quinta-feira, 20 de maio de 2010

longas brasileiros em 2010 (121)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

121 - O Aleijadinho, Paixão, Glória e Suplício (2000), de Geraldo Santos Pereira +

Durante os primeiros sete minutos de projeção ouvimos, em voz cavernosa, todo o contexto histórico envolvendo o surgimento da Vila Rica no século XVIII, rebatizada de Ouro Preto após a indenpendência. E é lá que vai nascer o mais importante artista do Barroco mineiro e do Rococó, o escultor Antonio Francisco Lisboa - o Aleijadinho. De cara a gente pode ver por qual caminho esse filme vai trilhar, e esse é com certeza um dos piores modelos de focalizar trajetórias em cinebiografias. O cinema é mesmo importante no sentido de jogar luz sobre homens e mulheres que habitaram e habitam esse planeta em suas mais diversas áreas. Mas cinema não é aula de história, e quando se faz disso e se esquece de que é cinema, vem lá ditatismo irrecuperável que nocauteia o mais interessante personagem como também quem está do lado de cá. Esse Aleijadinho focaliza a trajetória do artista desde o nascimento como mulato filho de português e escrava alforriada até a morte entrevado na cama aos 84 anos, depois de contrair doença misteriosa aos 46 e que atrofiou mãos, braços, pernas e pés e o desfigurou. No entrecho, focaliza sua juventude e o casamento com a bela Helena, os primeiros trabalhos, o relacionamento com o inconfidente Cláudio Manoel da Costa e os acontecimentos da Inconfidência Mineira, a consagração com obras espetaculares como as da Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, e dos Profetas em Congonhas do Campo, e o martírio final. O filme é todo construído em flashbacks, pois o relato se dá pela sua enteada e parteira a um historiador e profundo admirador da obra do mestre. A GRANDE Ruth de Souza é quem faz esse relato, e é quase a única que se salva no elenco. Quando a cantora Maria Rita surgiu todo mundo arregalou os olhos pela semelhança entre sua voz e a de sua mãe, Elis Regina. E vendo Maurício Gonçalves fazendo o Aleijadinho por muitas vezes a gente pensa que está escutando o pai, Milton Gonçalves - outra semelhança impressionante na área é a entre Tarcísio Meira e seu filho Tarcísio Filho. Maurício Gonçalves, ainda que tenha sido premiado no Festival de Recife, tem interpretação burocrática. Ou, melhor dizendo, em perfeita sintonia com a grandiloquencia da direção. Não há muita sutileza em sua composição, como também não há na bela e boa atriz Maria Ceiça, que parece mais preocupada com o sotaque mineiro da personagem. Edwin Luisi, o pai português, também se esforça, mas não consegue fugir muito do tom da direção. O Aleijadinho é um personagem fascinante e com história que conjuga genialidade e tragédia. Isso pode ser uma perdição para feitura de melodramas pouco inspirados, armadilha que, infelizmente, o cineasta Geraldo Santos Pereira, do belo O Seminarista (1976), não conseguiu se desvencilhar. Produzir filme em Belo Horizonte nunca foi fácil, como não é fácil ainda hoje para muitas tentativas de pólos além do eixo Rio-São Paulo. E por isso as iniciativas do mineiro Geraldo Santos Pereira - e também do seu irmão gêmeo Renato, que faleceu e para quem o filme é dedicado - têm seu valor. Mas é forçoso dizer que ainda assim nem sempre empenho de iniciativas resultam em bom cinema. Como é o caso desse O Aleijadinho, Paixão, Glória e Suplício.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

8 comentários:

  1. Pek,

    Acho este filme sofrível. Esperava tanto dele, pois gosto muito da história de vida do Aleijadinho, mas foi difícil chegar ver o filme até o final.

    Bjs.

    ResponderExcluir
  2. eu detesto este ator. acho-o igual em todas as atuações. não vi este filme. não é possível que ele esteja tão homogêneo quanto em outras aparições. mas, mesmo assim, acho que não gostaria.

    ResponderExcluir
  3. Oi querido! hoje estou passando pra te desejar um ótimo final de semana!

    ResponderExcluir
  4. Pois é Noel, foi duro também para mim.
    Bjs

    ResponderExcluir
  5. Olá Alexandre, bom fim de semana para você também.
    Um abraço

    ResponderExcluir
  6. Cara, entrevistei um cara que trabalhou na equipe. Ele me confidenciou que o Cláudio Portioli que fotografou o filme, odiou o resultado final e queria bater no diretor rsrs. Prefiro não revelar o nome do técnico.

    Matheus Trunk
    www.violaosardinhaepao.blogspot.com

    ResponderExcluir
  7. É mesmo Matheus? Que história ótima!
    Esse Aleijadinho é dureza mesmo, viu.
    Um abraço

    ResponderExcluir