domingo, 8 de agosto de 2010

longas brasileiros em 2010 (182)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

182 - Álbum de Família (1981), de Braz Chediak **1/2

Na década de 1980, Lucélia Santos reinou nas adaptações de Nelson Rodrigues - Bonitinha, Mas Ordinária (1980), e Álbum de Família (1980) ambos de Braz Chediak; Engraçadinha (1981), de Haroldo Marinho Barbosa; e a minissérie Meu Destino É Pecar (1984), de Euclydes Marinho. Aqui ela é Glória, integrante de uma família disfuncional e toda ela marcada por amores pecaminosos - filho pela mãe, filha pelo pai, mãe pelo filho, pai pela filha, irmão pela irmã, tia pelo cunhado. Rubens Correia é o patriarca poderoso e devasso, que cheio de tesão pela filha a tranca em um colégio de freiras, enquanto papa todas as garotas virgens da região. Dina Sfat é a mãe, desejada pelo filho mais velho e com um amante secreto. Carlos Gregório tem fixação pela mãe, e por isso fica impotente com a esposa. Marcos Alvisi é apaixonado pela irmã e sem conseguir frear o desejo entra para o seminário. Gustavo José é o filho caçula que enloquece e completamente nu se integra à natureza feito animal selvagem. E Wanda Lacerda a tia apaixonada cegamente pelo cunhado e provedora das virgens para seu abate. Quando Lucélia volta para casa expulsa do colégio por ser pega na cama com Alba Valéria, sua chegada vai deflagrar todo um acerto de contas entre a família. Em Álbum de Família, Nelson Rodrigues não deu sequer uma aresta de relações convencionais entre seus personagens. Se a família brasileira, com tudo que ela esconde debaixo do tapete e nos confessionários da igreja, sempre foi seu foco preferencial, aqui ele chutou o balde e colocou em cena todo tipo de perversão. Se em Bonitinha, Mas Ordinária e em Perdoa-me Por Me Traíres (1981), Braz Chediak conseguiu um tom mais natural para aquela fauna particularíssima de Nelson Rodrigues, nesse Álbum de Família há um tom um tanto pomposo e teatral, que não se encontra nos outros dois filmes, e ausência completa do humor desconcertante do escritor. Essa opção estética faz dele o menos bem-sucedido dos três, ainda que seja interessante sempre. Mesmo Lucélia Santos, perfeita como Maria Cecília em Bonitinha, não tem muitas possibilidades de passar suas nuances cheias de petulância para sua Glória. Quem brilha mais é Dina Sfat, que está linda e com o talento irretocável de sempre.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

3 comentários:

  1. Adilson, esse eu acho realmente bem ruim, pelos motivos que vc listou, mas sobretudo porque tenta fazer uma adaptação naturalista de uma estória que é um delírio expressionista.
    O Chediak teve seus bons filmes, mas esse aqui é brabo.
    abraço grande,

    ResponderExcluir
  2. Daniel,
    Quando vi o filme pela primeira vez não gostei.
    Nessa revisão me agradou mais, ainda que o ache infinitamente inferior às outras adaptações do Nelson.
    Abração

    ResponderExcluir
  3. Daniel,
    Tirei meia estrela do filme pensando nos seus comentários.
    Abs

    ResponderExcluir