domingo, 28 de março de 2010

longas brasileiros em 2010 (69)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

069 - Os Trombadinhas (1979), de Anselmo Duarte +

Quando o empresário Paulo Goulart e o juiz de menores Raul Cortez travam diálogo empolado sobre a situação dos meninos de rua em São Paulo a espinha gela, pois de cara vemos que sobram boas intenções e falta cinema. Impressão que, infelizmente, concretiza-se nas quase duas horas de filme. Nos anos 1970 e 80, ainda se chamava esse infratores juvenis de trombadinhas, mas com o encrudescimento da violência, passaram a ser denominados pivetes, ou mesmo pivetões. E aquelas tipicas trombadas em senhores e senhoras distraídos para, com o desequilíbrios desses, surrupiar-lhes bolsas e carteiras, hoje deu lugar à navalhas, cacos de vidros e outros materiais cortantes, quando não mesmo um três-oitão. O filme coloca em cena Pelé, Paulo Villaça e Paulo Goulart, os dois primeiros - preparador de futebol e policial - perseguindo trombadinhas pelas ruas e em busca dos mandões que os exploram; e o último como o empresário endinheirado que resolve ajudar na recuperação do menores. Idéia e história original de Pelé - que também assina e interpreta a canção-tema Moleque Danado - o filme tem colaboração de Carlos Heitor Cony no roteiro e nos diálogos. E é mesmo impressionante o tom péssimamente literário das falas dos personagens, que até para pedirem um copo d`água parecem estarem discrusando na cátedra. A idéia do filme é louvável, chamar atenção pelo cinema de um escândalo social que só fez piorar com o tempo e também alertar que uma possível solução não passa apenas por ações individuais. Só que como resultado cinematográfico é pífio, e nem de longe, esse que foi o último filme dirigido pelo GRANDE Anselmo Duarte, lembra momentos memoráveis do diretor como Absolutamente Certo (1957), O Pagador de Promessas (1962), Vereda da Salvação (1965), e O Descarte (1973). Esse Os Trombadinhas nos permite ver mais uma vez Edson Arantes do Nascimento fora do campo, já que praticou bastante a geografia do cinema. Mas se for por curiosidade ver o mestre fora de seu palco habitual, melhor por na vitrola o disquinho que ele gravou com a amiga Elis Regina, e ver dois mitos se divertindo com graça e auto-deboche. Já que aqui, nem a música, que também é dele, empolga.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários: