segunda-feira, 15 de novembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (258)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

258 - A Vingança dos 12 (1970), de Marcos Farias ***1/2

Desde a fase muda que o cangaço bate ponto no cinema brasileiro, e a partir de então produziu registros os mais diversos, como o inaugural Filhos sem Mãe (1925), de Tancredo Seabra; os míticos de Lampião e seu bando por Benjamin Abrahão em 1936; o filme-mor do gênero O Cangaceiro (1953), de Lima Barreto; as cores esfuziantes em A Morte Comanda o Cangaço (1960), de Carlos Coimbra; a obra-prima Deus e o Diabo na Terra do Sol (164), de Glauber Rocha; a anarquia em Kung Fu Contra as Bonecas (1976), de Adriano Stuart; o solar Corisco & Dadá (1996), de Rosemberg Cariry. Na década de 1970, a Saga Filmes de Marcos Farias, Leon Hiszman e Eduardo Coutinho também se aventurou no gênero. Era para ser cinco filmes, mas pelo menos produziu dois: Faustão, de Coutinho, e esse A Vingança dos 12, de Farias. Articulado e politizado nome do Cinema Novo, Marco Farias dirigiu o espisódio O Favelado em Cinco Vezes Favela (1961), e, quase uma década depois, veio à cena com esse pouco conhecido, mas interessantíssimo, A Vingança dos 12. Na trama, Jorge Gomes é sobrevivente de um massacre de seus pais pelo avô materno, que não aceitou o amor que ligou sua filha ao filho de um coronel inimigo. Criado por Maurício do Valle, o avô paterno, o garoto é preparado para a vingança, e para isso monta um bando de 12 cangaceiros inspirado no fascinio do avô pelos 12 pares da França, os cavaleiros fiéis do rei Carlos Magno. No caminho, Gomes faz de refém Rejane Medeiros, esposa de um dos tios inimigos, e apesar do interesse romântico imediato, faz de tudo para não se desviar da sua cruzada de sangue - "navegar é preciso, viver não é preciso". Se há várias polêmicas que rondam alguns estudos sobre o cinema brasileiro, a presença do olhar feminino é sem dúvida uma delas. Para alguns - como para esse escriba - se ele existe, com certeza não é exclusivo da mulher. E há em certos filmes um olhar que é tão masculino, mas tão masculino, que pontuar o grau dessa masculinidade entre um filme e outro também pode ser tarefa auspiciosa. Mesmo sem análises mais profundas, isso se dá de forma absoluta nesse A Vingança dos 12. O registro poético, idílico e terno do encontro dos amantes nos primeiros fotogramas é de cara intercalado com a rude cena de sexo do cangaceiro e sua parceira, que rolam no chão em mistura de gozo e terra. E a partir daí, é na segunda chave que toda a história vai ser contada, não poupando nem o amor calado e sufocado entre Gomes e Medeiros. Farias acertou ao colocar no elenco secundário, mas de extrema importância, atores pouco conhecidos - Samuka como Cobra Verde está ótimo. Já como um dos protagonistas, Maurício do Valle, de barba inacreditável azul, está mais uma vez imponente e completamente adequado à estética do cangaço. Destaques também para a fotografia de José Medeiros, a cenografia de Luiz Carlos Ripper e a música de Baden Powell com regência do Maestro Cipó.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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