Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
103 - Chico Xavier (2010), de Daniel Filho ***
O sucesso inesperado de Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito (2008), de Glauber Filho e Joe Pimentel, deve ter feito os olhos de Daniel Filho tilintarem em cifrões no melhor estilo Tio Patinhas. Daí que um filme sobre Chico Xavier revelou-se mina de ouro instântanea e inacreditavelmente não farejada há mais tempo - ainda que a gente saiba que um bom personagem não queira dizer garantia nenhuma de qualidade, e anda por aí Lula - O Filho do Brasil (2009 - Fábio Barreto) para não nos deixar esquecer disso. Como se sabe, Daniel Filho revelou-se o novo midas de bilheteria do cinema brasileiro, já que um lote de seus filmes vem arrebentando a boca do balão, seja na produção ou na direção, como o Se Eu Fosse Você ( (2006) e Se Eu Fosse Você 2 (2008). E agora com esse Chico Xavier não está sendo diferente, pois em menos de 20 dias fez mais de dois milhões de espectadores. Quando lhe perguntaram sobre seu faro para realizar filmes de apelo de público, ele disse que isso é resultado de décadas na TV, onde tinha que falar para um público de milhões. Se a lição foi dura, ele aprendeu direitinho o dever de casa, ainda que na TV ousou muito mais que vem fazendo nas telas. Aliás, nas telas vem ousando zero cal. Como já foi dito por aqui, Daniel Filho é um cineasta que muita gente adora odiar, mas a melhor notícia é que Chico Xavier é um bom filme. Começa com cara daquelas biografias enaltecedoras de Hollywood e a gente fica logo esperando trilha-exaltação. Mas com o andar da carruagem, vai-se embarcando na saga e comovendo junto. Chico Xavier faz parte da cultura brasileira, inclusive de massa, não só a que lotava sua porta em busca de ajuda, mas a da TV mesmo da industria cultural, ainda que nem se soubesse tanto sobre sua história. E para quem passou ao largo dela, é bom reencontrar essa figura sui generis com aquela cara de menino emperucado e insuspeitadamente divertido - a cena do avião é exemplo delicioso disso, principalmente quando narrada pelo próprio nos créditos. O filme foca a história de Xavier desde a infância e suas primeiras visões até a morte, quando já se tornara conhecido de ponta a ponta. Matheus Costa, Angelo Antonio e Nelson Xavier dão rosto e voz ao biografado em três fases de sua vida, infância, juventude e maturidade, com talento - sobretudo na composição cuidadosa e interiorizada de Angelo Antonio, além de um Nelson Xavier cuspido e escarrado do homem. A rigor, Chico Xavier seria um personagem-mor apenas do kardecismo, mas como no Brasil, felizmente, espíritas, católicos, ateus e evangélicos - esses últimos atualmente de faces mais talibans - transitam e se misturam como em desfile na Sapucaí, filmes como esse não só espelham esse fundamental sincretismo nas telas, como também faz essas tribos todas transitarem e se misturarem já nas filas imensas das bilheterias. Não fosse o bom filme que é, esse Chico Xavier já valeria o mérito por essa junção em torno dessa epifania religiosa e humanitária. E, claro, por jogar luz sobre a história desse homem que atuou sobre a vida de muita gente e de um país sempre de forma impactante, mas por ele mesmo, discreta.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
103 - Chico Xavier (2010), de Daniel Filho ***
O sucesso inesperado de Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito (2008), de Glauber Filho e Joe Pimentel, deve ter feito os olhos de Daniel Filho tilintarem em cifrões no melhor estilo Tio Patinhas. Daí que um filme sobre Chico Xavier revelou-se mina de ouro instântanea e inacreditavelmente não farejada há mais tempo - ainda que a gente saiba que um bom personagem não queira dizer garantia nenhuma de qualidade, e anda por aí Lula - O Filho do Brasil (2009 - Fábio Barreto) para não nos deixar esquecer disso. Como se sabe, Daniel Filho revelou-se o novo midas de bilheteria do cinema brasileiro, já que um lote de seus filmes vem arrebentando a boca do balão, seja na produção ou na direção, como o Se Eu Fosse Você ( (2006) e Se Eu Fosse Você 2 (2008). E agora com esse Chico Xavier não está sendo diferente, pois em menos de 20 dias fez mais de dois milhões de espectadores. Quando lhe perguntaram sobre seu faro para realizar filmes de apelo de público, ele disse que isso é resultado de décadas na TV, onde tinha que falar para um público de milhões. Se a lição foi dura, ele aprendeu direitinho o dever de casa, ainda que na TV ousou muito mais que vem fazendo nas telas. Aliás, nas telas vem ousando zero cal. Como já foi dito por aqui, Daniel Filho é um cineasta que muita gente adora odiar, mas a melhor notícia é que Chico Xavier é um bom filme. Começa com cara daquelas biografias enaltecedoras de Hollywood e a gente fica logo esperando trilha-exaltação. Mas com o andar da carruagem, vai-se embarcando na saga e comovendo junto. Chico Xavier faz parte da cultura brasileira, inclusive de massa, não só a que lotava sua porta em busca de ajuda, mas a da TV mesmo da industria cultural, ainda que nem se soubesse tanto sobre sua história. E para quem passou ao largo dela, é bom reencontrar essa figura sui generis com aquela cara de menino emperucado e insuspeitadamente divertido - a cena do avião é exemplo delicioso disso, principalmente quando narrada pelo próprio nos créditos. O filme foca a história de Xavier desde a infância e suas primeiras visões até a morte, quando já se tornara conhecido de ponta a ponta. Matheus Costa, Angelo Antonio e Nelson Xavier dão rosto e voz ao biografado em três fases de sua vida, infância, juventude e maturidade, com talento - sobretudo na composição cuidadosa e interiorizada de Angelo Antonio, além de um Nelson Xavier cuspido e escarrado do homem. A rigor, Chico Xavier seria um personagem-mor apenas do kardecismo, mas como no Brasil, felizmente, espíritas, católicos, ateus e evangélicos - esses últimos atualmente de faces mais talibans - transitam e se misturam como em desfile na Sapucaí, filmes como esse não só espelham esse fundamental sincretismo nas telas, como também faz essas tribos todas transitarem e se misturarem já nas filas imensas das bilheterias. Não fosse o bom filme que é, esse Chico Xavier já valeria o mérito por essa junção em torno dessa epifania religiosa e humanitária. E, claro, por jogar luz sobre a história desse homem que atuou sobre a vida de muita gente e de um país sempre de forma impactante, mas por ele mesmo, discreta.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Assisti ao filme na semana de estréia! Achei um filme frouxo e algumas atuações bem ruins. Pra quem leu o livro no qual o filme foi inspirado fica uma sensação de perda como na maiorias das adaptações literárias para as telas. Acho que o filme vale para quem não conhecia o lindo trabalho e a pessoa incrível que foi o Chico Xavier.
ResponderExcluirBom final de semana!
Pois eu gostei do filme, Alexandre. Até achei que não ia gostar, mas me envolvi.
ResponderExcluirE sou dos que não conhecia a história dele e achei as interpretações dos três Chico muito boa.
Bom fim de semana para você também.
Abs
E adorei conhecer mais a história dele, tanto que mudei um pouco o final do texto, pois acho que não tinha ficado muito claro a idéia desenvolvida sobre o nosso interessantíssimo sincretismo religioso, e que no caso dele se expande além disso, pois reside também no humanitário.
ResponderExcluirAbs
HOJE! HOJE! eu cheguei ao serviço e pensei: "vou pedir ao adilson pra comentar o filme do chico. será que ele já viu?". e entro aqui agora com essa grata surpresa. obrigada por essa sincronicidade. vou ler tudinho!
ResponderExcluirainda bem que o filme é bom. seria triste jogar lama, sob a forma de cinema, na vida do chico xavier. a meu ver, ele merecia mesmo um trabalho, no mínimo, sensível. quero ver!
ResponderExcluirAdilson, esse é um daqueles filmes sobre paixão, então é difícil para muitos espectadores entrarem no mérito de ser bom ou ruim. Fiquei com isso na cabeça quando vi o monte de pessoas emocionadíssimas, na saída do cinema. Se por aí funciona, já é alguma coisa. Cinema popular, sempre :) Beijo, querido
ResponderExcluirRita,
ResponderExcluirNossa sintonia está cada vez mesmo mais fina, e eu adoro isso.
Veja o Chico Xavier, pois acho que você vai gostar.
Bjs
Querida Andrea, fico felicíssimo quando a vejo por aqui.
ResponderExcluirPois é, eu adoro quando as bilheterias para o cinema brasileiro tilintam e as filas dobram.
E ao contrário de muita gente, tenho respeito pelo cinema de Daniel Filho.
Parte do cinema dele vem dialogando com o público, e não é só resultado de marketing agressivo como lhe querem impingir.
Só fico triste quando o filme é ruinzinho, como o Se Eu Fosse Você 2, e fico feliz quando o resultado é bem melhor como esse Chico Xavier.
Um beijo, querida
Pek,
ResponderExcluirAinda não vi, mas quando chegar de férias, será uma das primeiras coisas que farei.
Bjs.
Veja mesmo, Noel.
ResponderExcluirVale a pena.
Bjs