O tesouro da Cinédia
Está sendo de fundamental importância as luzes que a 5a Cineop está lançando sobre a Cinédia, estudio fundado em 1930 pelo jornalista, produtor e cineasta Adhemar Gonzaga.
Está sendo de fundamental importância as luzes que a 5a Cineop está lançando sobre a Cinédia, estudio fundado em 1930 pelo jornalista, produtor e cineasta Adhemar Gonzaga.
Porque quando o assunto envolve estúdios de cinema, quase sempre se fala da Atlântida, da Vera Cruz, da Maristela - sobretudo dos dois primeiros. E a Cinédia fica, muitas vezes, um tanto de lado.
Injustiça pura, não só pela pioneira e grandiosidade dessa tentativa de Gonzaga em constituir uma indústria do cinema brasileiro, como também pelos talentos que levou para as telas e pelos ótimos filmes realizados.
Carmen Miranda, Oscarito, Dercy Gonçalves e Grande Otelo são apenas alguns do grandes artistas populares que brilharam nos filmes da Cinédia.
Ontem na Cineop foi a vez do emblemático Alô, Alô Carnaval! (1936), de Adhemar Gonzaga.
Com cópia tinindo de nova, a platéia não arredou pé e se divertiu com Barbosa Junior e Pinto Filho e suas atrapalhadas para montar a Revista Banana na Terra no disputado Casino Mosca Azul, de um impagável Jayme Costa.
Daí, desfilam pela tela reis e rainhas do Rádio como Carmen Miranda e Aurora Miranda - em aparições individuais e no mítico número Cantores do Rádio - o Bando da Lua, Mário Reis, Lamartine Babo, Almirante e muitos outros.
Tem também Oscarito e a musa Lelita Rosa.
A magia era tanto - apesar de uma parcela que insiste em matracar em sala de cinema - que uma garota de um três anos no colo da mãe ficou com os olhos vidrados na tela, e, vez ou outra, tamborilava no espaldar da cadeira da frente e dançava ao som das músicas.
Na hora em que Mário Reis apareceu cantando Cadê Mimi, clássico de Alberto Ribeiro e Braginha, ela fez cara de tanto contentamento que eu não sabia se olhava para a tela ou para ela.
Tem também Oscarito e a musa Lelita Rosa.
A magia era tanto - apesar de uma parcela que insiste em matracar em sala de cinema - que uma garota de um três anos no colo da mãe ficou com os olhos vidrados na tela, e, vez ou outra, tamborilava no espaldar da cadeira da frente e dançava ao som das músicas.
Na hora em que Mário Reis apareceu cantando Cadê Mimi, clássico de Alberto Ribeiro e Braginha, ela fez cara de tanto contentamento que eu não sabia se olhava para a tela ou para ela.
Inesquecível sessão
(em breve, comentários sobre o filme aqui no Insensatez)
Cinema e Futebol
Quem me conhece sabe que futebol para mim é o fim.
Mas ainda assim, como jornalista e pesquisador, fui conferir o debate Bola no Set, Cinema no Campo, e foi a melhor coisa que fiz na manhã de ontem na 5a Cineop.
A mesa reuniu o professor e crítico de cinema - foi também importante montador e cineasta - Inácio Araújo; o cineasta Adirley Queirós; e o diretor do acervo do Canal 100 Alexandre Niemeyer - com mediação do professor, crítico e cineasta Daniel Caetano.
Uma das questões discutidas foi a dificuldade em fazer bons filmes de ficção sobre futebol no nosso cinema.
Inácio fez contraposição entre o boxe, que é um duelo entre dois, e a dificuldade em filmar esportes coletivos - Touro Indomável, de Martin Scorsese, foi citado mais de uma vez.
E que quando se trata de esporte coletivo, como o futebol, o foco acaba sendo para o que está fora do campo.
Adirley Queirós, que apresentou aqui na Cineop o média Fora de Campo (2009) - foto Alexandre C. Mota - fez colocações importantes e espirituosas, como a dificuldade de um ator encarnar um jogador de futebol.
"ele tem a técnica, pode até ter o físico, mas não tem a ginga. Daí, como o futebol é visto o ano inteiro pelos brasileiros, quando o público vai o cinema e vê um ator duro fazendo um jogador ele logo pensa: não tá bom não" - tirando risos da platéia, que foi pequena em dia de jogo da seleção, mas completamente envolvida pelas discussões.
Alguém lembrou que vem aí Rodrigo Santoro fazendo Heleno de Freitas em filme de José Henrique Fonseca, e Adirley, divertido, cubriu a cabeça com as mãos. Depois acrescentou: tomara que ele se saia bem.
Já quando o assunto é documentário, um ponto interessante discutido é que dificilmente se encontaria novamente imagens de encantadora naturalidade como as registradas em filmes antigos e nas produções do Canal 100.
O motivo alegado é que hoje em dia todos os jogadores dos grandes times têm perfeito domínio e conhecimento de posicionamento de câmera. Daí, aqueles carões e gestos ensaiados que se vê todo dia em qualquer aparelho ordinário de TV - "acho difícil inovar em documentário sobre futebol atual", observou Alexandre Niemeyer.
"Quando se faz filmes sobre o futebol do passado os caras pensam em tudo. Contratam um diretor de arte bacana, cercam-se de todos os cuidados. Mas, inacreditavelmente, não procuram saber como os caras corriam naquela época, não perguntam para o caras. Daí, o que se vê é aquele engessamento." - reclamou Inácio.
Ótimo debate.
Médias
As últimas exibições da noite foram para os médias Na Trilha do Bonde (2009), de Virgínia Flores, Rodolfo Caesar e Alexandre Fenerich; e Variante (2010), de Pietro Picolomini e Ester Fer.
Na Trilha do Bonde é, sobretudo, um belo e sofisticado trabalho de som em imagens do acervo do MAM.
Já Variante não econtra o tom e nem fica claro o que os diretores querem dizer nesse filme que focaliza o trajeto de trem que moradores da periferia fazem diariamente até o centro de São Paulo
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A 5a Cineop vai até amanhã.
Programação aqui
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