domingo, 19 de setembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (217)

Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

217 - A Morte Comanda o Cangaço (1960), de Carlos Coimbra ***

Como se sabe, em 1960 Nelson Pereira dos Santos foi para o nordeste filmar Vidas Secas (1963), só que choveu tanto que ele escreveu outro roteiro às pressas e dirigiu Mandacaru Vermelho no lugar daquele que viria ser sua obra-prima três anos depois. O mesmo aconteceu com Carlos Coimbra com esse A Morte Comanda o Cangaço. Diferente de Lima Barreto, que rodou o clássico O Cangaceiro (1952) no interior de São Paulo, Coimbra quis dirigir seus filme em locações reais no Ceará. E foi lá no Quixadá que rodou grande parte dele até que, inesperadamente, a tal chuva despencou na região, e a alternativa foi terminar a produção também no interior de São Paulo, ainda que em locações diversas da de Barreto. Primeiro filme de cangaço em cores e com fotografia excepcional e premiada de Tony Rabatoni, a fita foi idéia da atriz Aurora Duarte, que a produziu junto com o marido e faz a protagonista feminina. Na trama, Alberto Ruschel é um vaqueiro que vive com sua mãe Maria Augusta Costa Leite, até o dia em que o temível cangaceiro Milton Ribeiro manda um emissário cobrar grana preta em troca de proteção, e vejam só, contra eles mesmos. Cansada de ser explorada, Maria Augusta nega a propina e desafia o bando do terrível capitão, que se vinga botando fogo no rancho, decapitando a pobre mulher e fincando sua cabeça em um pau. Com isso, Ruschel jura vingança, monta bando de outros vaqueiros, vai atrás dos assassinos, e no caminho se envolve com Aurora Duarte, mulher prometida para o capitão. Quarto filme de Carlos Coimbra e o primeiro a explorar o filão aberto com O Cangaceiro, de Lima Barreto, A Morte Comanda o Cangaço tem direção sóbria e elegante do cineasta - o diretor ainda realizaria nessa seara Lampião, o Rei do Cangaço (1962), além de Cangaceiros de Lampião (1966), e Corisco, o Diabo Loiro (1969). A Morte Comanda o Cangaço - que reúne novamente a dupla do primeiro, Ruschel e Ribeiro - fez grande público no país inteiro e foi muito premiado - Prêmio , Saci, Governador do Estado de São Paulo, Cidade de São Paulo, Associação Brasileira de Cronistas Cinematográficos, Cinelândia, Jornal Diário Carioca - seja para filme, roteiro, fotografia, Ator, Atriz, Cenografia, Atriz Secundária (Lyris Castelani). Lyris, por sinal, como Maria dos Anjos - menção à Maria Bonita até na música - é bela e forte presença no elenco. Coimbra faria mais sucesso ainda com o filme imediatamente seguinte, Lampião, o Rei do Cangaço, produzido pelo experiente Oswaldo Massaini, que cresceu o olho com acerto para o tanto que o novo gênero poderia render, e selando aí uma parceiria importante entre produtor e diretor em muito outros títulos - dentre eles, o bacana e controvertido Independência ou Morte (1972).

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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