sábado, 6 de março de 2010

serie grandes cineastas (30)


Julio Bressane.




Patrimônio nacional.

sexta-feira, 5 de março de 2010

longas brasileiros em 2010 (55)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

055 - O Quinze (2004), de Jurandir Oliveira **

Para quem tem mais de 40 anos é quase certo que O Quinze, de Rachel de Queiróz, tenha sido leitura obrigatória no colégio. E, claro, muitos meninos e meninas torceram o nariz para aquele tema árido, alguns poucos se deleitaram com a prosa sedutora, e tantos mais reencontraram o livro só mesmo na fase adulta. Daí que esse romance de estreia da escritora cearense publicado em 1930, quando ela tinha 20 anos, é não só um clássico como também pedra fundamental de iniciação literária. Talvez por isso esse O Quinze, o filme, nos remeta o tempo todo aquele outro O Quinze, o livro, que está para sempre no nosso imaginário. E ainda que saibamos que cinema e literatura são linguagens diferentes, nesse caso fica difícil desassociar uma da outra. Jurandir Oliveira está correto na direção e demonstra talento, principalmente, na atuação. Como o ponto fraco é o roteiro, também dele, o ideal é que tivesse entregue para alguém do ramo. Sim, porque do jeito que ficou ele diluiu o impacto do relato, sobretudo ao deixar em segundo plano o olhar de Conceição, Karina Barum, para tudo o que se descortina à sua frente, e também sua relação de soslaio com Vicente, Juan Alba. No filme, o que está na boca de cena é o drama dos retirantes Cordolina, Soia Lira, e Chico Bento, Jurandir de Oliveira, que vão perdendo os filhos pelo caminho. Como se sabe a trama focaliza a grande seca de 1915 que assolou o Ceará, matou muita gente, e exportou um contigente enorme para o sul, que veria não ser tão maravilha assim. Conceição é uma professora que vive em Fortaleza e está em férias na fazenda da avó, Mãe inácia. Observadora sensível, ela registra o sofrimento de seu povo, ao mesmo tempo em que ama de longe o primo Vicente. Se o roteiro capenga, Karim Barum, atriz interessante, também parece não ter encontrado a chave de sua personagem - Juan Alba se sai melhor. Soia Lira e Jurandir Oliveira, mais contemplados na história, defendem bem seus trágicos personagens - há um close sensacional de Soia. E Maria Fernanda empresta na medida sua face e porte trágicos e altivos para Mãe Inácia. Daí a gente fica pensando do lado de cá o quanto o filme poderia ter sido, mas o tanto que, infelizmente, não se cumpriu.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

quinta-feira, 4 de março de 2010

serie grandes damas da tv (48)


Fátima Freire.




Salve Salve!

quarta-feira, 3 de março de 2010

longas brasileiros em 2010 (54)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

054 - Crazy - Um Dia Muito Louco (1981), de Victor Lima ***

Interessante produção da Vydia - de Carlo Mossy e Victor di Mello, esse Crazy é uma investida no filme de humor negro e anárquico levado a cabo pelo veterano Victor Lima. Aliás, está aí um cineasta que precisa ser mais reverenciado - Lima fez chanchadas de valor; dirigiu o ótimo Paraíba, Vida e Morte de Um Bandido; dirigiu um dos melhores Renato Aragão, Bonga - O Vagabundo, e muitos muitos outros filmes, também como roteirista. Aqui, o GRANDE ator Helber Rangel já começa o filme matando seu colega com quem divide casa, Fernando Reski, mas enquanto tenta enterrá-lo em um cômodo nos fundos, tem que abrir a porta o tempo todo, já que a campainha não pára - duas aspirantes a uma vaga anunciada no jornal, as deusas Alba Valéria e Helena Ramos; um vizinho galinhão; e um policial desavisado. Crazy - Um Dia Muito Louco se ressente das correrias nas conclusões de situações - tinha fôlego para mais que 85 minutos - mas ainda assim é filme que se assiste com interesse sempre. E com mulheres que tiram a roupa o tempo todo - tem também duas universitárias da PUC em inacreditável ensaio fotográfico que acaba em estupro consentido e liberado. É daqueles filmes que precisam da mão firme do diretor e de um elenco afinado. Lima se sai bem, mas no elenco o ponto um tanto manco é Alba Valéria. Ainda que há um certo charme na sua personagem faladeira e atriz iniciante de pornochanchada, ela não consegue segurar as pontas, como fez no cult Giselle, do outro Victor, o Di Mello. Já Helena Ramos se sai muito melhor como a vendedora de bíblias com insuspeito ar de instinto selvagem.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

longas brasileiros em 2010 (53)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

053 - Jardim de Guerra (1968), de Neville D´Almeida ****

Um dos atores fetiches do Cinema Novo, Joel Barcellos é o protagonista dessa bela estreia em longas do cineasta Neville D´Almeida. Mas em registro um tanto diferente, aqui ele parece um daqueles bon vivant com um pé na marginalidade da Nouvelle Vague, só que filtrado pelas lentes do Cinema Marginal. Na trama, ele é Edson, um jovem que perambula pelo asfalto, rouba uma mulher acidentada para presentear a namorada, conhece uma aspirante a cineasta, sacoleja nas festinhas de ap, e se envolve com uma barra pesada em busca de uma grana fácil. Mas se é mole mole tirar o bracelete da acidentada que se esvai em sangue, ele vai descobrir que ao cair nas mãos de uma organização misteriosa o buraco é mais embaixo e que sua vida pode estar mesmo por um fio. Instala-se aí um universo Kafkaniano, com interrogatórios e torturas por homens de gabinete e togloditas destemidos. E há também duas inquisidoras - Glauce Rocha com um discurso de alerta/ameaça; e Dina Sfat, que fala, chuta cadeira, tudo ao som de Besame Mucho que aciona na vitrola. Aliás, o elenco é sensacional, com ainda Maria do Rosário Nascimento e Silva - linda linda, Vera Brahim, Paulo Villaça, Guará Rodrigues, Hugo Carvana, Emanuel Cavalcanti. Um Neville de alta cepa.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

terça-feira, 2 de março de 2010

segunda-feira, 1 de março de 2010

zingu! no ar





A Zingu! de janeiro/fevereiro está no ar.

