sexta-feira, 27 de agosto de 2010

longas brasileiros em 2010 (196)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

196 - O Seminarista (1976), de Geraldo Santos Pereira *****

Nascido em Ouro Preto, Minas Gerais, em 15 de agosto de 1825, o romancista e poeta Bernardo Guimarães fez sucesso na telinha e na telona um século e meio depois de seu nascimento. E tudo na mesma época. O romance Escrava Isaura (1875) virou novela de Gilberto Braga em 1976/77; já O Seminarista (1872) foi adaptado pelo cineasta, também mineiro, Geraldo Santos Pereira, em 1976 e lançado em 1977. Como se sabe, a novela foi sucesso no Brasil, correu mundo, e fez de Lucélia Santos ídolo na China e em Cuba. Já o filme foi grande sucesso de bilheteria do cinema brasileiro naquele ano e arrebatou o APCA de Melhor Filme e de Melhor Figurino (Silvia Sangirardi) e o Governador do Estado de São Paulo de Melhor Trilha (Edino Krieger). Eduardo Machado e Louise Cardoso são amigos de infância, época em que passeavam pela fazenda de Nildo Parente e Lídia Mattos, pais dele, e onde ela mora como agregada com a mãe Liana Duval. Só que o moço foi prometido pelo pai para ser padre, daí tem que ir para o seminário, mesmo que lá gaste seus dias muito mais escrevendo poemas para a amiga que lendo os ensinamentos bíblicos, para profundo desgosto do padre-diretor Raul Cortez. E é lá que Machado vai descobrir que ama a amiga, certeza que será maior ainda quando reencontrá-la em férias já moça feita e descobrir que é correspondido. Só que o autoritário pai dele não desistirá fácil de seu objetivo. O Seminarista poderia afogar em melodrama se não fosse a forma discreta e elegante como Geraldo Santos Pereira conduz a trama. E que é para sempre atual, pois descortina a hipocrisia que envolve gorda parcela do catolicismo, em questões como celibato, vocação e imposição de designios quase sempre bem distantes daqueles que seriam verdadeiramente cristãos. Segundo o cineasta, o ator Marcos Paulo era quem faria o seminarista Eugênio, mas foi substituído muito bem por Eduardo Machado - que também seria alguns anos depois o protagonista de outro filme mineiro, o belo Idolatrada (1983), de Paulo Augusto Gomes. Louise Cardoso, belíssima em seus 22 aninhos, foi outro acerto de escalação. Quando os dois, unha e carne na infância e um tanto mais carne na juventude, fazem juras de amor nos matinhos da fazenda, acreditamos piamente naquele entrecho amoroso e ficamos o tempo todo torcendo pelo casal. Mesmo que o vento que açoita aquelas montanhas opressoras de Minas - as locações foram em Ouro Preto, Mariana e no Caraça - corte feito gelo do cóccix até o pescoço e a gente tema, desde o início, pelo destino do casal. Belíssimo filme de amor.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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