Adoro Clara Sheller.
Esse seriado francês que me emociona muitas vezes em que o assisto.
Ali, discute-se várias coisas interessantes em meio em que há espaço para a hetero, a homo e a bissexualidade.
Adoro ser gay, e caso fosse questão só de escolha, jamais escolheria ser hetero.
Como boa parte dos gays adoro a noite, e um dos meus programas favoritos é sair sozinho.
Vale também a companhia de um ou de dois amigos queridos. Mas nunca em turma.
Mas depois de sete anos e meio de casado, a noite gay anda me assustando.
E percebo que não é privilégio da cena gay. Pois percebi isso na minha volta à faculdade para a segunda graduação, no ambiente de trabalho, e também percebo em muito no que leio na internet.
Sou nascido na década de 60. Portanto, sou fruto dela, já que meus pais eram os jovens e os adultos dessa época.
Vejo que os que nasceram na década de 80 ou em meados dos 70, portanto filhos delas, pois são frutos de seus pais, os jovens e adultos dessa época, têm mesmo outros valores.
Quase sempre, a questão de valores parece recurso de literatura. Mas hoje, aos 46 anos para os 47, vejo claramente a diferença entre as gerações de 60 e 70, e as de 80 para a frente.
E a mudança de valores entre elas. Não só dos que nasceram nelas, mas também dos que sucumbiram à elas.
Ou seja, as que participei e que participo in loco.
Parece que a queda do muro de Berlim no final dos anos 80, marco simbólico de liberdade para muitos, mas também do fim das utopias para outros tantos, quis dizer muito mais que leituras apressadas.
O estrago foi mais fundo.
E a mudança de valores entre elas. Não só dos que nasceram nelas, mas também dos que sucumbiram à elas.
Ou seja, as que participei e que participo in loco.
Parece que a queda do muro de Berlim no final dos anos 80, marco simbólico de liberdade para muitos, mas também do fim das utopias para outros tantos, quis dizer muito mais que leituras apressadas.
O estrago foi mais fundo.
Não sou de ter desejo por garotos, mas vivo cruzando e sendo cruzados por eles. Foi assim na faculdade e tem sido assim na noite.
E eles têm me assustado continuamente.
Nos 80 a cultura yuppie foi endeusada e depois execrada.
Mas o estrago foi mais fundo do que se imaginou.
Cuidado com o outro, respeito pelo outro e sentido de coletividade deram lugar ao imediatismo, ao descartável, ao prazer-consumo.
Fosse vivo, Pier Paolo Pasolini veria alarmado que Saló parece brincadeira de criança diante do que está posto.
Deve ser por isso que choro tanto assistindo Clara Sheller.
Há ali muito do que queremos ser, do que pensamos ser, e do que somos.
Mesmo que falado em francês e em cultura tão diversa.
Mesmo que falado em francês e em cultura tão diversa.
Esse seriado passa em algum Canal aqui no Brasil? Boa semana!
ResponderExcluirque lindo texto. e tão verídico. assusta-me muito também o ambiente atual, especialmente dos jovens. esforço-me por descobrir um meio de passar valores mais contundentes pro miguel e não deixar que ele se influencie tanto pelo meio. pra mim, o que pesa é a supervalorização do físico, da estética, do ter. pra mim, esse é o mal aparente e, pelo visto, real.
ResponderExcluirAlexandre,
ResponderExcluirPassa no Eurochanel.
Em princípio, é uma história como outras sobre três personagens e outros circundantes.
Mas fala sobre coisas interessantes, como amor, amizade, fidelidade, traição, sexo, mentiras, família.
Está na segunda temporada.
Gosto muito
Um abraço
Pois é Rita, não quero soar passadiço, mas essa juventude - e mesmo muitos adultos hoje - está assustadora.
ResponderExcluirEssa questão da estética é impressionante mesmo. Como não pareço ter a minha idade - e não vai nenhuma vaidade aí - eles, os garotos, sempre assustam quando falo a minha idade.
Sempre exclamam: nossa, não parece.
Mas fora a possível surpresa, vejo aí o peso da importância da aparência e do físico.
Bjs
Acho que foi o post mais confessional que eu vi no seu blog, Adilson. Muito bom e bonito. Interessante mesmo essa questão dos valores. Eu, que sou da geração que nasceu nos anos 70, já sinto um abismo com a nova geração. E confesso que tenho até um pouco de preconceito com a molecada na fase dos 15, 16 anos. Pra mim, é quase que uma geração perdida e desinteressada por algo que preste.
ResponderExcluirAilton,
ResponderExcluirAntigamente publicava mais posts confessionais no Insensatz, mas desse ano para cá ando priorizando mais textos sobre os filmes brasileiros que assisto, além de algumas séries.
Mas tem hora que realmente fica difícil calar sobre alguns acontecimentos, e esse embate de gerações anda me incomodando muito.
Não chego a ter propriamente preconceito, pois todas as postagens referentes ao assunto foram fruto de conceitos sobre acontecimentos in loco.
Como disse acima para minha querida amiga Rita, não quero soar passadiço, mas realmente ando percebendo uma inversão de valores preocupante e assustadora.
Ok, cada tempo tem seus valores, e embate entre gerações existe desde que o mundo é mundo.
Mas o que anda me assustando é a qualidade desses valores em voga atualmente, muito deles sustentados por uma visão extremamente individualista, egoísta e egoccêntrica do mundo.
E não vejo isso só em quem é dessa geração não, vejo muitos adultos de outras também sucumbindo e aderindo ao vale-tudo.
Acho triste.
E assustador.
Um abração
Pek,
ResponderExcluirVocê disse tudo em um texto muito bonito.
Bjs.
De cara pensei: será que posso contribuir de alguma forma, dizendo algo do tipo "é assim mesmo, mas, isso passa"?(como se fosse ajudar de alguma forma), mas, não há como. Posso contribuir concordando com você e tentando tornar o mais divertido possível os momentos que pudermos compartilhar juntos. Vamos almoçar nessa semana?
ResponderExcluirNoel,
ResponderExcluirGosto muito de vê-lo por aqui.
Bjs
Milagre você aqui Marco, e ainda mais deixando comentário.
ResponderExcluirProvavelmente porque se reconheceu, com todo direito, no "um ou dois amigos queridos", né?
Almoço sim, desde que, mais uma vez, você pague a conta.
Abs
Marco,
ResponderExcluirSobre a possibilidade do almoço é brincadeirinha, viu?
Não sobre o seu pagamento da conta, mas a possibilidade de almoçarmos juntos.
Para variar, estou apertadíssimo de trabalho.
Quem sabe depois de umas três semanas?
Abs
alguns muitos dias depois... rsrs, eu acompanho e gosto muito da série, seu texto é realmente muito bacana e sincero! Já, nos meus 44, me acho um cara "antenado" e atento a tudo que possa vir a acrescentar, vejo assim o resumo, msm que breve, mas objetivo, que é assim que devo levar a vida. mas falando de Clara, quantas temporadas foram feitas? paramos na 2a.? abç e parabens pelo blog
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