importância de várias mulheres, e concluiu, ampliando o leque:

- Mas quando se fala em mulher no cinema brasileiro é preciso falar sempre de Carmen Santos, que já considerei e continuo considerando a mulher mais importante do cinema brasileiro.

Como além de pesquisador, Leão é também colecionador de filmes em 16mm e tem um conhecimento amplo sobre filmes de diferentes bitolas, aproveitei que ele ampliou o leque e não perdi a oportunidade.

Perguntei sobre o mítico filme de Cacilda Becker, Luz dos Meus Olhos (1947), de José Carlos Brule, dado como perdido. Ele me contou que encontraram 70% do filme, e que Cacilda, além desse e de Floradas na Serra, de Luciano Salce, tem ainda mais uma experiência registrada pelo cinema, em filme inacabado.

Depois, registrei uma bela homenagem do ator e apresentador do programa Retalhão, do Canal Brasil, Zéu Brito. Zéu, que fez show aqui ontem, homenageou uma talentosa atriz contemporânea e em breve seu depoimento estará no site Mulheres do Cinema Brasileiro.

E por fim, foi a minha vez de falar sobre a importância da mulher no cinema brasileiro em ótima conversa para o programa Bazar Maravilha, apresentado por Tutti Maravilha, agitador cultural e apresentador amado da Rádio Inconfidência, de Belo Horizonte.


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Se registro aqui esse farfalhar de gente é porque amar e pesquisar o cinema brasileiro não é só ver filmes, conversar sobre eles e pesquisar sobre eles. É, pelo menos para mim, conversar e, se possível, estar cara a cara com essa fauna absolutamente impressionante que povoa e constrói a nossa identidade fílmica.

O querido Matheus Trunk, pesquisador de ponta e redator da Zingu, sabe muito o que estou falando, pois suas postagens no obrigatório blog Violão Sardinha e Pão, não me deixam mentir.

Outra pesquisadora que não abre mão desses expediente é Andrea Ormond, que com seu aclamado blog Estranho Encontro, nos possibilita ir a fundo no significado do cinema nacional.


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À noite foi a vez de assistir no belo Cine Vila Rica - não consigo deixar de chamar atenção para isso, pois é raro termos um cinema de rua ainda em funcionamento, com seus 500 lugares majestosos, a uma sensacional sessão de curtas experimentais.

A sessão foi às 22h e daí outra curiosidade agradável foi observar os espectadores saindo de uma sessão, em tela grande, do clássico Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Bruno Barreto.

A série 6 de curtas exibiu o o experimental Danças, de Fernando Watanabe - na foto de Netun Lima, ele recebe uma placa comemorativa de participação; as ficções Superbarroco, de Renata Pinheiro, e Muro, de Tião.

Foi muito feliz a seleção de curtas dessa série - a cargo de Rafael Ciccarini e Tatiana Monassa.

Danças é de São Paulo, Superbarroco e Muro são de Permambuco.

Assistir a três filmes de tanto vigor, sendo um de um pólo tradicional da produção cinematográfica como São Paulo, e os outros dois de um pólo cada vez mais arrebatador como Pernambuco, enche o peito de felicidade.

Os três curtas apostam sobretudo na estética, estão mais interessados na linguagem que na fábula. Só que ao contrário de muitos que ao apostarem nesse formato acabam exibindo egotrips sem interesse algum, os filmes de Watanabe, Pinheiro e Tião são deslumbrantes, perturbadores inteligente.

Puro cinema.

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Ollhares essenciais, lições de política e de vida das Musas da Boca para o site Mulheres do CInema Brasileiro, e que responde aos comentários do Noel:

"Não existe ex-atriz. Sou uma atriz que não está atuando no cinema".
Zilda Mayo.

"Eu não abandonei o cinema, os caras é que não me chamam. Eu digo para eles, o Guilherme, por exemplo, com quem fiz As Taras de Todos Nós, é claro que não ia querer ser a Maitê Proença no A Dama do Cine Sangai, mas poderia ter um papel para mim ali sim".
Neide Ribeiro

4 comentários:

  1. Gostei muito de lê tudo sobre a mostra aki no seu blog!

    Parabéns,vc é excelente.

    :)

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  2. Pek,

    Vou chover no molhado. A cobertura do festival está maravilhosa. Parabéns!.

    Bjs.

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