terça-feira, 21 de setembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (219)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

219 - Não se Pode Viver Sem Amor (2010), de Jorge Durán ***1/2

Durante um bom tempo fica-se assistindo a esse Não se Pode Viver Sem Amor meio sem saber o que está se vendo, ou que diabos o cineasta Jorge Durán está querendo com ele. E mesmo a direção um tanto capenga nesse início só faz reforçar a impressão. Mas aí a trama vai rolando e quando a gente assusta já está dentro daquele universo um tanto estranho, mas sedutor pelos personagens tão estranhos quanto. É como se todos tivessem paralisado suas vidas em um transe, ou melhor, como se todos se movimentassem dentro desse transe, e cabe a quem está do lado de cá tentar vislumbrar ou colocar alguma ordem naquilo tudo. Tem um pouco a ver com certas epifanias que vivenciamos ao longo da vida, como em determinados momentos do mais puro caos em que somos sacudidos por uma força externa e que nos revela a face do outro lado da dor. O universo dos pequenos milagres. Simone Spoladore saí do interior com o garoto Victor Navega Motta e parte para o Rio de Janeiro para que ele possa conhecer o pai que o abandonou. Enquanto buscam o desaparecido, eles cruzam o caminho de Angelo Antonio, professor universitário em crise no casamento com Maria Ribeiro e às voltas com os dilemas do pai taxista Rogério Fróes; e também com Cauã Reymond e Fabiúla Nascimento, ele um jovem advogado desempregado que espera resultado de concurso, mas parte para vida de crime a fim de se ajeitar com ela, uma dançarina de boate. Tem ainda Babu Santana, como um vendedor de cachorro quente, que tenta refazer sua vida. Toda a trama se passa no dia de Natal, com acontecimentos fantásticos deflagrados pela faceta sensitiva do garoto. O roteiro de Dani Patarra e de Durán tem algumas lacunas que dão interesse nebuloso à história, mas ao mesmo tempo se mostra um tanto frouxo em algumas sequências, provavelmente não por ele, mas pelo tom claudicante adotado pela direção. O ator-mirim Victor Navega Motta empresta a veracidade fundamental para que embarquemos na proposta do filme - ainda no elenco, é impressionante como Fabíula Nascimento consegue se metarfosear para cada personagem que representa. Não se Pode Viver Sem Amor provoca na retina um espelhamento terno de compreensão para aquele estado de perdição, angústia e desencanto em que os personagens se encontram, como se fosse pedido a nós a redenção para todos eles. Caberá a platéia atender ou não a esse chamado. Prêmios no Festival de Gramado: Atriz - Simone Spoladore; Roteiro Dani Patarra e Jorge Durán; Fotografia - Luís Abramo.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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