sexta-feira, 5 de março de 2010

longas brasileiros em 2010 (55)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

055 - O Quinze (2004), de Jurandir Oliveira **

Para quem tem mais de 40 anos é quase certo que O Quinze, de Rachel de Queiróz, tenha sido leitura obrigatória no colégio. E, claro, muitos meninos e meninas torceram o nariz para aquele tema árido, alguns poucos se deleitaram com a prosa sedutora, e tantos mais reencontraram o livro só mesmo na fase adulta. Daí que esse romance de estreia da escritora cearense publicado em 1930, quando ela tinha 20 anos, é não só um clássico como também pedra fundamental de iniciação literária. Talvez por isso esse O Quinze, o filme, nos remeta o tempo todo aquele outro O Quinze, o livro, que está para sempre no nosso imaginário. E ainda que saibamos que cinema e literatura são linguagens diferentes, nesse caso fica difícil desassociar uma da outra. Jurandir Oliveira está correto na direção e demonstra talento, principalmente, na atuação. Como o ponto fraco é o roteiro, também dele, o ideal é que tivesse entregue para alguém do ramo. Sim, porque do jeito que ficou ele diluiu o impacto do relato, sobretudo ao deixar em segundo plano o olhar de Conceição, Karina Barum, para tudo o que se descortina à sua frente, e também sua relação de soslaio com Vicente, Juan Alba. No filme, o que está na boca de cena é o drama dos retirantes Cordolina, Soia Lira, e Chico Bento, Jurandir de Oliveira, que vão perdendo os filhos pelo caminho. Como se sabe a trama focaliza a grande seca de 1915 que assolou o Ceará, matou muita gente, e exportou um contigente enorme para o sul, que veria não ser tão maravilha assim. Conceição é uma professora que vive em Fortaleza e está em férias na fazenda da avó, Mãe inácia. Observadora sensível, ela registra o sofrimento de seu povo, ao mesmo tempo em que ama de longe o primo Vicente. Se o roteiro capenga, Karim Barum, atriz interessante, também parece não ter encontrado a chave de sua personagem - Juan Alba se sai melhor. Soia Lira e Jurandir Oliveira, mais contemplados na história, defendem bem seus trágicos personagens - há um close sensacional de Soia. E Maria Fernanda empresta na medida sua face e porte trágicos e altivos para Mãe Inácia. Daí a gente fica pensando do lado de cá o quanto o filme poderia ter sido, mas o tanto que, infelizmente, não se cumpriu.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

2 comentários:

  1. Pek,

    Tenho mais de 40 anos, mas nunca li O Quinze. Também não conheço o filme.

    Bjs.

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  2. É mesmo, Noel?
    Na escola livros certos eram O Quinze e A Bonequinha Preta, da Alaíde Lisboa.
    Bjs

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