O seguro-desemprego oferecido pelo Estado é realmente louvável, mas para se tentar colocar as mãos nele é uma verdadeira via-crucis.
Como sai do cinema, meu trabalho formal, resolvi, finalmente, ir hoje à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, no centro de BH, para entrar com a papelada.
Malfadada hora.
Avisado de que as filas estão enormes, já que a unidade do Psiu-BH está fechada para reforma, tomei coragem e cheguei lá às 4h20 da madrugada. Isso mesmo. às 4h20 da matina!
Não podia ter escolhido pior dia.
Segundo a metereologia, foi a noite mais fria do ano em BH, e não preciso dizer que, ainda que tenha levado agasalho, gelei.
E mais, mesmo chegando lá a essa hora, a minha senha, que foi entregue somente depois das 7h, horário em que a repartição abriu - às 6h, funcionários passam pela fila para dar visto nos documentos, mas a porta só abre às 7h - foi a de número 86.
Isso mesmo, 86!!!
E não pára por aí.
Depois que você entra no prédio, você tem que subir, em fila, dois andares, degrau por degrau, e quando finalmente chega até a entrada da sala com os atendentes, um deles te entrega a senha. A minha foi a 86, mas com o detalhe de que o atendimento seria às 9h30 - e deviam ser umas 7h30.
E ainda a polícia teve que entrar em ação, pois devia ter de 20 a 30 pessoas dormindo na fila para vender seus lugares aos desempregados. Durante a madrugada, mendigos, bêbados e outros passavam pela fila oferecendo a venda de seus lugares - cheguei a ouvir de 10 a 40 reais.
Quando a polícia expulsou esses desempregados que estavam lá tentando extorquir outros desempregados, a fila andou de uns 20 a 30 lugares.
Resumindo, você fica na fila na rua, na madrugada, e aí a partir das 7h você sobe dois andares em fila indiana para pegar uma senha, só que para ser atendido, no mínino, duas horas depois.
Como a maior parte dos desempregados mora longe - pude observar pelas conversas - a maioria fica por ali mesmo, pois seria impossível voltar para casa e zanzar pelo centro com o nível de cansaço depois de enfrentar a madrugada é mesmo o que menos se quer.
Ainda que more perto, resolvi ficar e li o volume da Isabel Ribeiro da Coleção Aplauso inteiro antes de ser atendido, e ainda tive que ouvir música no rádio do celular e pensar um tanto na vida.
Eles distribuem 200 senhas por dia, e vi, pelo tamanho da fila que dobrava o quarteirão, que muita gente ficou sem a sua.
Mesmo lá dentro, ainda chegavam muitas pessoas, que eram aconselhadas a procurar outros postos. Mas pelo que ouvi, nesses postos você tem que fazer agendamento, o que pode significar que você pode ser marcado para daí a um ou dois meses.
Resultado:
- cheguei lá às 4h20 e saí às 10h35.
Não pude deixar de me sentir um tanto humilhado com essa situação.
Ninguém merece!