Direção: C. Adolpho Chadler
O baú do cinema brasileiro é mesmo infinito e inacreditável.
Sempre que se fala sobre nazistas em nossos filmes vem de imediato o notável
Aleluia, Gretchen (1975/76), de Sylvio Back. Mas aí tem esse Os carrascos estão
entre nós, que C. Adolpho Chandler dirigiu, e protagonizou ao lado de Atila
Iório, em 1968. Há muito sei sobre esse filme, mas só agora tive oportunidade
de assisti-lo. E as surpresas só aumentam ao ler a ficha técnica. Afinal, o
filme foi produzido pela Cinedistri de Oswaldo Massaini, e ainda tem como
associados a união daqueles que foram os dois galãs mais famosos das chanchadas
da Atlântida, Anselmo Duarte e Cyl Farney. Não é demais! A variedade das produções da Boca do Lixo é
um capítulo a parte na história do nosso cinema, e ainda tem desavisado que
acha – sim, ainda tem gente que pensa isso -, que por lá foi só mesmo
filme de mulher pelada.
Em Os carrascos estão entre nós, em 1944 alguns nazistas se
refugiam no Brasil, com direito a transporte em submarino, operação plástica em
pleno bordo, e explosão do cujo para não deixar pistas do refúgio dos monstros
de guerra. E com direito também a um Átila Iório encarnando um alemão com
sotaque e tudo. Sim, porque se no Cinema Novo ele foi o nordestino retirante de
Vida secas (1963), na Boca o buraco é mais embaixo, e aí ele ganha cabelo
aloirado e vilania germânica. No encalço desses criminosos, que se escondem no
país e agem em uma secreta irmandade chamada de Aranha, estão dois policiais detetives,
um brasileiro interpretado pelo próprio Chadler, e um americano interpretado
pelo gringo Larry Carr. Esse último acaba por se envolver com a misteriosa Eva,
em bela aparição e atuação de Karin Rodrigues. O filme conta com vigorosa fotografia p&b de
Afonso Viana e a elegância de Erlon Chaves na trilha musical, o que já nos
apresenta a ambiência que permeará o mostrado já nos créditos. Com sua
narrativa em labirinto, que mais esconde que clareia, Os carrascos estão entre
nós é uma produção curiosa sobre um tema apropriado, já que sabemos que a
América do Sul foi mesmo destino para os criminosos nazistas, como foi o caso de
Josef Mengele no Brasil - o terrível médico do Riech conhecido como "Anjo da Morte". E muito sintomático que a Boca do Lixo, nicho
riquíssimo para a proliferação da diversidade do cinema brasileiro, tenha se
detido sobre o tema.
Olá Adilson,
ResponderExcluirParabéns pelo seu blog. Destes filmes brasileiros ( principalmente os das décadas de 60 até à de 80, inclusive) a maioria está disponível em DVD?
Se sim sabe por acaso onde se podem encontrar para compra?
Saudações Cinéfilas
Olá Adilson,
ResponderExcluirParabéns pelo seu blog. Destes filmes brasileiros ( principalmente os das décadas de 60 até à de 80, inclusive) a maioria está disponível em DVD?
Se sim sabe por acaso onde se podem encontrar para compra?
Saudações Cinéfilas