terça-feira, 3 de novembro de 2009

alô alô terezinha


Não gosto de ler críticas antes de ver filme, pois prefiro assistir primeiro sem o mínimo de referências externas possíveis.

Depois, claro, gosto de ler o que já se falou sobre aquele filme.

No caso de Alô, Alô, Terezinha!, já sabia das polêmicas. Como os que dizem que o diretor Nelson Hoineff tinha privilegiado uma abordagem mundo-cão.

Assisti ao filme e fiquei decepcionado.

É lógico que o cineasta, que também é jornalista - é o criador do ótimo Programa Documento Especial, que está sendo reprisado pelo Canal Brasil - tem o recorte dele.

E o filme de Hoineff prefere fazer uma panorâmica sobre aqueles que participaram do universo dos programas do Chacrinha - sobretudo as chacretes e os calouros.

Compreendo que mesmo esse recorte seria interessante, mas não foi o que aconteceu no resultado.

O melhor é ver as chacretes que povoaram a infância de muita gente - eu, inclusive.

As minhas preferidas eram a India Potira - que está no filme - e a Ivone - que é só mencionada em uma foto.

Só que me desagrada a forma como ele mostra algumas dessas chacretes, completamente despida de afeto.

Ora, documentário feito por jornalista não tem que ser amoroso, dirão muitos.

Mas no caso das Chacretes, rainhas que povoaram e povoam o imaginário popular eu acho que merecia ser sim.

E o filme de Nelson Hoineff parece estar mais interessado se elas faziam programa ou não, e com que cantores famosos dormiram (o Notas Musicais também acha isso) - por exemplo, o depoimento de uma delas sobre o amor por um homossexual é exposição e invasão de privacidade completamente desnecessárias.

Resgatar alguns calouros é ótima idéia, mas também não gosto como eles são apresentados.

Fui espectador assíduo dos programas do Chacrinha, principalmente na fase Tupi, em que eram exibidos a Discoteca do Chacrinha e a Buzina do Chacrinha. Depois, quando foi para a Globo, juntou os dois programas no Cassino do Chacrinha.

Por isso, as chacretes da Tupi são as que estão mais no meu imaginário, como India Potira, Ivone, Angélica, Valderez, Verinha do Flamengo, Lucinha Apache, Fátima Boa Viagem.

Rita Cadillac era da fase Tupi ou Globo? Não me lembro.

Muitas delas tinham musiquinhas que o Velho Guerreiro gostava de cantar e que ficavam coladas na gente, como:

Angélica, meu mundo é você.

ou

Quem dançar com a Walderez uma vez fica freguês.

Abelardo Barbosa, o Chacrinha, fazia o melhor programa de auditório do país - em outro estilo, só Sìlvio Santos era, e continua sendo, o melhor animador ao lado dele.

ADENDO

Que absurdo! Citei Chacrinha e Sílvio Santos e já ia me esquecendo de ressaltar Bolinha, que adorava! Para mim, ninguém entendia e refletia a alma popular em seus programas de auditório como esses três.

Gênios.

8 comentários:

  1. Pois é, Adilson, também esperava mais. O filme sofre com a falta de ritmo, alguns depoimentos se arrastam além do necessário enquanto outros, que poderiam render melhor, são encurtados. E não consegue transmitir a anarquia que era o programa do Chacrinha.
    Mas acho que algumas das chacretes são mostradas com dignidade sim, como Fátima Boa Viagem e Verinha do Flamengo e Rita Cadillac. Se não me engano a Rita começou na Band e depois Globo.

    Infelizmente programas como o do Chacrinha, e chacretes como aquelas, nunca mais...

    Um abraço!

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  2. Caro Sérgio,
    É como disse, algumas chacretes são mostradas sem afeto, não todas, como você mesmo cita. Mesmo assim acho que é mais por elas mesmas que pela direção.
    Como a Fátima Boa Viagem, como você citou.
    Não vejo problema dele mostrar as Chacretes na fase atual, como muita gente acha, vendo nisso o ocaso delas.
    Acho bacana ele mostrar isso, mesmo porque todos envelhecemos, como também os cantores que dão depoimentos.
    Mas o que me desagrada é a falta de um olhar amoroso para elas. As chacretes eram muito amadas e continuam sendo no nosso imaginário. E eu vejo no olhar do filme algo desprovido do entendimento desse amor.
    Abs

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  3. Grande Adilson, como vai? Estava muito entusiasmado pra ver este filme sobre o Chacrinha, por achar ele uma grande personalidade da televisão. E também por ter depoimentos de cantores cafonas que admiro muito como o Jerry Adriani, Wanderley Cardoso, Timóteo, Nelson Ned, etc. Porém, o resultado me deixou meio desanimado: o filme acaba não sendo sobre a carreira do Chacrinha e sim sobre o que as chacretes e os calouros se tornaram depois da morte dele. O filme não aborda a vida pessoal do Chacrinha, a infância, como ele começou no rádio, a chegada dele no Rio, a importância dele como comunicador. Ficou muito a visão do Hoineff (que sou fã de carteirinha do Documento Especial, que vejo no You Tube direto). Penso que isso me desanimou bastante. Mas mesmo assim, é um importante documento sobre um grande nome da nossa televisão.

    Matheus Trunk
    www.violaosardinhaepao.blogspot.com

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  4. Caro Matheus.
    Pois é, o recorte que o Hoineff fez foi outro, e acho interessante, ainda que me desagrade o resultado.
    Mas também acho importante, por isso merece duas estrelas na minha nova lista de filmes brasileiros assistido que publicarei em breve.
    Abração

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  5. "As chacretes eram muito amadas e continuam sendo no nosso imaginário. E eu vejo no olhar do filme algo desprovido do entendimento desse amor."

    Concordo totalmente! Isso ele não soube compreender, mesmo :(

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  6. Pek,

    Ainda não vi o documentário, já em cartaz em Brasília. Creio não será possível ver no cinema, pois estou seguindo o FIC. Tenho curiosidade de ver, pois adorava o Chacrinha e, especialmente, suas chacretes.

    Bjs.

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  7. Noel,
    Apesar dos senões, vale a pena assistir, sobretudo para rever as chacretes.
    Bjs

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  8. Sou fã da India Potira desde menininho e amei vê-la nesse documentário. Gostaria mto de poder entrar em contato com ela. Será q existe alguém q saiba me dizer como fazê-lo?
    Nelson

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