segunda-feira, 23 de agosto de 2010

longas brasileiros em 2010 (193)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

193 - Efigênia dá... Tudo o que tem (1975), de Olivier Perroy ***

Imaginem o Surrealismo de Luis Buñuel transposto para a Boca do Lixo? E no lugar do jantar interminável de O Anjo Exterminador (1962), uma mesa composta por Etty Fraser, Laerte Morrone, Cynira Arruda, e outros, em que a doideira surreal se alia ao pastelão? Pois essa é uma das cenas memoráveis desse aloprado Efigênia dá... Tudo o que tem, de Olivier Perroy, em que até uma Maria Fumaça invade o jantar e todos os convivas têm seus bilhetes picotados pelo chefe da estação. Na trama Etty Frazer é a Efigênia do título, uma milionária excêntrica e apaixonada por Ricardo Petraglia, o astro do rock Divonzir Delarte - enquanto se empaturra de comida na cama, fica alisando a tela ordinária da TV, onde seu astro se apresenta. Por não querer ficar velha, ela marca dia e hora de sua morte, e daí coloca Laerte Morrone, o advogado, para contratar o amado para cantar em seu leito de morte - e no dia fatal, fica sentada no caixão esperando por ele antes de bater as botas. Surpresa maior virá no testamento, em que deixa toda a fortuna para Divonzir, desde que ele se case e em um ano tenha uma filha que deverá ser batizada com o nome da benfeitora. É aí que Petraglia se enrola com Cynira Arruda, a enfermeira da dona, e Nádia Lippi, um antigo amor, na busca dos milhões. Efigênia é filme bacaníssimo desse cineasta nascido na Suiça, mas radicado no Brasil desde criança, e que dirigiu também outros fimes interessantes como Beto Rockfeller (1970) e Janaína, A Virgem Proibida (1972). O problema aqui se dá na medida em que o roteiro - que assina junto com Carlos Alberto de Nóbrega, que faz participação, e Rodolfo Nanni, baseado na peça Olho Mecânico, de A. C. Carvalho - e a direção vão abandonando o registro surrealista e assumindo um tom mais realista. E quase dá com os burros n`água com o final apressado, ainda que o mostrado antes divirta, sobretudo nas atuações um tanto clown de Laerte Morrone - estupendo! - e totalmente canastra intencional de Ricardo Petraglia. E ainda tem Nádia Lippi linda linda linda. As cenas da gravação de Petraglia como Divonzir Duarte na televisão são deliciosas, com Laerte Morrone invadindo estúdios e gravações de novelas e programas de auditório, e esbarrando em gente como Antonio Fagundes e Hebe Camargo. Efigênia Dá... Tudo o que tem é filme criativo e sem amarras na sempre surpreendente produção do cinema popular da década de 1970.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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