Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
148 - Uma Noite em 67 (2010), de Renato Terra e Ricardo Calil ****
“Uma Noite em 67”, de Renato Terra e Ricardo Calil, é sobre a mítica terceira edição do Festival da Record em que se confrontaram o nascente Tropicalismo e a MPB. Foi aquela em que saíram premiados nos cinco primeiros lugares uma verdadeira realeza: Edu Lobo e Marilia Medaglia com Ponteio em primeiro; depois Gilberto Gil e os Mutantes com Domingo no Parque; Chico Buarque e MPB-4 com Roda Viva; Caetano Veloso e os Beach Boys com Alegria Alegria; e Roberto Carlos com Maria, Carnaval e Sonhos. Foi época em que jovens enchiam as arquibancadas com faixas dos candidatos de sua predileção, e, pouco antes, do lado de fora, figurões faziam passeata contra as guitarras. Poucos sabiam que o ninho da serpente estava em ebulição e que a ditadura já vigente estava pronta para mostrar sua face ainda mais cruel a partir do ano seguinte - daí faixas, palavras de ordem e gritos seriam outros, como também muita dor, medo, tortura e morte. O filme busca esses cantores e compositores, como também Sérgio Ricardo, que vaiado quebrou e jogou o violão na platéia, foi desclassificado, e tornou sua participação tão célebre quanto os vitoriosos. Uma Noite em 67 focaliza tudo isso, e, o melhor, respeitando todos os números musicais, que são mostrados na íntegra - já que vez ou outra a gente vê trechos desse festival na TV e mesmo em outros filmes, mas nunca assim, com todos os números reunidos. Os cineastas, que também são jornalistas, contextualizam esse acontecimento, escutam todos eles, e também os organizadores e alguns membros do júri, registrando depoimentos confessionais e sem afetação. Desde lá, ou até um pouco antes, que esses senhores se mantém no posto de trilha sonora de gerações. Daí que vê-los jovens e atualmente revivendo aquele clima de guerra em que se configurou os festivais da época é realmente irresistível. Os depoimentos são saborosos e divertidos, como também são os bastidores do Festival comandados por Blota Jr e Cidinha Campos - Cidinha fala e faz perguntas inpensáveis para o modelo careta do jornalismo atual. Se nos bastidores do Festival Caetano meio que rouba a cena, nos depoimentos atuais Roberto, Chico e Sérgio Ricardo se destacam. O documentário soube utilizar todo esse rico material, que tem ótima montagem de Jordana Berg. Resgatar a música brasileira no cinema tem sido uma prática comum e já virou quase um gênero. Mas a boa notícia é que Uma Noite em 67 é um belo representante desse filão.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
148 - Uma Noite em 67 (2010), de Renato Terra e Ricardo Calil ****
“Uma Noite em 67”, de Renato Terra e Ricardo Calil, é sobre a mítica terceira edição do Festival da Record em que se confrontaram o nascente Tropicalismo e a MPB. Foi aquela em que saíram premiados nos cinco primeiros lugares uma verdadeira realeza: Edu Lobo e Marilia Medaglia com Ponteio em primeiro; depois Gilberto Gil e os Mutantes com Domingo no Parque; Chico Buarque e MPB-4 com Roda Viva; Caetano Veloso e os Beach Boys com Alegria Alegria; e Roberto Carlos com Maria, Carnaval e Sonhos. Foi época em que jovens enchiam as arquibancadas com faixas dos candidatos de sua predileção, e, pouco antes, do lado de fora, figurões faziam passeata contra as guitarras. Poucos sabiam que o ninho da serpente estava em ebulição e que a ditadura já vigente estava pronta para mostrar sua face ainda mais cruel a partir do ano seguinte - daí faixas, palavras de ordem e gritos seriam outros, como também muita dor, medo, tortura e morte. O filme busca esses cantores e compositores, como também Sérgio Ricardo, que vaiado quebrou e jogou o violão na platéia, foi desclassificado, e tornou sua participação tão célebre quanto os vitoriosos. Uma Noite em 67 focaliza tudo isso, e, o melhor, respeitando todos os números musicais, que são mostrados na íntegra - já que vez ou outra a gente vê trechos desse festival na TV e mesmo em outros filmes, mas nunca assim, com todos os números reunidos. Os cineastas, que também são jornalistas, contextualizam esse acontecimento, escutam todos eles, e também os organizadores e alguns membros do júri, registrando depoimentos confessionais e sem afetação. Desde lá, ou até um pouco antes, que esses senhores se mantém no posto de trilha sonora de gerações. Daí que vê-los jovens e atualmente revivendo aquele clima de guerra em que se configurou os festivais da época é realmente irresistível. Os depoimentos são saborosos e divertidos, como também são os bastidores do Festival comandados por Blota Jr e Cidinha Campos - Cidinha fala e faz perguntas inpensáveis para o modelo careta do jornalismo atual. Se nos bastidores do Festival Caetano meio que rouba a cena, nos depoimentos atuais Roberto, Chico e Sérgio Ricardo se destacam. O documentário soube utilizar todo esse rico material, que tem ótima montagem de Jordana Berg. Resgatar a música brasileira no cinema tem sido uma prática comum e já virou quase um gênero. Mas a boa notícia é que Uma Noite em 67 é um belo representante desse filão.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
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