domingo, 25 de julho de 2010

longas brasileiros em 2010 (169)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

169 - Esquina da Ilusão (1953), de Ruggero Jacobbi ***

Tem certas atrizes, pelo menos para quem começou a consumir audiovisual na virada da década de 1960 para 70 em diante, que parecem ter sido sempre mulheres maduras. Como Míriam Pires, como Zilka Salaberry, como Carmen Silva. E como Nicette Bruno. Daí que ver Nicette de cabelos longos loiríssimos e em plenos 20 anos é uma das grandes surpresas desse Esquina da Ilusão. Produzido pela Vera Cruz, o filme foi dirigido por Ruggero Jacobbi, italiano nascido em Veneza em 1920 e radicado no Brasil a partir de 1946, onde desenvolve carreira importante no teatro e realiza dois filmes - o primeiro é Presença de Anita (1951) para a Maristela. A trama é sobre imigrantes italianos do Brás que vieram para o Brasil fazer a vida, mas que não deram grandes saltos como outros patrícios que aqui chegaram antes. Luiz Calderaro é Dante Rossi, dono de um botequim que, para impressionar o irmão rico que ficou na Itália, se faz passar por outro Rossi, esse sim um bem-sucedido dono de uma metalúrgica. Quando esse irmão resolve vir ao país, Calderaro pede ajuda aos amigos para que possa enganar o visitante de que ele é realmente o empresário. Entre os que o ajudam está Alberto Ruschel, mostorista do verdadeiro milionário e que se passará por secretário - prática que já vinha fazendo para impressionar Nicette Bruno, a namorada e interesseira atriz que sonha em ter uma companhia de teatro. Mas Ruchel não contava que junto com o italiano viria sua filha, Ilka Soares, por quem vai se apaixonar. Esquina da Ilusão é daqueles filmes edificantes na linha de Frank Capra, só que aqui com sotaque italiano embutido, ainda que todos falem mesmo é o bom e velho português. Há uma certa ingenuidade, sobretudo na resolução dos conflitos, que quase põe o filme a perder. Mas ainda assim nos interessamos por aqueles personagens que se situam em uma das comunidades de classe-média mais tradicionais de São Paulo. Como é uma produção da Vera Cruz, há um certo glamour mesmo nesse universo de dificuldades dos imigrantes italianos, o que será focalizado por lente completamente diversa e com tintas mais realistas alguns anos depois em O Grande Momento (1958), de Roberto Santos. Ilka Soares e Alberto Ruschel tem química, ainda que o romance dos dois seja mostrado de forma extremamente pudica. Também no elenco, boas presenças de Diná Lisboa, Marina Freire e Adoniran Barbosa - ótimo com um falso cônsul. Destaque para a bela fotografia de Ugo Lombardi, também cineasta - dirigiu o delicioso É Proibido Beijar (1954) - e pai da atriz e roteirista Bruna Lombardi.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários: