sexta-feira, 19 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (261)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

261 - Doida Demais (1989), de Sergio Rezende *1/2

Alguns atores podem ganhar preferência tanto de um movimento como também de cineastas e produtores - e, com isso, acabam representativos desses recortes. No primeiro caso, Joel Barcellos e Paulo César Peréio para boa parte do Cinema Novo e Guará Rodrigues e Paulo Villaça para o Cinema Marginal são exemplos; já no segundo, Roberto Maya e Mário Benvenutti para Walter Hugo Khouri e Jorge Dória para as produções de Carlo Mossy. Nas décadas de 1980 e 90, José Wilker e Paulo Betti eram figurinhas carimbadas nos filmes de Sergio Rezende. O cineasta escalou os dois atores para protagonizarem cinco de seus filmes, às vezes juntos, noutras separados - Wilker em O Homem da Capa Preta (1986); Betti em Lamarca (1994) e Mauá - O Imperador e o Rei (1998); e os dois juntos em Doida Demais (1989) e Guerra de Canudos (1998). Nesse Doida Demais, Wilker e Betti disputam a mesma mulher: Vera Fischer. Ela é uma falsificadora de quadros em quadrilha com Wilker e Carlos Gregório, e juntos eles vendem suas peças para o colecionador Ítalo Rossi. Certo dia ela desiste de continuar na parada, mas o primeiro, que também é seu amante, não aceita ficar nem sem a parceira e nem sem a amada - e ainda cumpre ordem do milionário que descobriu a farsa e, apaixonado, quer Fischer só para ele. Depois que Gregório é assassinado, ela foge com Betti, um piloto que cruzou seu caminho e com o qual inicia tórrida paixão. Mas ambos são caçados sem trégua por aquele que ela deixou para trás. Inicialmente projetado com o título Ele Sem Juízo, Ela Doida Demais - que aliás, é citado por Betti durante a trama - o filme acabou com o título condensado. Mas a rigor não há muito disso não, pois a personagem de Vera Fischer não é nenhuma porraloka, e sim uma trambiqueira de luxo que põe sebo nas canelas e dá o fora depois que a barra pesa para o seu lado - na vida real o título poderia se aplicar melhor, pois ela vinha da novela Mandala (1987/88), de Dias Gomes, em que fazia par com Felipe Camargo como Jocasta e Édipo, e do lado de fora iniciariam casamento explosivo com direito a muitas manchetes sensacionalistas. Betti talvez se assemelhe melhor com o sem juízo, já que entra na canoa da beldade sem saber do quiproquó em que ela está metida - ele também está acuado, pois participou, involuntariamente, de um assassinato de um garimpeiro. Mas, de qualquer forma, fica incômoda sensação de forçação de barra - e o cartaz reforça isso. Doida Demais aposta nos corpos suados e mesmo em nú frontal do casal de amantes, ainda que embaçados por sombras de esconde esconde. Procura-se um registro de tesão de beira de estrada em formato road movie, mas que nunca convence muito. Nem a trama e nem tampouco os personagens. Depois dele, Sérgio Rezende retomaria os grandes relatos históricos - Lamarca, Canudos e Mauá; antes de Doida vinha de O Homem da Capa Preta - para na sequência realizar seu mais belo filme até hoje, Quase Nada (2000). Ainda em Doida Demais, destaque para a boa trilha de David Tygel e a canção-tema A Fina Poeira do Ar, de Paulo Ricardo, e, surpreendemente, cantada por ele e por Rita Lee.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários:

  1. Pek,

    Tive presente no lançamento deste filme em BH. Depois, participei de um jantar restrito para Paulo Betti, Vera Fischer, Mariza Leão e Sérgio Rezende. Foi muito divertido. Apesar de o filme ser fraco, foi um dos maiores sucessos de público do Sérgio.

    Bjs.

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  2. Ah é, Noel?
    Não sabia que já era amigo da Mariza desde esse tempo.
    Do cinema deles, gosto mesmo é de O Sonho não Acabou, Quase Nada e Zuzu Angel.
    Quero rever os outros.

    Bjs

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