domingo, 20 de junho de 2010

realeza da MPB na 5a Cineop


MPB estelar


O cantor e ator Ricardo Nazar, que ontem fez mais uma apresentação de seu show em homenagem à Chico Buarque, fez uma saudação quase tímida ao aniversário do moço dos inconfundíveis olhos azuis - Chico fez ontem 66 anos.

E vendo/ouvindo a platéia lotada de jovens entoando Roda Vida, um dos tantos clássicos de Buarque, foi impossível não fazer ponte em flashback com a fala de Chico no belo filme Uma Noite em 67, de Renato Terra e Ricardo Calil, exibido pouco antes ao ar livre na Praça Tiradentes.

No filme, Buarque fala que quase não canta mais a música e, a pedido dos entrevistadores, tenta cantarolar a canção ao violão sem muito sucesso.

Em quase contraposição, o coro para a música no Galpão Cine Bar Show durante o show de Nazar deixou muito claro que se Buarque não revisita muito Roda Viva, o público, renovadamente, apropria-se da canção como trilha sonora de vida.

Mesmo as lufadas de frio gelado na Praça não afugentou o público, que, ao contrário, só fez crescer - a platéia estava lotada, com muita gente em pé nas laterais - durante a sessão desse filme que focaliza o mítico festival da Record em 1967.

Aquele que teve Sérgio Ricardo vaiado, quebrando e jogando o violão na platéia, e que premiou nos cinco colocados uma verdadeira realeza da música brasileira - Roberto Carlos (5o.) com Maria, Carnaval e Sonhos; Caetano Veloso e os Beach Boys (4o.) com Alegria Alegria; Chico Buarque (3o.) com Roda Vida; Gilberto Gil e Os Mutantes (2o.) com Domingo no Parque; e os vencedores Edu Lobo e Marília Medaglia com Ponteio.

Uma Noite em 67 é mais um belíssimo filme sobre Música Brasileira, do mesmo patamar do melhor do filão, como Vinicius (2005), de Miguel Faria Jr, e Loki - Arnaldo Baptista (2008), de Paulo Henrique Fontenelli.

(em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez)



Seminário

O dia de ontem ainda reservou espaço para esclarecedor debate sobre a Cinédia - Anos 30: O Sonho da Industrialização (Cinédia, Humberto Mauro e Getúlio Vargas) - foto: Alexandre C. Mota.

Na mesa, a presença de Máximo Barro (último na foto, com mão no queixo) - importante e pouco celebrado montador do cinema brasileiro - A Ilha (1963), de Walter Hugo Khouri, Cordélia, Cordélia (1971), de Rodolfo Nanni, Ninfas Diabólicas (1978), de John Doo, e tantos outros.

E também Alice Gonzaga, da Cinédia, o crítico, ensaista, pesquisador e professor João Luiz Vieira, e o pesquidor e professor Fernando Morais - com mediação do pesquisador e professor Fabian Nuñez.

O seminário foi rico e ilustrativo no geral, mas é impossível não destacar a fala de Fernando Morais (o quarto - de barba - na foto), que ao se debruçar sobre a questão do som na Cinédia fez de um tema que poderia ser árido um momento de encanto e aprendizado.

Impressionante sua capacidade de passar conteúdo de forma simples, direta e sem nenhuma afetação. Desde já, um dos grandes momentos dessa 5a Cineop.


Cinédia

Nas exibições dos clássicos da Cinédia, ontem foi a vez de Mulher (1931), de Octávio Gabus Mendes.

Que beleza poder ver Carmen Violeta em tela grande. Protagonista de filme com tema ousado - as cenas com o cineasta Humberto Mauro interpretando o padrasto que assedia a enteada são atuais e corajosas - Mulher ainda tem no elenco outra musa da época, Gina Cavalieri.

Hoje tem um dos clássicos mais emblemáticos da Cinédia - Alô, Alô Carnaval! (1936), de Adhemar Gonzaga.

Confira aqui amanhã.


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A 5a Cineop vai até o dia 22 de junho.
Programação competa

2 comentários:

  1. Pek,

    Suas resenhas estão ótimas! Queria estar aí: cinema e frio, além de ser Ouro Preto.

    Bjs.

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  2. Obrigado, Noel.
    Você ia adorar mesmo isso aqui.
    Bjs

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