Filmes brasileiros assistidos e revistos em 2011 no cinema, no DVD e na televisão.
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
008 - Finis Hominis (1970/71), de José Mojica Marins ***
Um homem sai nu do mar e cruza uma cidade livremente, ainda que assuste quem encontra no caminho. Nessa trajetória faz uma velha entrevada (será mesmo?) na cadeira de todas andar, salva uma criança e sua mãe de um estupro, faz um bêbado achar que sua visão é mais um efeito do mé, e casais apaixonados sairem correndo em disparada. Até que se veste como um tuareg de vermelho dos pés à cabeça, sai novamente pelas ruas, onde salva um cataléptico - Lázaro - de ser enterrado vivo e uma esposa adúltera - Madalena - de ser morta. Além disso, é idolatrado por um bando de hippies - vendilhões do templo -, que abandona rapidinho o slogan de paz & amor para se engalfinhar por dinheiro. Todas essas façanhas o torna um espécie de Messias, com direito a seguidores e sermões na TV. Só que as coisas podem não ser o que parecem. Esse personagem chamado de Finis Hominis é o próprio José Mojica Marins, aqui em sentido oposto ao seu Zé do Caixão, já que semeia a paz e a bem-aventurança como armas para revelar a hiprocrisia social. Só que há em tudo isso uma fina ironia no talentoso roteiro do habitual parceiro Rubens F. Lucchetti, já que o Finis Hominis de Marins se assemelha ao próprio Cristo, que em sua peregrinação pelo asfalto encontra os personagens bíblicos de Roque Rodrigues - Lázaro, e Tereza Sodré - Madalena, os comerciantes do templo - hippies -, além de proferir o famoso Sermão da Montanha, aqui assistido pela TV. Por essa chave, tanto o Messias como esses outros personagenss não poderiam ser nada mais nada menos que pessoas comuns dotados de algum distúrbio psiquico - Finis; médico - Lázaro; sexual - Madalena? E a Sagrada Escritura não poderia ser nada mais nada menos que poderoso meio de comunicação como são hoje os veículos de imprensa e entretenimento, sobretudo a televisão? Ousada visão dos mitos bíblicos - que como em Cristo, revela a hipocrisia de seu tempo e súditos -, Finis Hominis se vale de fotografia quente de Giorgio Attíli e Edward Frend para ambientar sequências despudoradas, dentre algumas a melhor delas: a ninfomaníaca Andreia Bryan sendo sodomizada - a única forma que consegue chorar - à beira do caixão de Lázaro, a fim de que possa enganar a platéia do velório com seu falso pranto. No elenco, participação especial do cineasta Carlos Reichenbach como um médico que cuida tanto do coração quanto da disfunção erétil de Lázaro.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
(em 2009 - 315 filmes)
(em 2010 - 289 filmes)
008 - Finis Hominis (1970/71), de José Mojica Marins ***
Um homem sai nu do mar e cruza uma cidade livremente, ainda que assuste quem encontra no caminho. Nessa trajetória faz uma velha entrevada (será mesmo?) na cadeira de todas andar, salva uma criança e sua mãe de um estupro, faz um bêbado achar que sua visão é mais um efeito do mé, e casais apaixonados sairem correndo em disparada. Até que se veste como um tuareg de vermelho dos pés à cabeça, sai novamente pelas ruas, onde salva um cataléptico - Lázaro - de ser enterrado vivo e uma esposa adúltera - Madalena - de ser morta. Além disso, é idolatrado por um bando de hippies - vendilhões do templo -, que abandona rapidinho o slogan de paz & amor para se engalfinhar por dinheiro. Todas essas façanhas o torna um espécie de Messias, com direito a seguidores e sermões na TV. Só que as coisas podem não ser o que parecem. Esse personagem chamado de Finis Hominis é o próprio José Mojica Marins, aqui em sentido oposto ao seu Zé do Caixão, já que semeia a paz e a bem-aventurança como armas para revelar a hiprocrisia social. Só que há em tudo isso uma fina ironia no talentoso roteiro do habitual parceiro Rubens F. Lucchetti, já que o Finis Hominis de Marins se assemelha ao próprio Cristo, que em sua peregrinação pelo asfalto encontra os personagens bíblicos de Roque Rodrigues - Lázaro, e Tereza Sodré - Madalena, os comerciantes do templo - hippies -, além de proferir o famoso Sermão da Montanha, aqui assistido pela TV. Por essa chave, tanto o Messias como esses outros personagenss não poderiam ser nada mais nada menos que pessoas comuns dotados de algum distúrbio psiquico - Finis; médico - Lázaro; sexual - Madalena? E a Sagrada Escritura não poderia ser nada mais nada menos que poderoso meio de comunicação como são hoje os veículos de imprensa e entretenimento, sobretudo a televisão? Ousada visão dos mitos bíblicos - que como em Cristo, revela a hipocrisia de seu tempo e súditos -, Finis Hominis se vale de fotografia quente de Giorgio Attíli e Edward Frend para ambientar sequências despudoradas, dentre algumas a melhor delas: a ninfomaníaca Andreia Bryan sendo sodomizada - a única forma que consegue chorar - à beira do caixão de Lázaro, a fim de que possa enganar a platéia do velório com seu falso pranto. No elenco, participação especial do cineasta Carlos Reichenbach como um médico que cuida tanto do coração quanto da disfunção erétil de Lázaro.
Cotações:
+ ruim
* fraco
** regular
*** bom
**** muito bom
***** ótimo
Pek,
ResponderExcluirNão me recordo quase nada deste filme, que vi faz muitos anos. Lendo seu post, tive vontade de revê-lo. Acho que o farei nesta próxima semana, depois que voltar de São Paulo.
Bom ter seus posts de volta!
Bjs
Foi a primeira vez que vi, Noel.
ResponderExcluirMuito obrigado pela força.
Bjs