quarta-feira, 29 de setembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (227)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

227 - Obsessão (1973), de Jece Valadão ***

obs.: não consegui imagem do filme


Rossana Ghessa é uma mulher moderna que escandaliza os moradores de uma cidade do interior com sua relação com o recém eleito prefeito Jece Valadão, de quem fica grávida antes do casamento. Quando ele volta de uma viagem de trabalho à Europa e descobre que ela foi misteriosamente assassinada, ele fica obcecado em descobrir o autor do crime. Entre os suspeitos estão habitantes ilustres do local, como um engenheiro, uma secretária, o delegado e o padre. Obsessão não figura entre os melhores trabalhos de Jece Valadão como cineasta, ainda que seja uma produção ambiciosa. Falta aqui tanto o charme malandro de As Sete Faces de um Cafajeste (1968), como o clima doentio de Os Amores da Pantera (1977). O filme apresenta uma participação curiosa da família Janete Clair / Dias Gomes no cinema. Ela tem, pela primeira vez, argumento original para as telas; já os filhos do casal marcam presença na ficha técnica com música de Guilherme Dias Gomes e Denise Emmer nos vocais - só alguns anos depois Denise Emmer explodiria nacionalmente cantando Allouette, canção romântica tema de Tony Ramos e Elizabeth Savalla no sucesso escrito pela mãe, a novela Pai Herói (1979). No entanto, o filme tem roteiro um tanto fraco e que faz a gente adivinhar de cara alguns meandros da trama, como a identidade da personagem de Vera Gimenez. A própria direção de Jece não é das mais inspiradas, pois muitas vezes o tom clássico adotado chega quase próximo a uma pegada um tanto burocrática na condução da história - ou sem muito tesão, melhor dizendo. Ainda assim tem cenas bacanas, como a da abertura em que acompanhamos uma fuga alucinada em um matagal, culminando com um balaço na testa de Rossana Ghessa. O destaque maior fica com o elenco, que ainda que conte com duas deusas - Ghessa e Gimenez -, encontra ponto alto mesmo é na presença de atores veteranos, sobretudo com as atrizes. Monah Delacy está sensacional como a perversa e dissimulada secretária que prega moralidade mas roça com michês no assoalho do escritório em que trabalha - não à toa recebeu prêmio de Atriz Coadjuvante no Festival de Santos, que também deu prêmio de Melhor Filme para a produção. Yara Cortes como a esposa autoritária com encontros suspeitos com o padre; Flora Geny com a esposa submissa e grudenta do engenheiro; Ivone Gomes como a dona de casa que se excita até ouvindo mijada dos soldados; e Neusa Amaral como uma cafetina completam o elenco feminino veterano e arrasador. Ainda na trilha sonora, músicas com Pery Ribeiro e Nelson Gonçalves - esse último muito apropriadamente embalando cena no bordel da cidade.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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