quarta-feira, 31 de março de 2010

longas brasileiros em 2010 (72)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

072 - Canta Maria (2006), de Francisco Ramalho Jr. +

Com muito esforço e possibilidades de acesso, é possível assistir um número expressivo de filmes brasileiros, mesmo porque nem foram tantos assim que sobreviveram - uns 5 mil?. Já quando o assunto é literatura aí o buraco em bem mais embaixo. Além da produção de livros ser na dimensão de coelhos, a literatura é uma das artes mais difíceis, pois demanda, antes de tudo, muito mais concentração e persistência. Daí que quando assistimos um filme baseado em livro que a gente leu, fazer comparação é injusto, mas é mesmo impossível não ficar lembrando da fonte. Agora quando não lemos o livro, só no resta especular o que há ali. Sim, porque nesse Canta Maria, se há boa história ela ficou, definitivamente, nas páginas de Os Desvalidos, do escritor Francisco J. C. Dantas. Pois nesse roteiro adaptado do livro, que também é assinado pelo produtor e diretor Francisco Ramalho Jr, é que não é. Vanessa Giácomo é Maria, orfã de família dizimada pela volante em ataque ao bando de Lampião e que vai parar na casa de Marco Ricca e de seu sobrinho Edward Boggiss, onde se casa com o primeiro e é desejada pelo segundo. Só que o ciúme de Ricca bota fogo em tudo e muda o destino dos três. Marco Ricca é um bom ator, mas aqui ele tenta encarnar um matuto ciumento que encobre sensibilidade com dureza. E capricha em sotaque que faz quem está do lado de cá ficar constrangido - sobretudo quando diz "Marí, Marí". Vanessa também não acerta o tom da moça do sertão com olhos para além dele, e o máximo que consegue insinuar esse estar a frente da cultura de seu povo é com uma risadinha chata e deslocada. Boggiss se sai melhor, ainda que não seja difícil se destacar em meio a tanto desajuste. Para completar, ainda tem José Wilker como Lampião fazendo aquela careta que parece não querer desgrudar de sua cara. A não ser, claro, quando ele quer mostrar do que é capaz, como no belo e trágico O Maior Amor do Mundo (2006), de Carlos Diegues - bom, mas isso já é outra história. Faltou dizer que tem música ruidosa e completamente deslocada, mas em tom condizente com a visão de videoclipe rasteiro do início do filme, em boca da boa Daniela Mercury. Inacreditável filme de um produtor e diretor experiente como Francisco Ramalho Jr.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários:

  1. Pek,

    O ano do filme de Diegues está 2206.
    Este filme saiu em dvd, mas não saiu para venda direta ao consumidor. Ainda não vi, mas já li críticas, todas desfavoráveis, assim como a sua resenha.

    Bjs.

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  2. Noel,
    Esse filme é muito ruim mesmo.
    E obrigado pela observação, já corrigi.
    Bjs

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