Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
126 - O Beijo no Asfalto (1980), de Bruno Barreto *****
(em 2009 - 315 filmes)
126 - O Beijo no Asfalto (1980), de Bruno Barreto *****
As adaptações da obra de Nelson Rodrigues nos anos 1980 são quase um capítulo à parte na cena cultural brasileira. Se o genial escritor e dramaturgo já era gigante no teatro e nas crônicas dos jornais desde o início, já vinha sendo adaptado para o cinema desde os anos 50, e tinha bagunçado o coreto com força nos 70 - com os filmes de Arnaldo Jabor, Toda Nudez Será Castigada (1972) e O Casamento (1975), e A Dama do Lotação (1978), de Neville D´Almeida - nos 80 invadiu o audiovisual com força total. Quase ao mesmo tempo vários filmes no cinema mais novela e minissérie na TV trouxeram para o cotidiano dos brasileiros de uma só vez seu impactante universo e sua singular galeria de personagens gente como a gente, só que vistos pelo buraco da fechadura. É a época dos filmes de Braz Chediak - Bonitinha, Mas Ordinária ou Otto Lara Rezende (1980), Álbum de Família (1980), e Perdoa-me Por Me Traíres (1981); de Neville D´Almeida - Os Sete Gatinhos (1980); de Haroldo Marinho Barbosa - Engraçadinha (1981); a novela O Homem Proibido (1982), de Teixeira Filho; e a minissérie Meu Destino É Pecar (1984), de Euclydes Marinho. E é a época também desse O Beijo no Asfalto, de Bruno Barreto. O filme conta a história de Arandir - Ney Latorraca, um pai de família comum que tem a vida revirada de ponta à cabeça depois de atender o pedido e beijar um homem agonizante em via pública. O episódio é explorado pelo jornalista Amado Pinheiro - Daniel Filho - e pelo delegado Cunha - Oswaldo Loureiro - dois mau-caráter com interesses próprios e que perseguem Arandir e sua família a qualquer preço. Em meio a isso, ainda tem as relações familiares e de desejo entre Arandir e sua esposa Selminha - Christiane Torloni, a cunhada Dália - Lídia Brondi, e o sogro - Tarcísio Meira. A época de lançamento de todos esses filmes era ainda a época dos cinemas de rua - ou seja, quando o cinema tinha importância política e social muito maior que a que tem hoje, pois consumido por todas as classes, e em estado diverso desse mundo atolado em novas tecnologias e com acesso a um acúmulo de informações mas pouco conhecimento. Daí que ver Nelson Rodrigues no cinema, e quando chegar em casa vê-lo também na TV, era não só oportunidade única para mirar o olho para o que comumente se esconde debaixo do tapete, como também ver refletido na rua e no doce lar lados de nossa face nem sempre apaziguadoras. Parte da crítica da época torceu o nariz para o filme, classificando-o de acadêmico. Mas para quem deu de ombros e embarcou nesse labirinto movido a desejos secretos, preconceitos e interesses sórdidos, não só viu Bruno Barreto se despedir de sua primeira e melhor fase como cineasta - só em 1987 voltaria a fazer um GRANDE filme, Romance da Empregada - como também um belo trabalho de atores, de fotografia assinada por Murilo Salles, de música inesquecível de Guto Graça Mello, e de roteiro de Doc Comparato. Fora que ainda tem Lídia Brondi (em cena do filme na foto) em seus vinte aninhos e uma das ninfetas mais desejadas do país. E ese alguém ainda tinha dúvida disso, o filme não deixa de provar essa condição de musa em cada fotograma em que ela aparece. Aliás, a câmera parece mesmo amar a atriz e a eterniza em closes fabulosos, um pouco como se já soubesse que não a teríamos por mais muito tempo, já que Brondi abandonoria a carreira uma década depois.
Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Pek,
ResponderExcluirEu sei que Lídia Brondi abandonou a carreira de atriz, mas o que ela faz hoje em dia?
Bjs.
nossa, outro dia quis te perguntar por onde anda lídia brondi. desapareceu e sumiu mesmo. nem video show faz matéria com ela. onde está?
ResponderExcluirNoel e Rita,
ResponderExcluirPois é, não sei o que ela faz da vida, já que a carreira de atriz abandonou mesmo.
Lembro-me de uma matéria no videoshow em que ela dizia que tinha voltado a estudar, mas isso já tem tempo.
Bjs
Lídia Brondi é um 'fillet-mignon'
ResponderExcluirÉ uma beleza mesmo, Setaro.
ResponderExcluirUm abraço
Lidia Brondi, até onde eu sei, sofria (sofre?) de síndrome do pânico e não consegue fazer qualquer tipo de atividade social que haja muita interação de pessoas. Sei que ela já tentou algumas vezes retornar, mas infelizmente não consegue. E eu conheci pessoas acometidas com essa síndrome e, relamente, se isolam quase por completo do mundo externo.
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