Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
076 - Hans Staden (1999), de Luis Alberto Pereira ***1/2
(em 2009 - 315 filmes)
076 - Hans Staden (1999), de Luis Alberto Pereira ***1/2
Em 1548 e 1550 o aventureiro alemão Hans Staden fez duas viagens ao Brasil, e na segunda, depois de seu navio naufragar, ficou trabalhando com os portugueses durante dois anos em um forte. É aí que se torna prisioneiro dos Tupinambás, tribo que praticava o canibalismo, sobretudo de portugueses, de quem são inimigos. Durante nove meses, Hans faz de tudo para evitar ir para a panela - se faz de françês, de vidente, de curandeiro, e de protegido de seu deus. E enquanto acompanhamos suas artimanhas, vemos o dia a dia da aldeia, suas lutas com os Tupiniquins, e as doenças que os assolam e que acabarão, ao lado das matanças, por dizimá-los - é piada involuntária a Bayer como apoiadora e com seu slogan como primeira imagem antes do filme. Quando volta à Europa, Hans Staden publica dois livros sobre sua experiência, importantes obras sociológicas e repassadoras de uma idéia sobre o Brasil dos primeiros tempos de colonização. Afora ser um filme de Luis Alberto Pereira, um cineasta empenhado, o nome de Marlui Miranda na ficha técnica já denota a seriedade de pesquisa que envolve esse Hans Staden. E um dos trunfos do filme é a língua tupi falada pelos atores, índios e não índios. Ao mesmo tempo, as legendas incomodam um pouco pois uniformiza o vocabulário, e daí lemos um português altamente elaborado, o que nos distancia um pouco daquela realidade primitiva, e sofisticada, dos índios. Carlos Evelyn está bem como Hans, pois não apresenta um carisma especial, o que tem seu efeito positivo para a composição do personagem, pois Staden não passava mesmo de um mercenário como tantos outros aventureiros da época querendo enriquecer às custas de sangue alheio e extermínio de povos inteiros. E é ponto positivo também sua entrega ao balançar o pingolim para lá e para cá o tempo inteiro e sem pudor, já que passa o filme praticamente todo nu. O mesmo vale para os outros atores, entre eles Ariana Messias, Beto Simas e Stênio Garcia. Ponto alto da produção, já que muitos filmes adoram colocar indios carnavalescos e vestidos, muito antes do guarda-roupa da Funai. Na linhagem da A Lenda de Ubirajara (1975), de André Luiz Oliveira, mas inferior a este, Hans Staden tem uma sobriedade e secura a dar lição para monstrengos como O Guarani (1996), de Norma Bengell.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Adilson, gosto bastante desse filme pois, ao contrário de outros filmes brasileiros sobre índios, ele não cai na facilidade da alegoria antropofágica.
ResponderExcluirUm abraço.
Pois é meu amigo, esse Hans Staden foge de muitas soluções fáceis que assolam o tema.
ResponderExcluirUm abração.
Pek,
ResponderExcluirJá vi este filme pelo menos três vezes e sempre encontro algo que não tinha notado nas vezes anteriores.
Bjs.
Noel, esse filme é mesmo bem interessante.
ResponderExcluirFoi a primeira vez que vi.
Bjs
pelas minhas pesquisas sobre o Hans |Staden , não o mostram como um mercenario aventureiro querendo enriquecer as custas de sangue alheio e extermino de povos inteiros . Sua chegada no Brasil deveu-se a sua chegada tardia em Portugal para busca de conhecimento em nome de Deus à India, mas já que estava lá e surgiu uma oportunidade de trabalhar como canhoneiro numa Nau portuguesa para terras brasilis em missão imperial , por que não ir ? Afinal era o que tinha de busca de conhecimento naquele momento , seguiu sua intuição com fé em Deus .Se quisesse mesmo fama e dinheiro , teria feito muito mais barulho e escrito de uma forma mais espetacular e não com cunho 100% espiritual em nome de Deus .
ResponderExcluirOi,
ResponderExcluirAdoro esse filme, ele é muito bom, acho que a escolha do ator foi certíssima, muito bom também terem preservado o língua original.
Quando ao personagem Hans Staden eu acho que esse cara foi fabuloso, de um honestidade intelectual surpreendente. Como pode um homem, vivendo em fins da Idade Média, profundamente religioso, se desvencilhar de seus valores se mostrar disposto a compreender tão bem a gama de relações de um povo tão exòtico, que lhe queria devorar?
Abs,
Nilson Soares
www.baiaodeideias.blogspot.com