Direção: C. Adolpho Chadler
É praticamente impossível para quem foi criança e
adolescente no início da década de 1970 e espectador da Rede Tupi não ter
acompanhado as aventuras de um intrépido e corajoso justiceiro de moral ilibada na série Jerônimo, o
herói do sertão (1972/73). Mais difícil ainda esquecer Francisco di Franco, em
seu porte viril, como o protagonista, e seu parceiro Moleque Saci, interpretado
com gaiatice por Canarinho – e mais a heroína Aninha (Eva Christian). Na
verdade, a saga do cavaleiro que enfrentava um temido coronel e seus capangas
na cidadezinha de Cerro Bravo já havia conquistado muitos na década de 50, na
radionovela homônima interpretada por Milton Rangel. Em 1984, o SBT tentou
ressuscitar o herói na novela Jerônimo, também protagonizada por Di Franco, com
Eduardo Silva como o moleque e Susy Camacho como Aninha, mas não repetiu o
sucesso. E é esse herói do campo que o cineasta carioca C Adolpho Chadler levou para as telas do cinema também em 1972.
Em Jerônimo, o herói do sertão nosso cavaleiro destemido e seu
parceiro Moleque Saci são chamados pelo delegado e por um empresário para
recuperarem um grande diamante, o Rainha do Sul, roubado por um bando de
criminosos. A trilha vai levar a dupla até a fazenda da velha Tabarra e seus filhos,
que em um primeiro momento se apresenta como uma bondosa mãe de família, para
depois se revelar como uma vilã implacável. O que Jerônimo nem imaginava é que
sua noiva Aninha viria em seu encalço e se tornaria refém dos bandidos. Se na
televisão, lá nos idos de 70, a saga de Jerônimo já era vista por espectadores
mirins como eu como um tanto infantilizada, imagine a impressão assistindo a
esse filme da mesma época? Pois C. Adolpho Chadler levou para as telas o universo criado nos anos 50 por
Moysés Weltman, que assina o argumento e o roteiro do filme, sem injetar adrenalina necessária tanto na trama
quanto na direção. Também ator, ele mesmo encarna o herói, ao
lado de Osório Polico como o Moleque Saci e Elizabeth Baker – ao que parce filha de
Adolpho, pois consta em registros com Elizabeth Chadler – como Aninha. O grande
destaque mesmo é Yara Cortes, que surpreenderia com sua perfeita vilã em A rainha diaba
(1971), de Antônio Carlos da Fontoura – em contraposição a inúmeros personagens
de mãezona nas novelas de TV -, vivendo aqui também uma daquelas vilãs implacáveis
e sanguinárias de faroeste com toda a pompa. A cena em que ela se despe do vestido
de chita e rendinhas de velhinha amorosa para revelar a calça comprida, botas e revólver na cintura é
impagável. Outro destaque no elenco é a beleza de Marly de Fátima, como a a rebelde e única filha do bando, uma das musas do cinema popular. Pena que Chadler, que se deu tão bém como diretor no policial de espionagem Os
carrascos estão entre nós (1968), tenha demonstrado aqui mão tão frouxa para um
filme que poderia ter sido um vigoroso representante do cinema brasileiro de aventuras.
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