Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
128 - Paixão na Praia (1972), de Alfredo Sternheim ***
O cineasta Alfredo Sternheim tem uma carreira extensa e interessante. E se há uma marca perceptível em seus filmes - ele também é roteirista - é o encontro amoroso entre personagens aparentemente improváveis. Foi assim com o professor e a aluna em Anjo Loiro (1973), com a freira e o nativo em Pureza Proibida (1974), com uma cortesã e um jovem ambicioso em Lucíola, O Anjo Pecador (1975), com uma atriz e um desajustado em Mulher Desejada (1978), com uma atriz e um foragido em Violência na Carne (1980). E foi assim com esse Paixão na Praia, seu primeiro longa, e uma espécie de matriz para esses outros, ainda que cada um com diferenças substanciosas entre si. Sternheim vinha de trabalhos de assistência de direção em filmes do GRANDE Walter Hugo Khouri, além de vários documentários em curta-metragem. E muito do clima sofisticado da direção de Khouri se vê também no cinema de Sternheim, cujo ponto máximo de referência parece estar no belo A Herança dos Devassos (1979). Em Paixão na Praia, Norma Bengell é uma dondoca em crise no casamento com um empresário corrupto. Os dois tiram uns dias para acertarem as pontas, mas um assalto na empresa faz o marido sair de casa, oportunidade para dois bandidos, Adriano Reys e Ewerton de Castro, invadirem a residência e fazer Norma de prisioneira. Começa aí um romance entre Reys e Bengell, para profundo desagrado do esquentado Ewerton, que espera na casa a terceira comparsa do crime, Lola Brah. Paixão na Praia foi produzido pelos míticos Alfredo Palácios e Antônio Pólo Galante e filmado em 18 dias e com 18 latas de negativo - ou seja, produção apertadíssima. Em seu depoimento para o Dicionário de Filmes Brasileiros, de Antonio Leão, Alfredo destaca a ousadia da produção, já que o bando tem aparentemente ideais políticos para o golpe, isso em plena ditadura militar - o personagem de Ewerton de Castro tem fala reveladora em cena ápice: "eu só queria um mundo melhor". Já na sua biografia na Aplauso, Sternheim conta que escreveu o papel de Débora para Eva Wilma, mas como ela não pôde ou não quis fazer a produção cogitou Maysa e por fim a personagem ficou com Norma Bengell. Conta também que Bengell deu trabalho nos bastidores, principalmente por uma ereção desavisada em cena de Adriano Reys, seu par romântico no filme. As mulheres são sempre muito fortes nos filmes de Sternheim e em Paixão na Praia não é diferente, com a personagem Débora mudando seu destino depois do encontro inesperado. Paixão na Praia não tem a força de alguns filmes do cineasta, mas é uma elegante estreia.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
128 - Paixão na Praia (1972), de Alfredo Sternheim ***
O cineasta Alfredo Sternheim tem uma carreira extensa e interessante. E se há uma marca perceptível em seus filmes - ele também é roteirista - é o encontro amoroso entre personagens aparentemente improváveis. Foi assim com o professor e a aluna em Anjo Loiro (1973), com a freira e o nativo em Pureza Proibida (1974), com uma cortesã e um jovem ambicioso em Lucíola, O Anjo Pecador (1975), com uma atriz e um desajustado em Mulher Desejada (1978), com uma atriz e um foragido em Violência na Carne (1980). E foi assim com esse Paixão na Praia, seu primeiro longa, e uma espécie de matriz para esses outros, ainda que cada um com diferenças substanciosas entre si. Sternheim vinha de trabalhos de assistência de direção em filmes do GRANDE Walter Hugo Khouri, além de vários documentários em curta-metragem. E muito do clima sofisticado da direção de Khouri se vê também no cinema de Sternheim, cujo ponto máximo de referência parece estar no belo A Herança dos Devassos (1979). Em Paixão na Praia, Norma Bengell é uma dondoca em crise no casamento com um empresário corrupto. Os dois tiram uns dias para acertarem as pontas, mas um assalto na empresa faz o marido sair de casa, oportunidade para dois bandidos, Adriano Reys e Ewerton de Castro, invadirem a residência e fazer Norma de prisioneira. Começa aí um romance entre Reys e Bengell, para profundo desagrado do esquentado Ewerton, que espera na casa a terceira comparsa do crime, Lola Brah. Paixão na Praia foi produzido pelos míticos Alfredo Palácios e Antônio Pólo Galante e filmado em 18 dias e com 18 latas de negativo - ou seja, produção apertadíssima. Em seu depoimento para o Dicionário de Filmes Brasileiros, de Antonio Leão, Alfredo destaca a ousadia da produção, já que o bando tem aparentemente ideais políticos para o golpe, isso em plena ditadura militar - o personagem de Ewerton de Castro tem fala reveladora em cena ápice: "eu só queria um mundo melhor". Já na sua biografia na Aplauso, Sternheim conta que escreveu o papel de Débora para Eva Wilma, mas como ela não pôde ou não quis fazer a produção cogitou Maysa e por fim a personagem ficou com Norma Bengell. Conta também que Bengell deu trabalho nos bastidores, principalmente por uma ereção desavisada em cena de Adriano Reys, seu par romântico no filme. As mulheres são sempre muito fortes nos filmes de Sternheim e em Paixão na Praia não é diferente, com a personagem Débora mudando seu destino depois do encontro inesperado. Paixão na Praia não tem a força de alguns filmes do cineasta, mas é uma elegante estreia.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Meu caro Adilson: gosto do Paixão na Praia mas acredito que o Alfredinho tenha filmes melhores. Penso que este valeu como uma espécie de faculdade de cinema dele.
ResponderExcluirMatheus Trunk
www.violaosardinhaepao.blogspot.com
Também acho Matheus.
ResponderExcluirMas para primeiro filme, eu acho que ele se saiu bem.
Um abraço