Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
110 - Tanga (Deu no New York Times?) (1987), de Henfil **
Ao rever esse Tanga (Deu no New York Times?), basta na abertura Henfil colocar a cara para fora da limusine em Nova York, onde será ladeado por seis seguranças, para a gente já sentir uma falta danada desse moço, cartunista, jornalista e escritor, morto tragicamente - ele e os irmãos Betinho e Chico Mário, todos hemofílicos, morreram de complicações da AIDS contraída em transfusão de sangue. Na cena, ele sai com esse aparato todo só para comprar um único exemplar do New York Times e que será enviado, via avião, ônibus, trem, barco e bicicleta para Tanga, uma ilha caribenha ficctícia, governada pelo ditador Rubens Correia. Desfilando com seu galo debaixo do braço, Rubens lê o jornal todo dia sentado em vaso sanitário, sempre com três dias de atraso, e depois o incinera para que os rebeldes da ilha não tenham acesso à essa única fonte de informação, já que a imprensa foi extinguida. O ditador acredita em tudo que lê, como também os guerrilheiros que se informam do conteúdo decifrando a fumaça na hora em que o jornal é queimado. O que ninguém sabe é que lá de Nova York, Henfil adultera as manchetes e com isso mina a estabilidade da ilha para que o poder seja deposto e substituído. Único filme dirigido por Henfil, que assina também o roteiro junto com Joffre Rodrigues, produtor da fita, Tanga é um filme anárquico que aposta na sátira exacerbada já a partir da interpretação dos atores - Rubens como o ditador; Elke Maravilha como a primeira-dama lasciva; Procópio Mariano e Luthero Luiz como os oficiais trapalhões; e Flávio Migliaccio, Cristina Pereira, Ricardo Blat, Sérgio Ropertto, Marcelo Escorel e Joffre Rodrigues como os rebeldes. Tem ainda Haroldo Costa, representando o povo de Tanga. O filme apresenta o humor sarcástico e crítico da pena de Henfil, ainda que aqui não seja dos mais inspirados e em função um tanto desarticulada nas cenas. Há bons momentos - como na presença de Cristina Pereira, mesmo que repetindo estilo de interpretação característico, como se a Flor da novela Guerra dos Sexos (1983/84), de Sílvio de Abreu, estivesse baixado literalmente na personagem; e a cena em que uma bancada de militares americanos interpretados por notáveis como Hélio Pellegrino, Zózimo Barroso do Amaral, Alfredo Sirkis e Fausto Wolf foge feito diabo da cruz com a menção sobre a AIDS. Mas ainda assim é muito pouco para o talento de Henfil, que morreria um ano depois de realizar o filme. Em sua biografia da Coleção Aplauso, o cineasta e roteirista Braz Chediak conta episódio sobre essa produção, pois foi contratado para ajudar a reescrever o roteiro com Henfil, além de participar da preparação da produção e das filmagens. Mas abandonou o projeto em andamento, e Chediak lamenta que foi exatamente no dia em que Henfil pediu para que ele ficasse perto dele durante a filmagem de uma cena, pois se sentia inseguro. Tanga (Deu no New York Times?) é possibilidade de rever Henfil, um grande talento que esse país produziu e que criou personagens inesquecíveis como os Fradinhos e a Graúna.
(em 2009 - 315 filmes)
110 - Tanga (Deu no New York Times?) (1987), de Henfil **
Ao rever esse Tanga (Deu no New York Times?), basta na abertura Henfil colocar a cara para fora da limusine em Nova York, onde será ladeado por seis seguranças, para a gente já sentir uma falta danada desse moço, cartunista, jornalista e escritor, morto tragicamente - ele e os irmãos Betinho e Chico Mário, todos hemofílicos, morreram de complicações da AIDS contraída em transfusão de sangue. Na cena, ele sai com esse aparato todo só para comprar um único exemplar do New York Times e que será enviado, via avião, ônibus, trem, barco e bicicleta para Tanga, uma ilha caribenha ficctícia, governada pelo ditador Rubens Correia. Desfilando com seu galo debaixo do braço, Rubens lê o jornal todo dia sentado em vaso sanitário, sempre com três dias de atraso, e depois o incinera para que os rebeldes da ilha não tenham acesso à essa única fonte de informação, já que a imprensa foi extinguida. O ditador acredita em tudo que lê, como também os guerrilheiros que se informam do conteúdo decifrando a fumaça na hora em que o jornal é queimado. O que ninguém sabe é que lá de Nova York, Henfil adultera as manchetes e com isso mina a estabilidade da ilha para que o poder seja deposto e substituído. Único filme dirigido por Henfil, que assina também o roteiro junto com Joffre Rodrigues, produtor da fita, Tanga é um filme anárquico que aposta na sátira exacerbada já a partir da interpretação dos atores - Rubens como o ditador; Elke Maravilha como a primeira-dama lasciva; Procópio Mariano e Luthero Luiz como os oficiais trapalhões; e Flávio Migliaccio, Cristina Pereira, Ricardo Blat, Sérgio Ropertto, Marcelo Escorel e Joffre Rodrigues como os rebeldes. Tem ainda Haroldo Costa, representando o povo de Tanga. O filme apresenta o humor sarcástico e crítico da pena de Henfil, ainda que aqui não seja dos mais inspirados e em função um tanto desarticulada nas cenas. Há bons momentos - como na presença de Cristina Pereira, mesmo que repetindo estilo de interpretação característico, como se a Flor da novela Guerra dos Sexos (1983/84), de Sílvio de Abreu, estivesse baixado literalmente na personagem; e a cena em que uma bancada de militares americanos interpretados por notáveis como Hélio Pellegrino, Zózimo Barroso do Amaral, Alfredo Sirkis e Fausto Wolf foge feito diabo da cruz com a menção sobre a AIDS. Mas ainda assim é muito pouco para o talento de Henfil, que morreria um ano depois de realizar o filme. Em sua biografia da Coleção Aplauso, o cineasta e roteirista Braz Chediak conta episódio sobre essa produção, pois foi contratado para ajudar a reescrever o roteiro com Henfil, além de participar da preparação da produção e das filmagens. Mas abandonou o projeto em andamento, e Chediak lamenta que foi exatamente no dia em que Henfil pediu para que ele ficasse perto dele durante a filmagem de uma cena, pois se sentia inseguro. Tanga (Deu no New York Times?) é possibilidade de rever Henfil, um grande talento que esse país produziu e que criou personagens inesquecíveis como os Fradinhos e a Graúna.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
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