Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
108 - Máscara da Traição (1969), de Roberto Pires ****
O cineasta Roberto Pires deveria ser mais festejado. Pioneiro que colocou o cinema baiano de longas no mapa nacional com Redenção (1955/59), Pires é mais que cineasta e mestre de toda uma geração, é também inventor de lente e de outras técnicas de filmagem. Diretor de A Grande Feira (1961), um clássico fascinante, construiu sua carreira de cineasta, produtor, roteirista, montador, diretor de fotografia e ator que vai até a década de 90 - faleceu em 2001. Com produções em solo baiano e carioca, já no Rio de Janeiro realizou esse notável Máscara da Traição, em que assina também o roteiro, reunindo o casal mais célebre das novelas de TV e também com atuações individuais importantes no cinema, Tarcísio Meira e Glória Menezes. O casal vinha de sucessos nas novelas 2-5499 (1963), de Dulce Santucci, a primeira a ser exibida diariamente; A Deusa Vencida (1965), superprodução escrita por Ivani Ribeiro; e Almas de Pedra (1966), também de Ivani Ribeiro - depois seriam reunidos nas telas em filmes como Independência ou Morte (1972), de Carlos Coimbra. Máscara da Traição tem uma ficha técnica de primeira: Leopoldo Serran no argumento - em co-autoria com Pires; Afonso Beato e Pompilho Tostes na fotografia; Régis Monteiro na cenografia; Francis Hime na música; Luiz Carlos Lacerda na assistência de direção; e mais Claudio Marzo, Flávio Migliaccio, Milton Gonçalves, Oswaldo Loureiro e Mário Brasini no elenco. Na trama, Claúdio Marzo é um contador que trabalha no setor financeiro do maracanã e que é diariamente humilhado pelo chefe Tarcísio Meira. Certo dia conhece Glória Menezes, a esposa do chefe, de quem se torna amante, e juntos armam plano para o roubo de renda milionária do estádio, deixando a culpa para o désposta. A partir daí um intrincado jogo de aparências conduz a história e o espectador. Com perfeito domínio de cena, o filme reafirma o gigantesco talento do cineasta. O acerto está tanto no roteiro e na direção, como também no elenco perfeito e, parece, escolhido a dedo. Tarcísio, Glória e Marzo estão simplesmente sensacionais como o triângulo amoroso protagonista e de perigosas consequências. Afinal, quantos paus mandados não sonharam um dia em mandar o chefe para aquele lugar, vingar-se faturando a esposa ou o marido dele, botar a mão em uma bolada e ainda incriminar o sujeito? Cláudio Marzo encarna com maestria esse funcionário anônimo que nas horas de folga visita galerias, detesta arte moderna e faz seus desenhinhos; e que na hora da labuta bate boca com o chefe por se sentir ultrajado, o que aparenta coragem de insubordinação, mas que ao ser cortejado pela dona do bacana vira menino birrento e subjugado. Glória Menezes, por sua vez, faz aquelas madames que quer um roça em um quarto e sala de subúrbio, desde que a champagne e os banhos de piscina estejam garantidos. E por fim Tarcísio Meira estampa a pinta de galã que esconde furacões internos ao mesmo tempo em que encarna o ultraje do marido traído. Máscara da Traição é filme policial, e por isso o clima característico do gênero é essencial para que mergulhemos na intriga, o que é levado a cabo aqui com inteligência e sem tempos mortos - ainda que a forma do plano e detalhe simples, mas crucial, de conclusão forcem um tanto a barra. Máscara da Traição é mais um título que honra e representa a tradição do nosso melhor cinema policial.
(em 2009 - 315 filmes)
108 - Máscara da Traição (1969), de Roberto Pires ****
O cineasta Roberto Pires deveria ser mais festejado. Pioneiro que colocou o cinema baiano de longas no mapa nacional com Redenção (1955/59), Pires é mais que cineasta e mestre de toda uma geração, é também inventor de lente e de outras técnicas de filmagem. Diretor de A Grande Feira (1961), um clássico fascinante, construiu sua carreira de cineasta, produtor, roteirista, montador, diretor de fotografia e ator que vai até a década de 90 - faleceu em 2001. Com produções em solo baiano e carioca, já no Rio de Janeiro realizou esse notável Máscara da Traição, em que assina também o roteiro, reunindo o casal mais célebre das novelas de TV e também com atuações individuais importantes no cinema, Tarcísio Meira e Glória Menezes. O casal vinha de sucessos nas novelas 2-5499 (1963), de Dulce Santucci, a primeira a ser exibida diariamente; A Deusa Vencida (1965), superprodução escrita por Ivani Ribeiro; e Almas de Pedra (1966), também de Ivani Ribeiro - depois seriam reunidos nas telas em filmes como Independência ou Morte (1972), de Carlos Coimbra. Máscara da Traição tem uma ficha técnica de primeira: Leopoldo Serran no argumento - em co-autoria com Pires; Afonso Beato e Pompilho Tostes na fotografia; Régis Monteiro na cenografia; Francis Hime na música; Luiz Carlos Lacerda na assistência de direção; e mais Claudio Marzo, Flávio Migliaccio, Milton Gonçalves, Oswaldo Loureiro e Mário Brasini no elenco. Na trama, Claúdio Marzo é um contador que trabalha no setor financeiro do maracanã e que é diariamente humilhado pelo chefe Tarcísio Meira. Certo dia conhece Glória Menezes, a esposa do chefe, de quem se torna amante, e juntos armam plano para o roubo de renda milionária do estádio, deixando a culpa para o désposta. A partir daí um intrincado jogo de aparências conduz a história e o espectador. Com perfeito domínio de cena, o filme reafirma o gigantesco talento do cineasta. O acerto está tanto no roteiro e na direção, como também no elenco perfeito e, parece, escolhido a dedo. Tarcísio, Glória e Marzo estão simplesmente sensacionais como o triângulo amoroso protagonista e de perigosas consequências. Afinal, quantos paus mandados não sonharam um dia em mandar o chefe para aquele lugar, vingar-se faturando a esposa ou o marido dele, botar a mão em uma bolada e ainda incriminar o sujeito? Cláudio Marzo encarna com maestria esse funcionário anônimo que nas horas de folga visita galerias, detesta arte moderna e faz seus desenhinhos; e que na hora da labuta bate boca com o chefe por se sentir ultrajado, o que aparenta coragem de insubordinação, mas que ao ser cortejado pela dona do bacana vira menino birrento e subjugado. Glória Menezes, por sua vez, faz aquelas madames que quer um roça em um quarto e sala de subúrbio, desde que a champagne e os banhos de piscina estejam garantidos. E por fim Tarcísio Meira estampa a pinta de galã que esconde furacões internos ao mesmo tempo em que encarna o ultraje do marido traído. Máscara da Traição é filme policial, e por isso o clima característico do gênero é essencial para que mergulhemos na intriga, o que é levado a cabo aqui com inteligência e sem tempos mortos - ainda que a forma do plano e detalhe simples, mas crucial, de conclusão forcem um tanto a barra. Máscara da Traição é mais um título que honra e representa a tradição do nosso melhor cinema policial.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
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