Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
273 - Positivas (2009), de Susanna Lira ****
Existem alguns títulos que são muito felizes, pois conseguem sintetizar toda a idéia que há por trás de um filme. Como é o caso desse Positivas, de Susanna Lira, que focaliza um grupo de sete mulheres soropositivas que vivem em locais diferentes no país. E não é so pela menção direta à Aids, mas também porque todas elas são completamente positivas frente à doença e à vida, militando para dizimar o preconceito que envolve os portadores do HIV e os doentes. Elas vivem em Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre, fazem parte do movimento Cidadãs Posithivas, e foram contaminadas pelos seus maridos, namorados e companheiros. Convivendo com o vírus há 8, 12, 15 anos, mostram que ainda que seja fatal, diagnóstico de Aids não é sinônimo de morte e que é possível levar uma vida com a dignidade resgatada em meio a tanto preconceito. Elas têm família, uma namorado, outra busca forças na fé e outras se divertem, cantam e dançam. E todas fazem de suas experiências militância, engajadas em campanhas de conscientização e de apoio, pronunciando palestras, fazendo corpo a corpo na rua para panfletar, e organizando ações do movimento. O documentário dá voz para que contem suas histórias, trazendo também para a cena familiares, amigos e companheiros, além de focalizar suas ações de conscientização. Ainda que os coquetéis prolongaram a vida dos infectados, todas deixam claro que seu uso não é um mar de rosas, pois há efeitos colaterais, além da exigência de uma discplina rigorosa no tratamento. Daí, alertam para o uso do preservativo, já que, inclusive, com os estimulantes sexuais, as relações também se prolongaram, com idosos também contaminando e sendo contaminados. E chamam a atenção para o principal motivo das mulheres se tornarem soropositivas: o tabu da exigência da camisinha em um casamento - "amor não imuniza", reforçam. Há relatos trágicos, como a de uma que se contaminou com o marido depois de 31 de casados; a de outra que foi se casar só aos 40 anos para se separar três meses depois e se decobrir contaminada pelo marido; e a da mãe que foi afastada dos netos pela filha. Só que o que poderia render relatos melodramáticos - e com toda a razão - jamais se resvala por essa chave, pois são guerreiras e, ainda que com dor e sofrimento, resolveram fazer do limão uma limonada. E, mais que isso, fazer de suas vidas uma postura política. Positivas é documentário que realmente tem o que dizer, e a direção de Susanna Lira é sempre respeitosa, sem jamais ser subserviente. Vencedor do Troféu Redentor de Melhor Documentário pelo Júri Popular no Festival do Rio, o filme vem ganhando o país e o mundo, com exibições em vários estados e em festivais na França, Colômbia, Argentina e Uruguai.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
273 - Positivas (2009), de Susanna Lira ****
Existem alguns títulos que são muito felizes, pois conseguem sintetizar toda a idéia que há por trás de um filme. Como é o caso desse Positivas, de Susanna Lira, que focaliza um grupo de sete mulheres soropositivas que vivem em locais diferentes no país. E não é so pela menção direta à Aids, mas também porque todas elas são completamente positivas frente à doença e à vida, militando para dizimar o preconceito que envolve os portadores do HIV e os doentes. Elas vivem em Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre, fazem parte do movimento Cidadãs Posithivas, e foram contaminadas pelos seus maridos, namorados e companheiros. Convivendo com o vírus há 8, 12, 15 anos, mostram que ainda que seja fatal, diagnóstico de Aids não é sinônimo de morte e que é possível levar uma vida com a dignidade resgatada em meio a tanto preconceito. Elas têm família, uma namorado, outra busca forças na fé e outras se divertem, cantam e dançam. E todas fazem de suas experiências militância, engajadas em campanhas de conscientização e de apoio, pronunciando palestras, fazendo corpo a corpo na rua para panfletar, e organizando ações do movimento. O documentário dá voz para que contem suas histórias, trazendo também para a cena familiares, amigos e companheiros, além de focalizar suas ações de conscientização. Ainda que os coquetéis prolongaram a vida dos infectados, todas deixam claro que seu uso não é um mar de rosas, pois há efeitos colaterais, além da exigência de uma discplina rigorosa no tratamento. Daí, alertam para o uso do preservativo, já que, inclusive, com os estimulantes sexuais, as relações também se prolongaram, com idosos também contaminando e sendo contaminados. E chamam a atenção para o principal motivo das mulheres se tornarem soropositivas: o tabu da exigência da camisinha em um casamento - "amor não imuniza", reforçam. Há relatos trágicos, como a de uma que se contaminou com o marido depois de 31 de casados; a de outra que foi se casar só aos 40 anos para se separar três meses depois e se decobrir contaminada pelo marido; e a da mãe que foi afastada dos netos pela filha. Só que o que poderia render relatos melodramáticos - e com toda a razão - jamais se resvala por essa chave, pois são guerreiras e, ainda que com dor e sofrimento, resolveram fazer do limão uma limonada. E, mais que isso, fazer de suas vidas uma postura política. Positivas é documentário que realmente tem o que dizer, e a direção de Susanna Lira é sempre respeitosa, sem jamais ser subserviente. Vencedor do Troféu Redentor de Melhor Documentário pelo Júri Popular no Festival do Rio, o filme vem ganhando o país e o mundo, com exibições em vários estados e em festivais na França, Colômbia, Argentina e Uruguai.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
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