quinta-feira, 16 de setembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (215)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

215 - Os Incríveis Neste Mundo Louco (1967), de Brancato Jr **

Não foi só artistas e bandas de rock de fora, como Elvis Presley, Beatles e Monkeys, que bateram ponto nas telas do cinema não. E aqui do lado de baixo do equador também não foram só os reis do iê-iê-iê Roberto e Erasmo Carlos que agitaram o escurinho das salas. Alguns exemplos do gênero? A rainha Wanderléa ganhou um filme só para ela - Juventude e Ternura (1968), de Aurélio Teixeira; Agnaldo Rayol - Agnaldo, Perigo à Vista (1969), de Reynaldo Paes de Barros; e também a banda Os Incríveis - neste Os Incríveis Neste Mundo Louco. Formado em 1963 por Manito, Mingo, Nenê, Netinho e Risonho - ainda com o nome de The Clevers -, Os Incríveis saracotearam nas jovens tardes de domingo da Jovem Guarda, época de outras bandas memoráveis como The Feveres e Renato e Seus Blue Caps. Só que diferente de muitos outros artistas do pedaço, desde o início a banda fez também do solo estrangeiro espaço geográfico para sua música e se apresentaram em vários países. Daí a trama do filme, em que os moços embarcam cladestinamente em um navio, mas acabam sendo descobertos pelo capitão. Como já estão em alto-mar, a única saída para o quinteto é pagar a viagem com trabalho em diferentes cargos - cozinha, limpeza, garçom - só que aprontando mil e uma confusões em todos eles. Tudo para descidas em cada porto e passeios por Portugal, Espanha, Itália, França e Inglaterra - o filme conta ainda com narração na voz inconfundível de Older Cazarré, cheia de gracinhas e de efeitos, mas que quase nunca funciona. Os Incríveis Neste Mundo Louco começa gaiato com os integrantes atendendo o telefone, que sai ligado dos mais inusitados lugares: areia da praia, banheira de espuma, motor de carro, caixa de papelão - o celular viria só décadas depois, daí a solução cênica é divertida por si só e também em pararelo aos dias de hoje em que incautos atendem o cujo até em sala de cinema (argh!). Só que essa promessa de nonsense não se cumpre durante o filme, que tem historinha rala, aposta em pastelão light e ingênuo, e no carisma um tanto opaco dos meninos. E o que sobra é quase apenas um city tour pela Europa, ainda que haja um certo encanto de entrelinhas , e que talvez resida no registro de uma época - além, claro, da perpetuação em celulóide da boa música da banda. Na ficha técnica, dois veteranos: na produção, o jornalista e documentarista Primo Carbonari, mentor dos Cinejornais que dominavam os cinemas nos anos 1960 e 70; e na direção, Brancato Jr, veterano técnico da televisão e que depois ainda iria dirigir o semidocumentário O Santo Sudário (1978), e que era empresário da banda na época. Os Incríveis tem discografia importante e pelo menos dois grandes momentos de forte incursão no imaginário popular, para o bem e para o mal: as gravações da impactante Era um Garoto que Amava os Beatles e os Rolling Stones - versão de Brancato Jr da música de M. Luzini e F. Migliacci e hino de uma geração; e da maldita Eu Te Amo Meu Brasil, de Dom e Ravel, para sempre associada com a ditadura militar. Nenhuma das duas estão no filme, pois ainda que a versão da primeira seja de 1967, o filme foi rodado no ano anterior, quando a banda fez viagem de navio para turnê na Inglatera; já a segunda foi gravada só em 1970, em pleno anos de chumbo no país. Filme quase desconhecido e pouco citado, esse Os Incríveis Neste Mundo Louco registra no cinema a música dos anos 60 de uma banda que precisa ser mais comentada.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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