Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
094 - Quero Ser Feliz (1986), de Sérgio Daniel Lerrer ***
Obs.: não consegui imagem do filme - na foto, Julio Remy.
Nas terras gaúchas do pioneiro Eduardo Abelim, um grupo de cineastas fez barulho nos anos 1970 com filmes em Super-8 que chamaram atenção da crítica, e confirmaram o talento nas produções em 35mm na década seguinte - como Nelson Nadotti, Giba Assis Brasil, Carlos Gerbase, Werner Schunemann e Sérgio Amon. E entre eles estava também Sérgio Daniel Lerrer, produtor de filmes reconhecidos nacionalmente - Verdes Anos (1984), de Gerbase e Giba, e Aqueles Dois (1985), de Amon - e que debutou em longas nesse Quero Ser Feliz, como diretor, co-produtor e roteirista. O filme acompanha as andanças de três jovens e as angústias, azarações e indefinições da idade - exército, namoradas, sexo, paixão, conflito familiar, empregos, profissão. Julio Reny é projecionista de cinema, Fernando Severino pula de emprego em emprego, e Marcos Breda dorme até o meio-dia. Já nas primeiras cenas, eles vivenciam o terror de véspera de apresentação no serviço militar, enquando esquadrinham a pista da boate à procura de possíveis pegações. Em um primeiro momento um bocejo se insinua e pensamos cá com os botões: mais um tipico filme de jovens com preocupações burguesas primárias? Essa sensação de possível impaciência teima em se reforçar com a trilha sonora atrapalhada, pois de uma vez só ouvimos uma enxurrada de músicas dos Beatles, todas picotadas - e voltamos a pensar com os mesmos botões: por que tanto Beatles em plenos anos 80? Se daí para frente a trilha sonora continua esquizofrênica, com mais Beatles, Simon e Garfunkel, BRock e outros mais, que faz ranço não pela beleza das canções, mas pela interrupção em todas elas, esses personagens e seus conflitos burgueses vão nos seduzindo em crescente. Questões como as descritas estão em muitos filmes que têm jovens recém-saídos da adolescência. Mas há em Quero Ser Feliz um certo tom de tristeza e desamparo não na boca de cena, mas por trás de tudo, que vai nos conquistando sorrateiramente. Ponto para Sérgio Daniel Lerrer, já que assina o roteiro e a direção, e também para o elenco quase todo desconhecido do grande público, a não ser Marcos Breda e Mayara Magri. Aliás, os dois, Breda e Magri, formam uma possibilidade de casal que retrata muito bem as sutilezas do roteiro e da direção de Lerrer, e toda a cena envolvendo um copo d´água diz muito sobre isso - como também as cenas de Julio Reny (foto), que além de ator é muito bom cantor, com seu violão e voz marcante. O cineasta só voltaria a dirigir um longa em 2000 - De Cara Limpa, mas esse Quero Ser Feliz já é, por si só, belo registro de acerto e de sensibilidade. Vale ressaltar ainda a presença na ficha técnica de outro gaúcho talentoso como um dos integrantes da produção gráfica, Adão Iturrusgarai, criador da deliciosa Aline dos quadrinhos e da TV, e dos anárquicos cowboys gays Rock & Hudson.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
094 - Quero Ser Feliz (1986), de Sérgio Daniel Lerrer ***
Obs.: não consegui imagem do filme - na foto, Julio Remy.
Nas terras gaúchas do pioneiro Eduardo Abelim, um grupo de cineastas fez barulho nos anos 1970 com filmes em Super-8 que chamaram atenção da crítica, e confirmaram o talento nas produções em 35mm na década seguinte - como Nelson Nadotti, Giba Assis Brasil, Carlos Gerbase, Werner Schunemann e Sérgio Amon. E entre eles estava também Sérgio Daniel Lerrer, produtor de filmes reconhecidos nacionalmente - Verdes Anos (1984), de Gerbase e Giba, e Aqueles Dois (1985), de Amon - e que debutou em longas nesse Quero Ser Feliz, como diretor, co-produtor e roteirista. O filme acompanha as andanças de três jovens e as angústias, azarações e indefinições da idade - exército, namoradas, sexo, paixão, conflito familiar, empregos, profissão. Julio Reny é projecionista de cinema, Fernando Severino pula de emprego em emprego, e Marcos Breda dorme até o meio-dia. Já nas primeiras cenas, eles vivenciam o terror de véspera de apresentação no serviço militar, enquando esquadrinham a pista da boate à procura de possíveis pegações. Em um primeiro momento um bocejo se insinua e pensamos cá com os botões: mais um tipico filme de jovens com preocupações burguesas primárias? Essa sensação de possível impaciência teima em se reforçar com a trilha sonora atrapalhada, pois de uma vez só ouvimos uma enxurrada de músicas dos Beatles, todas picotadas - e voltamos a pensar com os mesmos botões: por que tanto Beatles em plenos anos 80? Se daí para frente a trilha sonora continua esquizofrênica, com mais Beatles, Simon e Garfunkel, BRock e outros mais, que faz ranço não pela beleza das canções, mas pela interrupção em todas elas, esses personagens e seus conflitos burgueses vão nos seduzindo em crescente. Questões como as descritas estão em muitos filmes que têm jovens recém-saídos da adolescência. Mas há em Quero Ser Feliz um certo tom de tristeza e desamparo não na boca de cena, mas por trás de tudo, que vai nos conquistando sorrateiramente. Ponto para Sérgio Daniel Lerrer, já que assina o roteiro e a direção, e também para o elenco quase todo desconhecido do grande público, a não ser Marcos Breda e Mayara Magri. Aliás, os dois, Breda e Magri, formam uma possibilidade de casal que retrata muito bem as sutilezas do roteiro e da direção de Lerrer, e toda a cena envolvendo um copo d´água diz muito sobre isso - como também as cenas de Julio Reny (foto), que além de ator é muito bom cantor, com seu violão e voz marcante. O cineasta só voltaria a dirigir um longa em 2000 - De Cara Limpa, mas esse Quero Ser Feliz já é, por si só, belo registro de acerto e de sensibilidade. Vale ressaltar ainda a presença na ficha técnica de outro gaúcho talentoso como um dos integrantes da produção gráfica, Adão Iturrusgarai, criador da deliciosa Aline dos quadrinhos e da TV, e dos anárquicos cowboys gays Rock & Hudson.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
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