quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

longas brasileiros em 2010 (271)


Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2010 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)

271 - O Poderoso Garanhão (1973), de Antonio B. Thomé *1/2

O Poderoso Garanhão não é o único filme de ficção com Waldick Soriano como ator - o anterior é Paixão de um Homem (1972), dirigido por Egídio Eccio; e nos últimos anos de vida, o cantor e compositor foi tema do documentário Waldick, Sempre no Meu Coração, que marcou a estreia da atriz Patricia Pillar como cineasta. Nascido no sertão da Bahia, Waldick debutou em discos em 1960, mas foi na década de 70 que atingiu o auge como um dos mais amados e controvertidos ídolos da música popular - seu maior sucesso é a canção Eu Não Sou Cachorro Não, lançada em 1972, que não só causou sensação nas rádios como também caiu na boca do povo e se tornou seu cartão de visitas. Além da música, Soriano tinha paixão também pelo cinema, e foi na figura do mítico Durango Kid que buscou inspiração para seu visual impactante de roupa preta e os indefectíveis óculos escuros. Nada mais apropriado para com essa pinta protagonizar filmes no gênero faroeste, como nesse O Poderoso Garanhão. Aqui ele é o hedeiro de uma fazenda, que volta para casa depois de 10 anos, após seu pai ser assassinado. O que ele não sabe é que o fazendeiro vizinho está de olho nas suas terras, e com sua inesperada chegada aposta todas as fichas na filha, que fora namoradinha dele na infância, para conseguir seu intento. Mas o confronto se dará mesmo é entre ele e o perigoso capataz do futuro cunhado, verdadeiro assassino de seu pai. Como no filme de Eccio, aqui também Soriano faz par romântico com Maria Vianna, que deixou de ser a lembrança infantil para personificar um bela mulher que adora tomar banho de cachoeira nua. Como a presença de mulheres despidas era fundamental no cinema da Boca, além dela há também a famosa zona da cidade, onde mais algumas outras mostram os peitinhos na cama ou mesmo na soleira da janela - mas tudo de forma muito pudica e bem distante dos decibéis de erotismo que as produções futuras iriam incorporar. O tipo machão de Soriano cai bem para o papel, ainda que seu personagem pedisse um ator mais jovem e ele já estava quarentão. O elenco coadjuvante conta com Adélia Coelho - a prostituta que sonha com o amor do herói - e com Heitor Gaiotti, parceiro habitual de Tony Vieira, e que nada de braçada no gênero. O Poderoso Garanhão - outro título apelativo e cheio de segundas intenções não confirmadas - faz referência ao faroeste americano e ao spaghetti italiano, com direito à gigantesca pedra ficanda em ampla planície e aos acordes de Ennio Morricone. Mas nem o argumento e roteiro de Luis Castellini e nem a direção de Antonio B. Thomé - e tampouco a atuação de Waldick - conseguem empolgar. Fica como curioso registro no cinema - além dos outros filmes citados - de um ídolo realmente popular.

Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo

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