Nesse número, dossiê completo de José Lopes, o Índio, pela lavra generosa do grande Matheus Trunk, com ótima entrevista com esse nome singular do nosso cinema.

Tem especial sobre Anselmo Duarte, com textos de vários redatores e colaboradores da Zingu - como a amiga querida, Andrea Ormond, do blog Estranho Encontro.

Tem também a estreia da coluna Reflexos em Película, de Filipe Chamy, além das outra tradicionais.

De minha parte, mais uma deusa no Inventário Grandes Musas da Boca, dessa vez jogando luzes sobre a talentosa e bela Nadyr Fernandes, de filmes como A Virgem, de Dionísio Azevedo, e Vítimas do Prazer - Snuff, de Claúdio Cunha - que faz belo depoimento sobre ela.

Fiz artigo também sobre a carreira de Anselmo Duarte como ator para o especial sobre esse grande nome do cinema brasileiro, ator em tantos filmes memoráveis e diretor de outros petardos como Absolutamente Certo, O Pagador de Promessas, Vereda da Salvação e O Descarte.

E mais os melhores filmes de 2009.

Está tudo aqui:

domingo, 28 de fevereiro de 2010

longas brasileiros em 2010 (52)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

052 - Histórias que Nossas Babás Não Contavam (1979), de Oswaldo de Oliveira ***1/2

No melhor estilo das chanchadas, em que Cecil B. DeMille vira Cecílio B. de Milho, e Matar ou Morrer vira Matar ou Correr, esse Histórias que Nossas Babás Não Contavam também avacalha a fábula infantil de origem. Daí, Branca de Neves vira Clara da Neves, e, melhor, na pele mulatíssima da estonteante Adele Fátima. Como se sabe, o conto de fadas dos Irmãos Grimm é sobre a jovem princesa que depois da morte do rei é perseguida pela rainha má, que não suporta que seu espelho lhe diga a cada dia que a menina é a mais bela do reino. Claro que aqui, a rainha, vivida com brilho e lascívia por Meyre Vieira, não quer saber se é só a mais bonita, mas também a mais gostosa. E o espelho, o ator e famoso dublador Renato Pedrosa - que tinha acabado de ser o inesquecível mordomo Everaldo na novela Dancin´ Days, de Gilberto Braga - entoa toda a sua fleuma para dizer dia após dia: é Clara das Neves, Madame! Clara das Neves é deserdada e expulsa do reino, mas cruza o caminho com personagens deliciosos: Costinha como um caçador de veados; o príncipe que adora bafejar na mão antes de dizer qualquer coisa; e os sete anõezinhos safados, com direito a um Dunga convidando à pedofilia, e um Raivoso bichinha bichinha e histérico. Elenco dos deuses - Adele e Meyre estão lindas; Costinha engraçadissímo; Denis Derkian no tom exato para o príncipe; Renato Pedrosa impagável; e os anões dando show - nessa produção de Aníbal Massaini Neto - que também assina o roteiro e tem colaboração de Ody Fraga - e direção do veterano Oswaldo Oliveira. Destaque também para trilha sonora deliciosamente sacana.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

longas brasileiros em 2010 (51)


Filmes brasileiros assistidos ou revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

051 - Mundo: Mercado do Sexo (1978), de José Mojica Marins ****

O talento e o estilo de José Mojica Marins são únicos, e quando assistimos seus filmes há um clima de perturbação que permeia não só suas tramas como também a ambiência de quem os assiste. E ele filma como ninguém, como já se vê numa das primeiras cenas desse Mundo: Mercado do Sexo, em que um caminhão pipa está lavando a rua. Há um estranhamento ali, com o personagem de Mojica se desvencilhando da água, mas que nos faz pensar que por um triz ele também não seria extirpado por aquele jato aparentemente inocente, mas ameaçador E, mais que isso, por mais estranho que possa parecer, esse prólogo já instala um certo tipo de medo, não o do terror habitual dos filmes dele, mas um medo mais subterrãneo, como a adivinhar que nada será igual, como fará supor o personagem. No filme, Mojica é Mauro, um jornalista que precisa desenvacar uma grande matéria para ser a capa do dia seguinte e que garantirá à sua família a festa natalina. É véspera de natal, e ele sai de casa deixando o filho dormindo e a mulher fazendo figa para que tudo dê certo. Só que por mais que ande e cruze com inumeros personagens, ele só constata que tudo está igual, sem saber que cada um daqueles que cruzaram seu caminho protagonizará histórias que nada têm de normais. E, mais que isso, ele mesmo não protagonizará uma história normal. Outra cena marcante do filme e do talento do cineasta, que tem roteiro do parceiro genial Rubens E. Lucchetti, é quando ele, com as duas mãos na cabeça, grita exasperadamente que "tudo é igual". Grita e grita e grita. E a exasperação não toma conta apenas dele, mas também de nós, do lado de cá da poltrona. E se algum incauto ainda não tinha se convencido, essa sequência por si só nos mostra que estamos de frente para um cineasta realmente talentoso e singular. Dos mais originais do cinema brasileiro.

Cotações:
+ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo