quarta-feira, 9 de junho de 2010

longas brasileiros em 2010 (134)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

134 - Alegria de Viver (1958), de Watson Macedo ***

A Atlântida revelou e abrigou cineastas geniais, como Victor Lima, Jorge Ileli, Eurídes Ramos e Carlos Manga. E entre essa turma da pesada está, com certeza, o GRANDE Watson Macedo. Diretor de clássicos como Este Mundo É Um Pandeiro (1946) e Aviso aos Navegantes (1950), Watson Macedo construiu uma assinatura toda própria, que sempre foi sinônimo de entretenimento inteligente, em mais de duas dezenas de filmes. Atento ao seu tempo, foi dos primeiros - ou o primeiro? - a trazer o rock para as telas do cinema nacional. Daí, se na era de ouro das chanchadas da Atlântida o espaço estava garantido para os Reis e Rainhas do Rádio, Macedo vai abrir espaço para o rock nascente no país nesse Alegria de Viver, e depois já consolidado nos anos 60 em Rio, Verão e Amor (1966). E em Alegria de Viver ele não renega a Era do Rádio, pois há presença de Ivon Cury e do Trio Iraquitã, mas abraça o rock com as presenças endiabradas de Augusto César Vanucci - que quase repete o mesmo personagem em Rio, Verão e Amor - e de um dos precursores do gênero, Sérgio Murilo - aqui como ator. Essa dualidade está presente também nos dois clubes que são palcos para a trama e para as brigas entre as turmas, o de dança de salão comandado por John Herbert, e o de rock eletrizado por Vanucci. No filme, Herbert é um funcionário exemplar e dedicado, e seu patrão, amigo do pai dele que já morreu, sonha com o casamento dele com sua única filha, Eliana Macedo. Só que, de pirraça, nenhum dos dois querem se conhecer, sem saber que vão se conhecer com outras identidades e se apaixonarem. Começam aí as confusões e os desencontros do par amoroso, sempre às voltas com o bagunceiro Vanucci, a espivetada Yoná Magalhães, a capirira Anabella, e o abusado Sérgio Murilo. Outra semelhança com Rio, Verão e Amor é a presença de Yoná Magalhães como a faladeira espivetada Silvia - lá, o papel coube à Celi Ribeiro. Estreia em longas de Yoná aos 23 anos, e que na década seguinte faria a obra-prima Deus e o Diabo na Terra do Sol (1962), de Glauber Rocha, sua deliciosa personagem é um dos destaques do filme. Eliana Macedo, sobrinha de Watson, é, mais uma vez, a estrela. E também mais uma vez mostra toda a sua versatilidade atuando, cantando, dançando e brigando. Em número em que Eliana imita Carmen Miranda cantando à carater Disseram que Voltei Americanizada é como se Watson debochasse sutilmente dos conservadores de plantão e já avisando que misturaria chiclete com banana, pois esse Alegria de Viver coloca lado a lado Baião do Negrinho, de Airton Ramalho, com Eliana e Trio Irakitã, e Rock For Lili, de Carlos Imperial e Alberto de Castro, como o sacolejante Vanucci. Diversão garantida.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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