quarta-feira, 3 de junho de 2009

a via-crucis do seguro-desemprego


O seguro-desemprego oferecido pelo Estado é realmente louvável, mas para se tentar colocar as mãos nele é uma verdadeira via-crucis.

Como sai do cinema, meu trabalho formal, resolvi, finalmente, ir hoje à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, no centro de BH, para entrar com a papelada.

Malfadada hora.

Avisado de que as filas estão enormes, já que a unidade do Psiu-BH está fechada para reforma, tomei coragem e cheguei lá às 4h20 da madrugada. Isso mesmo. às 4h20 da matina!

Não podia ter escolhido pior dia.

Segundo a metereologia, foi a noite mais fria do ano em BH, e não preciso dizer que, ainda que tenha levado agasalho, gelei.

E mais, mesmo chegando lá a essa hora, a minha senha, que foi entregue somente depois das 7h, horário em que a repartição abriu - às 6h, funcionários passam pela fila para dar visto nos documentos, mas a porta só abre às 7h - foi a de número 86.

Isso mesmo, 86!!!

E não pára por aí.

Depois que você entra no prédio, você tem que subir, em fila, dois andares, degrau por degrau, e quando finalmente chega até a entrada da sala com os atendentes, um deles te entrega a senha. A minha foi a 86, mas com o detalhe de que o atendimento seria às 9h30 - e deviam ser umas 7h30.

E ainda a polícia teve que entrar em ação, pois devia ter de 20 a 30 pessoas dormindo na fila para vender seus lugares aos desempregados. Durante a madrugada, mendigos, bêbados e outros passavam pela fila oferecendo a venda de seus lugares - cheguei a ouvir de 10 a 40 reais.

Quando a polícia expulsou esses desempregados que estavam lá tentando extorquir outros desempregados, a fila andou de uns 20 a 30 lugares.

Resumindo, você fica na fila na rua, na madrugada, e aí a partir das 7h você sobe dois andares em fila indiana para pegar uma senha, só que para ser atendido, no mínino, duas horas depois.

Como a maior parte dos desempregados mora longe - pude observar pelas conversas - a maioria fica por ali mesmo, pois seria impossível voltar para casa e zanzar pelo centro com o nível de cansaço depois de enfrentar a madrugada é mesmo o que menos se quer.

Ainda que more perto, resolvi ficar e li o volume da Isabel Ribeiro da Coleção Aplauso inteiro antes de ser atendido, e ainda tive que ouvir música no rádio do celular e pensar um tanto na vida.

Eles distribuem 200 senhas por dia, e vi, pelo tamanho da fila que dobrava o quarteirão, que muita gente ficou sem a sua.

Mesmo lá dentro, ainda chegavam muitas pessoas, que eram aconselhadas a procurar outros postos. Mas pelo que ouvi, nesses postos você tem que fazer agendamento, o que pode significar que você pode ser marcado para daí a um ou dois meses.

Resultado:

- cheguei lá às 4h20 e saí às 10h35.

Não pude deixar de me sentir um tanto humilhado com essa situação.

Ninguém merece!

4 comentários:

  1. Como conhecedor deste órgão público só posso lamentar. Lastimável. Copiei seu post e enviei para o responsável pelo seguro desemprego no Ministério do Trabalho, que por um acaso também está no Rio de Janeiro em outra reunião, distinta da minha.

    Bjs.

    ResponderExcluir
  2. Bacana Noel, realmente foi dureza e fiquei, além de cansado e humilhado, numa tristeza sem fim.
    Abs

    ResponderExcluir
  3. Animador o seu post...Irei lá na segunda-feira.
    Como quase tudo no Brasil, as boas ideias também são tragadas pela burocracia e pelos oportunistas.
    Ai..ai.

    ResponderExcluir
  4. Maurilio,
    Pode então se preparar.
    Leve agasalho, livro, rádio e tenha muita muita paciência.
    Abs

    ResponderExcluir