Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
073 - A Penúltima Donzela (1969), de Fernando Amaral ****
(em 2009 - 315 filmes)
073 - A Penúltima Donzela (1969), de Fernando Amaral ****
Mais de uma vez o ator, cineasta e produtor Carlo Mossy homenageou Adriana Prieto como amiga-irmã e atriz ímpar. E ainda que ele tenha feito parcerias sensacionais como com Dilma Lóes em Essa Gostosa Brincandeira a Dois (1974) e com Alba Valéria em Giselle (1980), ambos de Victor di Mello, seus encontros na tela com Adriana tem química mesmo. Seja no antagonismo em Soninha Toda Pura (1971), de Aurélio Teixeira, ou como par romântico nesse bacanérrimo A Penúltima Donzela. Par romântico é força de expressão porque Adriana Prieto, essa deusa morta aos 25 anos em acidente de carro, virava de pé à cabeça o sentido primário de seus personagens, pois sempre injetou neles malícia, sarcasmo e sensualidade natural em medidas exatas. No filme, ela é uma garota virgem que encara os costumes de sua época com desdém e atrevimento na ponta da língua, sobretudo em diálogos deliciosos com o pai moralista e hipertenso Fregolente, que quer mandar tudo e todos para a Rússia. E se as garçonieres eram local proibido para moças de família, ela não só se oferece para conhecer a do namorado, como se adianta a ele no desfazer das roupas. E ultrajada em cena delicada em que vigia o namorado, a quem vira e mexe chama de machão e de alienado - como quando ele diz que detesta cinema nacional - ela logo troca o pão Mossy pelo charme maduro de Paulo Porto, confundido como seu pai pelos colegas de noitadas. E enquanto Adriana se deita ou chupa picolé com Porto ou Mossy, a família entra em pânico para resguardar a honra da donzela. Produzido por Paulo Porto e pela R. F. Farias, A Penúltima Donzela, como Os Paqueras (1969), de Reginaldo Faria, que é citado no filme, são títulos precursores das comédias e dramas eróticos que vão balançar o coreto do cinema nacional - e Adriana protagoniza duas pedras fundamentais do gênero, A Viúva Virgem (1972) e Ainda Agarro Esta Vizinha (1974), ambos de Pedro Carlos Róvai. O filme abusa um pouco no uso da trilha sonora de Egberto Gismonti em alguns momentos, mas tem trunfos irresistíveis como cena de rosto colado ao som de Insensatez. E tem também uma presença deliciosa de Djenane Machado, talvez a última donzela de um Rio de Janeiro ainda nostálgico de sonhos - e em despedida - já que os horrores da ditadura torturavam e matavam hordas em seus grotões. Delicioso filme do também ator Fernando Amaral, A Penúltima Donzela é filme solar em tempos sombrios.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
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